Memorial Contrariando as Expctativas

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Abro um parágrafo para falar de meu irmão, que é uma pessoa, cuja história de vida

No terceiro ano, minha preocupação era escolher uma profissão. Finalmente chegara a hora de responder à pergunta “_ O que você vai ser quando crescer?”. Era uma menina que sempre estava em destaque, pois era uma das mais novas da classe e sempre tirava boas notas. Cursei científico e o sistema de ensino utilizava a apostila do Curso Miguel Couto, voltada para o vestibular. Resolvia as questões buscando acertar, mas não me importava tanto em aprender. Técnicas para resolver questões objetivas pareciam mais astutas que o saber em si. Estava sendo treinada para concorrer a uma vaga em uma universidade pública, só falávamos em ranking e desempenho em simulados, porém eu não sabia o que escolher. Minha irmã havia feito técnico em Administração. Eu ouvia falar bastante nas profissões que davam status e que eram “menina dos olhos” dos pais e professores, mas achava Medicina, Direito e Engenharia muito concorridos. Então escolhi prestar vestibular para Administração. Quando precisei definir qual universidade, pedi minha mãe que me acompanhasse a uma. A mais perto que tínhamos de casa era a UFRRJ. Fiquei impressionada com a exuberante natureza que rodeava a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e foi por isso que a escolhi. O resultado disso: tranquei minha matrícula no segundo período.

Ao final do segundo período, após enfrentar uma greve e um boletim cheio de conceitos “D” e “E”, senti falta de fazer uma escolha mais acertada. Senti falta de ser orientada pela minha escola sobre o que abrangia cada área, a dimensão que compreendia “ser de exatas, humanas ou biológicas”. Lamentei não ter ido a campo visitar as tantas universidades que existem em meu estado. Senti-me uma alienada por ter feito uma escolha tão importante de forma irresponsável, sem parâmetros, sem conhecimento do que estaria por vir em minha vida. Não culpo minha mãe, uma pessoa que sofre as consequências de ter sido alfabetizada sem ser letrada. Ela não poderia instigar em meus pensamentos as dúvidas que impulsionam uma pessoa a querer saber mais. Fiquei mesmo sem saber por que uma menina que fora tão boa aluna durante toda vida escolar, estava tendo dificuldades na faculdade. Passei, então, a odiar Humanas. Achava que administrar tinha relação apenas com números, com a parte contábil. Não