Representações de infância e criança
Por: SonSolimar • 4/7/2018 • 1.415 Palavras (6 Páginas) • 300 Visualizações
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ao século XVI, de acordo com Levin (apud NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2015, p.
3-4), a negação da existência biológica da criança remete ao não reconhecimento de uma consciência
social, não admitindo a existência autônoma da infância enquanto “categoria diferenciada do gênero
humano”.
Em consonância, para Narodowski (apud NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2015, p. 3), a infância
refere-se ao fenômeno histórico e não natural, caracterizado a partir da heteronomia, da dependência e da
obediência ao adulto em troca de proteção. Assim, se deve aceitar a tese de Ariès (2012) segundo a qual a
infância é uma espécie de produto inexistente antes do século XVI.
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De acordo com o pesquisador, para os estudiosos da Idade Média a criança não passava de um adulto em
miniatura sempre exposta a todas as vivências de um adulto e já ingressava na sociedade logo que pudesse
viver sem a supervisão da ama e/ou da mãe.
Legenda: CRIANçAS, ADULTOS EM MINIATURAS
“Passado o estrito período de dependência física da mãe, esses indivíduos se incorporavam plenamente ao
mundo dos adultos”, diz Levin (apud NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2015, p. 4).
“Vestiam-se como eles [adultos], faziam os mesmos trabalhos e ingressavam na comunidade sexual dos
adultos quando tinham idade inferior à dos garotos e garotas de hoje” lembra Feher (apud NASCIMENTO;
BRANCHER; OLIVEIRA, 2015).
Representações de infância e criança 03 / 09
Naquele período, Ariès (2012, p. 100-105) menciona dois sentimentos atribuídos à criança. O primeiro
denominado de “paparicação” concebia a criança como “coisa engraçadinha”, ou “espetáculo ambulante”,
entregue a uma espécie de anonimato, com o intuito somente de distrair e relaxar o adulto. Outro
sentimento é o de exasperação, oriundo das críticas e reações ocorridas no findar do século XVI e, acima de
tudo, no século XVII, quando os moralistas daquele século, como os eclesiásticos e os homens das leis,
achavam insuportável a atenção dispensada às crianças; eles também propunham que elas fossem
apartadas do convívio adulto, para preservá-las e discipliná-las.
Apenas na Idade Moderna é que a criança começa a ser vista como um ser que deve ser provido de cuidados
maiores, com desejos e necessidades diferenciadas dos adultos, um ser inacabado necessitando de uma
educação diferenciada.
Sob a ótica de Prout (apud PIRES, 2015, p. 135), as análises que tinham como preocupação a infância no
início da modernidade foram marcadas pela dissociação entre a Infância e a idade adulta.
Para Santo Agostinho (1996), a criança não tinha pensamentos e vivia em eterno pecado. Na obra A infância
o autor cita sua própria infância, um momento em que não se recorda do passado, dos fatos vividos e
vivenciados, mas sabe dos pecados por ele cometidos, incluindo, por vezes, quando chorou ao implorar o
seio materno.
Segundo as ideias de Descartes (apud NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2015, p. 5), a preocupação da
criança enquanto ser dependente e fraco começou a fazer parte do universo adulto, mas após o século XVIII
começa a aparecer o conceito de infância, desenvolvendo o pensamento de que infância é o período no qual
as crianças dependem de outras pessoas para se tornarem “civilizadas”.
Para Rousseau (2004), as crianças deveriam ser amadas pelo que são. “Amai a infância; favorecei suas
brincadeiras, seus prazeres, seu amável instinto” (p. 72).
Durkheim (apud NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2015, p. 6), visando moralizar e disciplinar a
criança, foi o primeiro a “tecer os fios da infância aos fios da escola”.
Somando-se a isso, Pires (apud 2015, p. 136) diz que Durkheim se referia à criança como “o adulto a ser”.
Como todo fato social, a escola também era concebida como “uma força de imposição e coerção”. Para ele, a
interiorização de normas e valores é característica da ação da geração mais velha sobre a geração mais
nova.
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A concepção de criança é uma noção historicamente construída, que consequentemente
vem mudando ao longo dos tempos apresentando concepções bastante divergentes sobre
sua finalidade social. A preocupação atual reflete a ideia de que a criança desde que nasce
necessita de um espaço de socialização e aprendizado abandonando a ideia de apenas
assistir e cuidar. É nessa perspectiva que o atendimento das crianças de 0 a 6 anos de
idade vem sendo refletido e estudado no sentido de buscar novas formas de relações na
prática pedagógica desenvolvida nas instituições de atendimento às crianças pequenas.
Toda essa evolução envolvendo a criança menor de 7 anos de idade vem favorecer a
abertura de novos caminhos e possibilidades para a formação das
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