POPULAÇÕES DE AEDES AEGYPTI INFETADAS COM VIRUS DO DENGUE
Por: Hugo.bassi • 14/4/2018 • 1.588 Palavras (7 Páginas) • 379 Visualizações
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Utilização da Bactéria Wolbachia
Uma das técnicas utilizadas no controlo das populações do mosquito Aedes aegypti e portanto, da transmissão de doenças, é recorrendo à introdução na bactéria Wolbachia nas populações no mesmo, neutralizando a transmissão do vírus, tanto para os hospedeiros como para as gerações seguintes.
Ela interfere na reprodução dos insetos, para se beneficiar.
O uso da bactéria Wolbachia é uma alternativa natural, segura e autossustentável para o controlo de doenças virais. Um grupo de cientistas do projeto: Eliminar a Dengue Desafio Brasil, verificou que, se um macho com Wolbachia se cruzar com uma fémea sem essa bactéria, os ovos que ela produzir não vão originar descendentes. Caso contrário, se um macho sem Wolbachia se cruzar com uma fémea com Wolbachia, ela produz um número normal de ovos, todos com a mesma bactéria que a fémea. Quando dois insetos com Wolbachia se cruzam, ocorre exatamente o mesmo, assim o número de indivíduos portadores da Wolbachia aumenta rapidamente até que quase todos os insetos dessa população tenham a bactéria. [pic 4][pic 5]
O objetivo era verificar a possibilidade de utilizar a Wolbachia para bloquear a transmissão de Dengue. O primeiro passo foi introduzir a bactéria na mosca da fruta que a passaria para as futuras gerações. De seguida retiram a bactéria do interior das células da mosca da fruta e injetam-na nos ovos de Aedes aegypti. Mais tarde infetaram os mosquitos Aedes aegupti com Wolbachia com o vírus da dengue. Verificaram que o vírus não se desenvolveu bem no mosquito, não podendo ser transmitido para as pessoas.
Como é uma bactéria intracelular, a Wolbachia tem várias limitações na sua habilidade de disseminação, já que pode ser transmitida apenas verticalmente (da mãe para os descendentes), no processo de reprodução.
Outra informação importante é que, por ser uma bactéria intracelular, a Wolbachia não pode sobreviver fora de uma célula viva do inseto. Isso significa que quando o mosquito morre, ela morre também.
Como a Wolbachia é introduzida nas células do Aedes:
A Wolbachia foi inicialmente transferida da mosca-da-fruta para os ovos do Aedes aegypti por meio de um procedimento de microinjeção, realizado com uma agulha extremamente fina. Foram necessários anos e milhares de tentativas em laboratório para alcançar este resultado.
Assim, usando o melhor conhecimento disponível, que já temos na agricultura e na saúde pública, integrando diferentes ferramentas e estratégias de controlo, e mobilizando a cidadania, devidamente orientada e instrumentalizada, teremos mais sucesso no controle dessa terrível praga.
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Utilização de Organismos Geneticamente Modificados e de Organismos Transgénicos
Organismos Geneticamente Modificados
Tradicionalmente utilizam-se métodos como a técnica do inseto estéril (SIT), isto é, a esterilização dos mosquitos machos através de radiação. Estes, aquando estéreis, ao fecundarem uma fêmea infetada com o vírus do Dengue, originarão descendência inviável, diminuindo a sua população. No entanto, os indivíduos Aedes aegypti demonstram-se sensíveis à radiação, ficando mais frágeis e não sendo escolhidos por fêmeas para acasalar, não sendo um processo bem-sucedido.
Organismos Transgénicos
Uma empresa britânica, Oxitec, desenvolveu um método para o controlo do mosquito Aedes aegypti, recorrendo à área da genética, tendo como objetivo suprimir a sua população, diminuindo assim consequentemente a transmissão de vírus e doenças como o Dengue.
O método elaborado consiste na criação de organismos transgénicos, isto é, de mosquitos Aedes aegypti geneticamente modificados com dois genes provenientes de outras espécies. Para tal ser possível, é necessária a integração dos genes pretendidos no próprio DNA do mosquito em questão, sendo estes o gene tTA e um marcador genético fluorescente, destinado à identificação dos mosquitos transgénicos. O gene tTA, responsável pela produção de uma proteína (tTA) é inserido no genoma do mosquito. Esta proteína irá aumentar a capacidade do seu gene produtor a produzir mais (mecanismo de feedback positivo). A grande quantidade desta mesma proteína desregulará a expressão de outros genes, causando o mau funcionamento do organismo e consequentemente a sua morte. No entanto, existe um antibiótico, designado tetraciclina, capaz de inativar o gene produtor de tTA. Este detalhe é relevante, uma vez que é graças a este que os machos transgénicos sobrevivem e se desenvolvem, em laboratório, até serem soltos para fecundarem fêmeas infetadas com o vírus do Dengue.
Aquando o mosquito transgénico macho fecunda uma fêmea infetada com o vírus do Dengue, a sua descendência herdará o gene tTA do pai e possuirá o mesmo ativo, uma vez que o antibiótico tetraciclina não existe na natureza. Deste modo, toda a sua descendência não se desenvolverá.
A fêmea Aedes aegypti infetada, geralmente apenas se reproduz uma vez e com machos na mesma espécie, logo, se esta for fecundada por um macho transgénico, a única descendência que esta poderia originar será inviável, acabando por morrer, diminuindo a população de mosquitos vetores existentes e não afetará outras espécies.
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Referências
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Sua Pesquisa.com. Aedes Aegypti - Mosquito da Dengue http://www.suapesquisa.com/mundoanimal/mosquito_da_dengue.htm (29/05/2016)
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Embrapa. Nova geração de bioinseticida contra Aedes aegypti está em fase final de produção.https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9863743/nova-geracao-de-bioinseticida-contra-aedes-aegypti-esta-em-fase-final-de-producao (29/05/2016)
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Embrapa. Artigo - O aprendizado da agricultura no combate ao Aedes aegypti https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/10724909/artigo---o-aprendizado-da-agricultura-no-combate-ao-aedes-aegypti (29/05/2016)
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