Memorial acadêmico

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“Um memorial de formação é acima de tudo uma forma de narrar nossa história por escrito para preservá-la do esquecimento. É o lugar de contar uma história nunca contada até então – a da experiência vivida por cada um de nós.” (PRADO, Guilherme, 2005, p. 7).

Após passar por aqueles dias turbulentos e encontrar uma professora nenhum pouco interessada no motivo pelo qual me acabava em lágrimas todos os dias, mudei de turno e encontrei o céu e lá estava um anjo chamado Salete. Lembro-me de suas mãozinhas fofinhas, seu cabelo curto, sua voz grossa, mas doce. Nossa! Como aquela senhora me cativou, me motivou e me faz emocionar, toda vez que me lembro de suas aulas, meus olhos ficam marejados . Tia Salete, lenda viva.

Lá estudei a maior parte de minha vida e aprendi a me apaixonar pelos estudos, e posso afirmar que ali, mesmo que indiretamente e guardado no inconsciente minha vocação pela área da educação crescia evidentemente.

Os anos passaram e após a antiga quarta série, inicia uma nova fase. Fase complicada em minha vida, pois na quinta série começou a divisão de professores por matérias tornando tudo mais difícil. Apesar e muitos contratempos, esse ano foi concluído com sucesso, em contrapartida veio a sexta série que pela primeira vez fiquei em recuperação e por pouco não acabou com meu interesse educacional. Para minha infelicidade, todos os meus amigos de férias e eu na escola, por que na instituição que estudava era necessário assistir aula em contra turno, para então fazer a recuperação e finalizar com a prova. Caso não fosse aprovada, faria a fatídica dependência. Esse não foi o meu caso, para minha alegria, fiz a recuperação, assistindo todas as aulas, realizando a prova e felizmente alcançando com êxito a aprovação.

Dar-se início mais um ano letivo, e posso dizer que me lembro, ainda muito recente em minha memória, este ano foi o melhor de minha vida, posso afirmar que foi o mais descomplicado, passei por ele com muito empenho. Também depois de assistir o episódio passado, tinha que de uma vez por todas aprender e ressuscitar minha vocação para a educação. Lembro-me que nesta escola, tínhamos que atingir média sete, e no terceiro bimestre na maioria das disciplinas já havia alcançado nota, para que não fosse necessário realizar provas do quarto bimestre, entretanto mesmo não conhecendo o termo C.R que usamos na graduação, não queria que meu conceito diminuísse. Portanto realizei todas as provas do quarto bimestre, e conclusão fui aprovada com as melhores notas de minha vida. Toda essa cronologia me traz profundas lembranças boas, e de que como é importante perpetuar estes fatos. Fizeram parte de minha vida, ou melhor, minha vida narrada e descrita em fatos, uma apresentação para futuras propostas vitais.

“A escritura de um Memorial comporta, juntamente com a rememoração

de fatos e vivências, uma reflexão sobre suas significações na perspectiva

mais global de um curriculum vitae.”. (RODRIGO, Maria Lidia, 2008, p.2)

Para o próximo ano, teríamos uma preparação para o segundo grau. Concluí o antigo ginásio, com excelentes notas, porém não foram suficientes para que eu conseguisse alcançar a nota exigida para ingressar em um colégio Técnico que existia próximo à minha residência. Sendo assim, minha mãe fez minha matrícula no colégio que o sistema indicou, que teria vagas. E lá fui eu. Longe de casa, em um colégio Estadual, onde conheceria muitas pessoas e muitas experiências frustrantes em relação a vários aspectos. Local, educação e segurança. Tudo de ruim experimentei dos termos citados. A escola era de péssimo acesso, condução precária. Quase não tinha aula, pois não havia professores para dar aula e sem falar da falta de segurança que existia ao redor da Unidade Escolar. Fui assaltada, fiquei muito deprimida e com muito medo, mas mesmo assim fui estudar no dia posterior ao ocorrido. Isso durou até o fim do semestre. Consegui uma vaga, através de alguns conhecimentos em um colégio recém construído, com muitas vagas, muitos professores, inclusive tive de todas as disciplinas até concluir meus estudos. Posso considerar que tive muita sorte por estar estudando nesta escola. Todas as três séries que ali freqüentei tiveram suas particularidades, porém nenhuma foi tão fenomenal quanto ao terceiro ano. Era a despedida da escola e eu estava na melhor turma do colégio. Sem comparação. Eu tive meus melhores amigos, ótimos professores excelentes notas, melhores momentos.

Lembro de um amigo, que adorava política, ele nos levava para festas políticas, comitês no centro da cidade, tudo para conseguir votos para seu candidato. Fiquei tão seduzida por tudo aquilo que até resolvi tirar o título de eleitor para votar. Eu tinha apenas dezesseis anos, não era obrigatório, mas eu queria muito, e então fiz. Realizei um desejo, de votar. Adotei como o meu, o partido por quem aquele amigo evidenciava, participei mesmo que de forma indireta de todas as eleições daquele tal partido e claro votei em outubro nas eleições municipais, para prefeito da cidade do Rio de Janeiro o nome pelo qual meu amigo havia sugerido.

Fruto de um processo eleitoral ocorrido em 1992, o impeachment do Presidente da República Fernando Collor de Mello, neste ano de 1996 a mídia apresentava um fato político que tomou grande proporção, a morte de PC Farias e sua namorada. E isto foi um caso chocante para toda a população brasileira e toda a política Nacional, pelo fato de PC ter sido a personalidade chave que causou o primeiro processo de impeachment da América Latina. Simplesmente por ser um caso de grande importância na questão do contexto histórico, até presente data ainda provoca profundos impactos na política Nacional.

Lembro-me também de um fato muito importante que a mídia evidenciou por muito tempo, foi um choque nacional melhor ainda, mundial. Foi também no ano de 1996 que surge o primeiro caso de um clone. Em julho de 1996, na pequena cidade de Edimburgo, no interior da Escócia, nasceu Dolly, uma saudável ovelha. Com uma diferença fantástica: Dolly não foi gerada de forma natural. Dolly foi clonada e isto foi uma revolução para a ciência mundial.

E como todo ano este também chegou ao fim. Minha formatura, muitas fotos, muitas lembranças. Durante este ano letivo, adquiri muitos conhecimentos e muitas amizades. Amizades estas que ainda guardo no coração um pedacinho especial, que mesmo não mantendo um vínculo diário é de fato um laço vital. Segundo Paulo Freire “Importante na escola não é só estudar, é também criar laços