Especialização em exportação de recursos naturais

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Desde os anos 1990 a atenção está em torno de duas questões interconectadas que são as receitas vindas da exploração dos recursos naturais e o desempenho econômico dos países que possuem essa riqueza natural. Idealisticamente falando, os retornos financeiros advindos dessa exploração deveriam ser capazes de alavancar o crescimento e ainda levar os países ao desenvolvimento econômico, porém o que se nota é que as receitas adquiridas não se traduziram nas transformações almejadas, e o motivo pode ser tanto econômico, como já visto, mas também político, social e ambiental.

Uma questão relevante para o debate acerca da “maldição” dos recursos naturais é a da educação. Nesse sentido, Gylfason (2001) ressaltou que os países com abundância em recursos naturais são negligentes com a educação, sendo este comportamento fruto da concepção de que são as riquezas provenientes dos recursos naturais, e não o capital humano, a principal alavanca para o seu progresso econômico. Além disso, é visível mais problemas institucionais nesses países, como a patronagem e o comportamento rentista dos agentes econômicos, ou seja, a apropriação das rendas para seu enriquecimento pessoal (corrupção), que deixa claro o descompasso entre eficiência política e econômica.

Para finalizar, é necessário verificar que esse tema tem que ser tratado a partir de diversas análises e não há consenso acerca da existência da “maldição” na medida em que não há como afirmar uma universalização dessa teoria, já que houveram países que obtiveram sucesso na trajetória de desenvolvimento liderado por recursos naturais, e para isso combinaram mudanças estruturais e fatores institucionais para contarem com inovações e investimento tecnológico, propiciando fortes efeitos de encadeamento sobre o restante da economia e gerando elevação da produtividade do setor específico e também dos demais setores. O que é possível tirar como conclusão é que o papel das instituições, do Estado e das medidas macroeconômicas adotadas pelo governo são de fundamental importância para que o processo de mudança estrutural rumo à diversificação produtiva tenha sucesso, e do contrário, os países continuarão a ter sua base comercial e de produção para exportação de recursos naturais e baixa diversificação produtiva e exportadora.