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Por:   •  17/11/2018  •  5.434 Palavras (22 Páginas)  •  248 Visualizações

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Embora não exista ainda uma padronização na conceituação do fenômeno da mutirresistência, é consenso que multirresistente é aquele microrganismo que é pelo menos resistente a um antibiótico em três ou mais classes distintas (MAGIORAKOS et al., 2011). Do ponto de vista epidemiológico, A. baumannii multirresistente (MDR) está presente em todos os continentes tendo sido inicialmente isolado em Taiwan no ano de 1998 e desde então apresenta surtos cada vez mais crescentes nesta região, como também em outros países da Ásia, Europa, Oriente Médio e Américas,(LIN; LAN, 2014). No Brasil vários casos tem sido reportados. Estudando isolados de A. baumannii em hospitais da cidade do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2006 a setembro de 2007, Carvalho et al.(2009) encontraram que de 110 isolados de A. baumanni resistentes ao imipenem, todos eram A. baumannii MDR e 96 (87.3%) produziam a carbapenemase OXA-23. Também foram descritos, por outros autores, clones produtores de OXA-51, OXA-72, OXA-143, em São Paulo, Porto Alegre, Recife (PAGANO et al., 2016; VASCONCELLOS et al., 2017).

Dentre as espécies de Acinetobacter, A. baumannii MDR apresenta grande resistência aos antimicrobianos, sendo considerada a espécie mais difícil de tratar e erradicar devido a resistência intrínseca, não só às drogas antimicrobianas clássicas como também à maioria dos antibióticos utilizados na prática médica. (DOI et al., 2016; WONG et al., 2017).

Tratamentos com antibióticos para infecções por A. baumannii MDR são baseados em estudos in vitro através do teste de sensibilidade a antimicrobianos (TSA) e pelo exposto anteriormente existem poucas opções. Estas incluem carbapenêmicos como imipenem (IMI) e meropenem (MER), tetraciclinas como tigeciclina (TIG) e minociclina (MIN), polimixinas como polimixina B (POL) e colistina (COL), aminoglicosídeos como amicacina (AMI) e tobramicina (TOB), inibidores de betalactamases como sulbactam (SUL) e fluoroquinolônicos como ciprofloxacina (CIP) e levofoxacina (LEV) (WONG et al., 2017). Como consequência, dada a facilidade em adquirir resistência e a necessidade de iniciar o tratamento o mais rápido possível nos pacientes graves, a utilização de combinações entre fármacos que possuem mecanismos de ação diferentes tem sido proposta como alternativa à monoterapia (DURANTE-MANGONI; UTILI; ZARRILLI, 2014)

Desta forma, várias combinações tem sido testadas e propostas através de ensaios in vitro e in vivo. Porém, seus resultados tem de ser avaliados levando-se em consideração o método utilizado, uma vez que as condições experimentais podem interferir na sinergia ou antagonismo (DURANTE-MANGONI; UTILI; ZARRILLI, 2014).

A associação entre IMI e SUL com rifampicina (RIF) tem sido demonstrada ser sinérgica em estudos cinéticos in vitro (TRIPODI et al., 2007) e in vivo em modelo experimental de pneumonia em camundongos e de meningite em ratos (PACHÓN-IBÁÑEZ et al., 2010). Apesar de RIF ser eficaz isoladamente, o desenvolvimento de resistência a este antibiótico em 24h, indica que seu uso mais apropriado deve ser feito em combinações com outros antibióticos (PACHÓN-IBÁÑEZ et al., 2006). Em estudo in vitro utilizando cepas oriundas de infecção respiratória Le Minh et al.(2015) encontraram efeito sinérgico de IMI, doripenem (DOR) e MER com COL, ainda neste trabalho, reportaram que a melhor atividade sinérgica ocorreu entre MER e COL. Por sua vez, em estudo in vitro pelo método do tabuleiro de xadrez (chequerboard microdilution assay) colistina apresentou sinergismo com IMI, RIF, LEV, SUL e fosfomicina (FOS) tendo sido a combinação COL+IMP e COL+RIF superiores (WEI et al., 2016). Muitas outras combinações tem demonstrado sinergismo entre aminoglicosídeos e carbapenêmicos (YADAV et al., 2015), MIN e COL (BREMMER et al., 2016), TIG e IMI (PRINCIPE et al., 2009), TIG e COL (BAE et al., 2016) que também são promissoras.

Entretanto, a maioria dos estudos são baseados apenas em ensaios in vitro e dadas as características de A. baumannii no tocante a facilidade em desenvolver e disseminar resistência, a opção de tratamento em esquema com mais de um antibiótico deve ser reservada para os casos mais severos onde há baixa resposta com monoterapia (WONG et al., 2017). Mesmo assim, há fortes evidências de que o tratamento em combinação é mais eficaz do que o uso de apenas um antimicrobiano nos casos de A. baumannii MDR e faz-se necessário mais estudos com combinações que possam melhor esclarecer se há verdadeiramente uma taxa de recuperação maior com o uso dessa terapia com fármacos (POULIKAKOS; TANSARLI; FALAGAS, 2014). Desta forma, surge o espaço para a utilização de outras abordagens para o tratamento de A. baumannii MDR (LEE, C.-R. et al., 2017).

A utilização de óleos essenciais de plantas no combate à bactérias resistentes tem chamado atenção, uma vez que os fitoquímicos presentes nestes óleos representam o resultado de um processo evolutivo de bilhões de anos de interação entre as plantas e bactérias, fungos, parasitas, vírus e fatores climáticos. Estes óleos portanto, fazem parte dos mecanismos de defesa dos vegetais (PANDEY et al., 2017; PIĄTKOWSKA; RUSIECKA-ZIÓŁKOWSKA, 2016). Muitos são os estudos que envolvem a participação de óleos essenciais e seus constituintes em combinação com antibióticos e que demonstram redução da concentração inibitória mínima em bactérias Gram (+), Gram (-) e micobactérias, mesmo em cepas resistentes (LANGEVELD; VELDHUIZEN; BURT, 2014).

O gênero Eucalyptus é composto por 900 espécies e subspecies. É uma árvore oriunda da Austrália e cultivada em muitos países, inclusive no Brasil. Destas, aproximadamente trezentas produzem óleo essencial rico em monoterpenos e sesquiterpenos, sendo bastante utilizado na indústria cosmética e farmacêutica (CLAUDIO et al., 2016). A composição química desses óleos variam de acordo com a espécie e a região onde a planta é cultivada e possuem atividade biológica, principalmente antimicrobiana e antioxidante (CLAUDIO et al., 2016).

Dentre as espécies, o Eucalyptus camaldulensis (E. camadulensis) produz um óleo rico em 1,8 cineol e possui atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa (SALEM et al., 2014), Yersinia enterocolítica (AYEPOLA; ADENIYI, 2008), klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii (JAZANI et al., 2012). A combinação de antibióticos e óleo essencial de E. camaldulensis contra A. baumannnii MDR foi estudada por Knezevik et al (2016) pelos métodos in vitro do tabuleiro de xadrez e cinética bactericida, tendo demonstrado sinergismo com gentamicina, ciprofloxacino e polimixina B.

Por outro lado, o gálio (Ga3+), elemento químico utilizado

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