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A Lloyd's como agente fundamental no desenvolvimento do mercado de seguro e resseguro no Brasil

Por:   •  16/9/2018  •  2.686 Palavras (11 Páginas)  •  326 Visualizações

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A quem diga que o Lloyd’s passou a ter um controle de tráfego marítimo melhor do que a própria Marinha britânica, e em 1794, o Lloyd’s relatou a captura de um navio britânico por um corsário francês antes mesmo da própria Marinha Real. Ai nascia uma relação de mútuo entre a Marinha britânica e o Lloyd’s, a primeira concedia proteção e a segunda, informações relevantes.

Em 1811 houve a criação da Agência do Lloyd’s, com o intuito de melhor gerenciar a complexidade de informações que circundavam o negócio de seguros. Foi a primeira vez que uma rede mundial atuaria com foco em um mercado específico, descobrindo a melhor maneira de gerar negócios, a forma mais justa e possível de concretizá-los, detectando problemas e propondo soluções.

Em 1824 houve a abertura do mercado e a extinção do monopólio que favorecia o Lloyd’s. Foi nesse período que o Sr. Nathan Rothschild fundou a concorrente do Lloyd’s, a Assurance Company Alliance (Atual RSA Insurance Group).

A segurança financeira passou a ser uma das maiores preocupações do Lloyd’s e a partir de 1860 a maioria dos novos subscritores inscritos eram obrigados a comprovar sua liquidez e realizar depósitos ou dar garantias para a eventualidade de um sinistro.

Mas foi em 1870 que nasceu a ideia do que seria uma grande revolução para o Lloyd’s. O Sr. Frederick Marten desenvolveu um novo conceito de sindicatos. Após a abertura do mercado, o Lloyd’s estava perdendo espaço para as empresas do mercado securitário e os sindicatos, em sua maioria, eram pequenos e compostos por poucos membros. O Sr. Marten contrariou a tendência da época e começou a fortalecer os sindicatos, aumentando a quantidade de membros. Com essa nova estrutura de sindicato, o Lloyd’s voltou a ser um dos principais locais de negociação de seguros marítimos no mundo.

Em 1871 o Parlamento britânico tornaria o Lloyd’s em uma empresa pública, tornando-se ilegal, para qualquer pessoa que não fosse membro do Lloyd’s, subscrever riscos.

A primeira notícia de resseguro que se tem registro no Lloyd’s foi pelo Sr. Cuthbert Heath, em 1880, que era um dos vários subscritores que trabalhava no Lloyd’s. O Sr. Cuthbert elaborou o primeiro contrato de resseguro que possibilitava a cobertura de riscos de uma empresa britânica em solo americano. Ao longo desta década o visionário Sr. Cuthbert iria forjar um novo caminho, altamente aventureiro para o Lloyd’s e estabelecer uma presença de destaque na América do Norte. O resseguro era basicamente o seguro que protegia uma seguradora contra grandes perdas, como catástrofes decorrentes de incêndios ou terremotos. O resseguro envolvia subscritores que compartilhavam suas carteiras de modo que o risco poderia ser pulverizado, garantindo de uma maneira mais concreta tanto as seguradoras como os segurados.

A reputação do Lloyd’s nas ex-colônias da Inglaterra cresceram paulatinamente, sobretudo após os incêndios em Boston e o terremoto em São Francisco em 1906.

Com os avanços na ciência, sobretudo no gerenciamento de dados e na matemática atuarial, em 1905, a precificação do premio de seguro começou a ser feita baseada no risco. Por exemplo, começou-se a coletar uma ampla gama de dados sobre furacões no Golfo do México, estudá-los no detalhe e identificar o nível exato de risco, obviamente dentro das limitações tecnológicas da época.

O Lloyd’s se preocupava em ter a maior quantidade de informações sobre os mais diversos riscos a fim de melhor calcular o valor dos prêmios e também expandir ainda mais sua atuação internacional. Na década de 1930, já havia um departamento internacional de contratos, subscrevendo riscos em diversos países.

Posteriormente, o Lloyd’s foi transferido para a Leadenhall Street número 12, em 1928 e lá estava quando a segunda Guerra Mundial foi deflagrada em 1939. Tal como tinha sido em gerações anteriores, o Lloyd’s estava profundamente envolvido com os acontecimentos da guerra.

A expansão internacional do Lloyd’s ocorreu fortemente em 1965 por meio da admissão de diversos membros estrangeiros. Com os avanços tecnológicos e com o encurtamento das distâncias proporcionado pela desenvolvimento dos meios de transportes, o mercado rapidamente tornou-se mais internacional e isso estendeu-se para o mercado securitário também.

A internacionalização trouxe maior atenção para os riscos na América do Sul, em especial para as grandes hidrelétricas como a de Salto Grande Dam, na fronteira da Argentina com o Uruguai e a barragem de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Em 1977 ocorreram perdas gigantescas, que quase levaram o Lloyd’s e seus membros à falência. Em 1978, a assembleia geral de membros do Lloyd’s concordou em criar um grupo destinado a autorregularão, presidido pelo Sr. Henry Fisher.

Entre 1980 e 1990 o Lloyd’s se envolveu em grande escândalos de fraudes e enormes prejuízos, sobretudo de sinistros ocorridos na América. Muitos nomes sofreram grandes perdas até chegarem a falência. Em 1993 o Sr. David Rowland foi nomeado Presidente do Lloyd’s e realizou diversas reformas radicais.

O Lloyd’s de hoje é financeiramente sólido e os segurados têm a segurança adicional de saber que, se um subscritor ou o sindicato não for capaz de arcar com o pagamento da indenização na ocorrência de um sinistro, há um Fundo Central do Lloyd’s para honrar os pagamentos.

O Fundo Central é usado quando um membro do Lloyd’s tiver subscrito um risco e não tem como honrar com a indenização acordada no contrato de seguro ou resseguro. Neste caso o Fundo Central cobrirá o valor devido.[5]

Atualmente, o Lloyd's é um mercado de seguro e resseguro no qual seus membros associam-se em sindicatos para (res)segurar riscos. Como qualquer mercado, o Lloyd's permite que vendedores (subscritores de (res)seguros) façam contato com compradores (corretores) que agem em nome de clientes que desejam contratar (res)seguros. O Lloyd’s não possui, portanto, atuação direta como segurador ou ressegurador.

Dessa forma, o Lloyd’s não é uma entidade de seguros individual e sim uma forma de interligação entre corretores e (re)seguradores para que esses possam discutir as melhores formas e valores para realizações de negócios securitários.

A atuação do Lloyd’s é feita por meio de sindicatos. Na prática, os membros se agrupam em sindicatos, com o objetivo de assumir riscos securitários.

O Lloyd’s está licenciado a subscrever negócios em mais de 200 países e territórios em todo o mundo, sempre sujeito às leis e regulamentos

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