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Resenha Crítica do artigo ”A lógica financeira e o espaço do transporte aéreo comercial brasileiro”

Por:   •  21/10/2018  •  1.991 Palavras (8 Páginas)  •  413 Visualizações

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Agora, em se tratando mais especificamente do setor brasileiro, podemos fazer uma análise das duas principais empresas citadas: a TAM e a GOL. No caso da TAM, logo de início, o artigo argumenta sobre quais foram os desafios entre os paradigmas que a empresa tinha antes, e os que passou a ter. A difer-ença fundamental está na ampliação dos tipos de cliente da empresa: “cliente passageiro” e “cliente investidor”. Ou seja, o foco se move para a gestão finan-ceira, e as atividades que antes eram as ‘’principais’’, passam a ficar a mercê

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Universidade Federal de São Carlos

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desta lógica. A TAM busca, com tal política, é consolidar e ampliar a lider-ança no mercado doméstico de passageiros, obtendo alta rentabilidade (con-forme dito pela própria empresa). Essas diretrizes explicitam um processo de transição no foco estratégico da empresa, antes predominantemente focados na qualidade total e depois centrado na reengenharia das operações produtivas. Ou seja, o modelo ‘’imposto’’ pelo mercado financeiro é adotado como referência.

Uma característica muito citada no artigo foi sobre Governança corporativa. Uma das principais preocupações desta área é garantir a adesão dos principais atores a códigos de conduta pré-acordados, através de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos de interesse e as quebras do dever fiduciário (pessoa responsável por transmitir uma herança, ou bens). Por exemplo, no iní-cio de outubro de 2009, o então presidente da TAM, David Barioni Neto, deixa a presidência da TAM. Líbano Barroso, um executivo trazido para a TAM pelo conselho administrativo, e que ocupava a posição de diretor financeiro (CFO), assume interinamente a presidência (CEO) (foi-se muito discutido em aula so-bre a ascensão do setor financeiro). Durante a crise aérea, a TAM, com desem-penho operacional inferior à GOL, trouxe para a presidência um executivo da área de operações, com o objetivo de resgatar a credibilidade operacional. Pas-sada a turbulência, retorna à presidência um executivo ligado à área financeira e que havia participado da sua preparação para abertura de capital. Ou seja, a troca de altos executivos na TAM demonstra a relevância que a governança cor-porativa passou a ter para as empresas que operam nos mercados de capitais. O então presidente primeiro ocupou a diretoria financeira (CFO), depois assumiu a presidência (CEO).

Outro ponto interessante de se ressaltar é a importância, nesta nova lógica de mercado, que os índices (normalmente concedidos por bancos, bolsas de val-ores, analistas etc) possuem. Após abrir o seu capital, tanto a TAM como a GOL ampliaram suas participações no mercado e suas ações valorizam-se. Ambas, logo após estrearem na BOVESPA, ingressaram no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BOVESPA. Esta estratégia ilustra a preocupação dessas empresas com a forma como se apresentam perante a sociedade. De maneira geral, este índice especificamente (as duas empresas possuem muitos outros mais, como citado no artigo) mostra para o público e para os investidores que estas empresas desenvolvem não só ações de preocupação social e meio am-biente, mas também adotam práticas em concordância com a governança cor-porativa, mostrando que as empresas não buscam só o lucro (mesmo que, em alguns casos, de fato, busquem sim). Isto evidência o atual modelo (também estudado em sala), na qual a confiabilidade e credibilidade se fazem necessárias para a prosperidade de um negócio.

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Vale ainda ressaltar, em se tratando de governança corporativa, ficou evi-dente que é comum a apresentação de minicurrículos dos membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva, na medida em que enfatizam a for-mação acadêmica do executivo e as respectivas instituições de ensino,bem como a sua trajetória profissional, a experiência internacional e as atividades Desen-volvidas no âmbito do Estado. Isto só evidencia o que também já foi ampla-mente discutido, do papel da formação técnico-acadêmica no atual paradigma da organização do trabalho (e a valorização do ensino superior, frente à outras formas domésticas de organização do trabalho).

Aproveitando o já citado modelo doméstico de organização do trabalho, aqui, observamos um caso interessante: no processo de criação da GOL, a família Constantino (detentora majoritária do grupo) teve de operar uma recon-versão de seu capital (possuem negócios no mercado de transporte rodoviário) para que ele possibilitasse a criação e a configuração atual da empresa GOL. A nova empresa passou a adotar artefatos culturais ausentes até então nos negócios da família. O próprio caráter familiar foi erradicado. Isso é uma clara evidên-cia da saída do modelo de produção familiar (apesar de ser uma empresa), e a adoção dos modelos com enfoque econômico. De certa forma, o sucesso da GOL deve ser compreendido não como um ‘’mérito’’ de uma pequena empresa no transporte aéreo, mas sim como ‘’ o resultado da investida, no campo do transporte aéreo, de um grande grupo, detentor de um determinado conjunto de capitais, vinculados fundamentalmente à sua trajetória no campo do transporte rodoviário, no qual ocupou posição entre as empresas líderes’’.

- importante ressaltar que, no texto, fica muito bem exemplificado a pre-sença da nova lógica capitalista e o poder do setor financeiro. Mas, como bem exemplificado pelo artigo, nem sempre este modelo funciona. A VARIG, em-presa aérea que já enfrentava problemas financeiros, gradativamente perdeu participação de mercado e não conseguiu um desempenho operacional simi-lar ao novo padrão estabelecido pelo mercado. A crise da empresa VARIG teve seu desfecho num longo e desgastante processo de leilão, acarretando prejuí-zos a um grande contingente de clientes, acionistas e funcionários, que só não foi maior graças à intervenção do Estado. Nisto, fica evidente (como discu-tido em sala) que nenhum modelo é sempre perfeito. Ou seja, além da falência de uma empresa, ainda precisou-se da interferência estatal para evitar maiores prejuízos.

No que diz respeito à influência deste novo paradigma econômico num âm-bito mais

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