O Candomblé

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Para uma melhor execução há uma espécie de hierarquia no Candomblé, com Sacerdotes, intrumentistas e diversas funções associadas à organização social. Possui cerimoniais para seus adeptos com ritos que mostram sua singularidade. Têm-se a leitura de búzios, a preparação e entrega de alimentos para cada uma das entidades ou as complexas e prolongadas iniciações dos filhos-de-santo. Com esas ceremonias, o Candomblé liga os seres humanos à seus seres astrais.

Portanto, o Candomblé que antes era uma religião localizada na Bahia e Pernambuco, caracterizada por ser uma religião dos negros descendentes de escravos, difundiu-se durante os anos, por vários locais, se tornando religião também daqueles de origem não-africana.

2 DOUTRINA

Os Orixás possuem personalidades, habilidades e preferências ritualísticas e são relacionados a um fenômeno natural. Toda pessoa é escolhida, no ato de seu nascimento, por um ou vários orixás para ser incorporado o qual o Babalorixá (pai de santo) identificará. Nem todos os orixás podem ser incorporados, alguns somente são cultuados em árvores pela coletividade dos adeptos, aqueles envolvidos na criação do universo também não são matéria de incorporação.

Os rituais do Candomblé são realizados em templos que podem ser chamados de casas, roças ou terreiros e muitas vezes envolvem a oferenda de animais, vegetais e minerais, cantos, danças e roupas especiais. Estes terrenos seguem uma determinada linhagem que admite a posse de liderança sendo elas patriarcal, matriarcal e mista. A primeira admite somente homens nos papéis de líderes, a segunda apenas as mulheres podem exercer tal função e a terceira não assume restrições quanto ao gênero sexual.

A celebração do ritual é feita pelo pai de santo ou mãe de santo, que inicia o despacho para o Exu, pois ele deve ser servido antes que qualquer oferenda aos orixás. Estas cerimônias são marcadas pelos cantos e som dos atabaques (tambores), cujo ritmo varia segundo o orixá homenageado. O ritual tem no mínimo duas horas de duração.

Existem também as consultas feitas aos orixás, estas decorrem através de jogos de adivinhação como o Búzios. É neste processo que o babalorixá recebe toda a instrução do seu Orixá de como deve comandar os trabalhos.

Esta religião não impõe dogmas, entende-se que quando presente aqui na terra deve-se viver suas emoções, provações e tentações, enfrentar suas fraquezas, dificuldades e caminhar.

Acreditam na vida após a morte e também que os espíritos dos babalorixás falecidos possam materializar-se em roupas específicas. Os espíritos que voltam à terra são chamados de Babá Egum ou Egungun (alma do falecido) e são cultuados em roças dirigidas somente por homens no culto aos Egungun. Os espíritos das iyalorixá (mãe de santo) falecidas são cultuados coletivamente nas sociedades secretas Gelede, compostas exclusivamente por mulheres. Ambos os cultos são feitos em casas independentes das de candomblé que também se cultuam os eguns em casas separadas dos Orixás.

3 BASES MÍTICO-LITERÁRIAS

O candomblé se pauta pelo conhecimento oral. Suas regras de acesso ou ingresso envolvem a realização de rituais privados, no interior dos terreiros. Por isso o segredo desempenha um papel fundamental no candomblé. A oralidade tem sido a forma de transmissão de conhecimento. Não existe um livro sagrado para a religião, todas as informações são passadas de gerações em gerações através da oralidade.

4 ORGANIZAÇÃO

O Candomblé é uma religião de matriz africana derivada do animismo africano originada por correntes totêmicas ou familiares. A religião surgiu no Brasil por meio de seus Sacerdotes, que na época eram escravos prisioneiros, trazendo diversas culturas diferentes do povo africano. Por volta de 1548 a 1888, esses Sacerdotes e praticantes em geral de religiões de matrizes africanas de todo tipo se juntavam em território brasileiro, formando o que conhecemos hoje pelo Candomblé e as suas diversas variações culturais de acordo com o tempo. É evidente também a imensa importância da natureza nos cultos e rituais associados ao Candomblé.

4.1 Pessoas Sagradas e a relação pessoal com os Ministros ou Sacerdotes

No Candomblé assim como em outras religiões de matriz africana o sacerdócio é dividido entre algumas entidades, algumas mais importantes e intocáveis que as outras. Pessoas que tiveram grande significado pela religião são adorados e considerados sagrados, sendo praticamente impossível listar todos e abordar a importância individual de cada um, mas o que sabemos é que quanto mais antigo for a pessoa dentro de uma Casa ou Terreiro mais respeito terá, e consequentemente mais sabedoria sobre os ritos. Ao ingressar em uma Casa ou Terreiro deve-se sempre respeitar tudo que estiver presente no ambiente, se limitando à agir de acordo com o que for convocado, pois existem lugares e ritos que apenas pessoas com certa dimensão espiritual podem participar ou adentrar. A relação das pessoas com o Sacerdócio nesta religião é de extremo respeito e temor.

Deve-se apenas observar e acatar o que dizem os Sacerdotes, evitando tocar ou realizar algum ato que não lhe seja convocado a fazer. Cada Sacerdote possui um nome individual do qual é chamado de acordo com seus Orixás, forças da natureza. O Sacerdócio é dividido nos seguintes níveis:

Axogun - Um dos cargos mais importante do Candomblé. Porém, como não é rodante, não pode iniciar ninguém sem a participação de um babalorixá ou iyalorixá.

Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifa do Culto de Ifá

Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa

Babalorixá ou Iyalorixá - Sacerdotes de Orixás

Doté ou Doné - Sacerdotes de Voduns

Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices

Ojé - Sacerdote do Culto aos Egungun

Babalosaim - Sacerdote de Ossaim

5. O CANDOMBLÉ NA SOCIEDADE BRASILEIRA

O Candomblé tem importante papel na sociedade brasileira, uma vez que garante certa transmissão de valores culturais e religiosos surgidos no continente africano que foram moldados em solo brasileiro. Porém vem sendo ao longo dos anos, assim como outros elementos culturais oriundos da matriz africana,