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Fichamento Ciclos e mudanças estruturais na economia brasileira de após-guerra: a crise recente

Por:   •  17/7/2018  •  3.306 Palavras (14 Páginas)  •  427 Visualizações

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As empresas transnacionais e a industrialização

“Sua participação direta na produção manufatureira não constitui por certo uma novidade histórica, mas intensificou-se notavelmente a partir da época mencionada. O salto da indústria brasileira na direção dos ramos manufatureiros "pesados" de bens de produção e de consumo duráveis é inseparável da penetração das empresas transnacionais no setor.”

“As ET operam com escalas de produção, intensidade de capital, grau de oligopolização, complexidade tecnológica e produtividade mais elevadas que as empresas nacionais. Predominam também na exportação de produtos manufaturados.”

“ET, que provêm de países distintos, atuam em setores industriais diferentes, obedecem a uma dinâmica de acumulação diferente e não reagem da mesma forma face às conjunturas econômicas favoráveis ou adversas ou a controles e limitações impostos pela política econômica governamental.”

SEGUNDA PARTE: OS CICLOS DO CRESCIMENTO INDUSTRIAL

“O período do após-guerra, a expansão do produto manufatureiro apresentou três inflexões mais agudas, as quais condicionaram variações semelhantes no crescimento do PIB.”

“A primeira delas ocorreu a partir de 1962, depois de uma notável trajetória expansionista desde o final da guerra. A segunda inflexão observou-se a partir de meados de 1967, inaugurando a fase expansiva do "milagre" econômico, durante a qual o produto industrial cresceu a quase 13 por cento ao ano, até 1973. Em seguida, a indústria entrou em uma fase de desaceleração (1973-1980) tendo sua taxa de crescimento sido inferior à metade daquela observada durante o "milagre", embora não muito inferior à tendência histórica do após-guerra e ainda razoavelmente elevada em confronto com outros países.”

Auge e declínio do crescimento industrial (1947-1962)

“Foi durante o período que se estendeu desde a Segunda Guerra Mundial até o início dos anos 60 que o país caminhou para etapas mais avançadas da industrialização moderna.”

“Como resultado das condições anteriores e como reflexo dos efeitos multiplicadores e aceleradores do aumento do emprego urbano, o mercado doméstico industrial continuou expandindo-se rapidamente.”

“Em termos de desenvolvimento industrial posterior, o significado da primeira metade dos anos 50 também inclui a maior legitimidade que assumiram os esforços de industrialização, reflexo, em grande parte, dos já ponderáveis interesses situados no setor.”

O "Boom" do Plano de Metas

“Foi a partir de meados dos anos 50 até o início dos anos 60 que a industrialização brasileira sofreu transformações estruturais decisivas. Esse avanço foi realizado sob impulso do Plano de Metas do governo Kubitschek (1956- 1960) e caracterizou-se por uma intensa diferenciação industrial num espaço de tempo relativamente curto, articulada diretamente pelo Estado.”

“Para os avanços mencionados, afora os investimentos estatais em infraestrutura e na produção direta de insumos, foram decisivos, como instrumentos de política econômica:”

- “a Instrução 70 e o aumento da carga tributária e do déficit fiscal, como fontes de financiamento”;

- “a Instrução 113, como expediente para trair a curto prazo os investimentos estrangeiros diretos”;

- “o crédito oficial subsidiado para estimular a acumulação do setor privado nos setores considerados prioritários”;

“Com relação ao capital estrangeiro, o amplo recurso à Instrução 113 não se deveu exclusivamente ao desejo de atrair investimentos estrangeiros em setores de tecnologia mais complexa, mas também à crise do balanço de pagamentos que acompanhou a deterioração das relações de troca posterior a 1953, simultaneamente à acumulação dos serviços de dívida contraída em função do boom importador do biênio 1951/52.”

Principais Características do Ciclo Expansivo

“A avaliação da performance dos bens de capital e dos bens de consumo duráveis toma-se ainda mais significativa quando levamos em conta o desempenho dos bens intermediários, que em grande parte reflete o maior ou menor dinamismo dos bens duráveis finais.”

“Fundamental ter presente que a produção de bens de capital cresceu significativa e principalmente nos ramos de máquinas-ferramenta e de equipa­ mentos sob encomenda. Por outro lado, o avanço obtido, não se chegou a "completar" a internalização de um Departamento l na economia.”

“A agricultura manteve um crescimento próximo à sua taxa histórica do após­ guerra.”

“O salto industrial do período realizou-se à margem de um sis­ tema de intermediação financeira e de financiamento governamental mais adequado. O gasto público crescente foi financiado em grande medida na base de déficits também crescentes, mediante créditos do Banco do Brasil.”

“Talvez o aspecto que mereça mais destaque na fase de crescimento associada à implementação do Plano de Metas tenha sido o elevado grau de complementaridade dos investimentos nos grandes projetos.”

A Desaceleração

“Foi transparente, a partir de 1962, o declínio do ritmo de crescimento da economia. Entre 1962 e 1967, a taxa média anual de expansão do PIB caiu mais da metade; o crescimento do produto manufatureiro diminuiu aproximada­ mente quatro vezes em relação ao do ciclo expansivo anterior e o nível de atividade do setor de construção civil diminuiu em termos absolutos.”

“De fato, em 1962, o investimento governamental constituiu um fator de freio à queda do ritmo de formação de capital fixo para o conjunto de economia, do mesmo modo que em 1963 atuou em sentido contrário, aprofundando a queda do investimento global.”

“(...)mesmo que as conjecturas do citado autor sobre a evolução quantitativa dos investimentos fossem corretas, sua conclusão permaneceria equivocada, pois ele ignora a defasagem existente entre a decisão de investir e o processo de ampliação da capacidade instalada.”

“(...) outros fatores contribuíram para que muitos projetos de bens de capital e bens de consumo duráveis fossem superdimensionados:”

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