O PANORAMA DO INGLÊS NO BRASIL
Por: Rodrigo.Claudino • 22/6/2018 • 4.070 Palavras (17 Páginas) • 833 Visualizações
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"Foi só muito lentamente, a princípio com a chegada da Família Real, em 1808, posteriormente com a criação do Colégio Pedro II, em 1837, e finalmente com a reforma de 1855, que o currículo da escola secundária começou a evoluir para dar ao ensino as línguas modernas um status pelo menos semelhante ao das línguas clássicas." (LEFFA, 1999, p. 2-3)
O ensino do idioma ainda era o mesmo utilizado no ensino de línguas clássicas como o latim e grego, tendo seu foco em traduções e leituras de textos. Pode-se dizer que o ensino de inglês e francês durante o império sofria de um grave problema: a falta de uma metodologia adequada. De acordo com Leffa, “a metodologia para o ensino das chamadas línguas vivas era a mesma das línguas mortas: tradução de texto e análise gramatical” (1999, p.3). O inglês ainda teria um enorme caminho a percorrer antes de se tornar a língua influente nos dias de hoje.
Com a Proclamação da República, o então ministro Benjamin Constant, em 1889, com o objetivo de modificar todo o sistema educacional, excluíram as línguas modernas como: inglês, alemão e italiano do currículo obrigatório das escolas, propondo um novo currículo de caráter cientifico. Essa mudança não durou muito, pois em 1892, com o afastamento de Constant, e tendo Amaro Cavalcante assumindo o ministério, as línguas estrangeiras voltaram a ser obrigatórias, tendo um caráter cultural e literário no ensino.
Após todas as mudanças propostas por Constant e após sua queda, o Colégio Dom Pedro II volta ao seu antigo nome e como consequência direta da Lei Orgânica do Ensino do ministro Rivadávia Correa, passa a ter um caráter profissionalizante. Essa mudança tem impacto direto no ensino das línguas estrangeiras, pois agora além do desenvolvimento da leitura e escrita das línguas, a habilidade de fala também passa a ser importante.
O crescimento da língua inglesa acontece em 1930, devido às tensões mundiais, o que gerou a Segunda Guerra Mundial. Com esse atual cenário, segundo SCHÜTZ(1999), a “difusão da língua inglesa no Brasil passou a ser vista como uma necessidade estratégica para contrabalançar o prestígio internacional da Alemanha”. Durante esse período, a Inglaterra começa a perder seu prestígio de outrora, perdendo espaço no mercado brasileiro e dando espaço ao mercado e à política Norte Americana que passava a ser reconhecida mundialmente.
Em 1930 é criado o Ministério de Educação e Saúde Pública e em 1931 houve a reforma de Francisco de Campos. Essa reforma trouxe, novamente, mudanças no ensino das línguas estrangeiras. As mudanças foram não somente no conteúdo, mas principalmente na metodologia do ensino dessas línguas. O foco nas línguas estrangeiras foi muito maior, tendo em vista a diminuição da carga horária do latim. Sobre essas mudanças, Leffa diz:
[...] introduziu mudanças não apenas quanto ao conteúdo, mas,principalmente, quanto à metodologia de ensino. Em termos deconteúdo, foi dada mais ênfase às línguas modernas, não por umacréscimo em sua carga horária, mas pela diminuição da cargahorária do latim. A grande mudança, porém, foi em termos de metodologia. Pela primeira vez introduzia-se oficialmente no Brasil o que tinha sido feito na França em 1901: instruções metodológicas para o uso do método direto, ou seja, o ensino da língua por meio da própria língua (LEFFA, 1999, p. 5).
O método aplicado a partir de 1931 era chamado de ‘método direto’ e já era aplicado na França há 30 anos. O Colégio Dom Pedro foi o primeiro a introduzir esse método em suas salas de aula. Como resultado direto das mudanças nos contextos político e econômicos, nacional e internacionalmente, durante os anos 30, surgem às primeiras escolas livres de inglês e a Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa em nosso país. Em 1934 foi a vez da Embaixada Britânica no Brasil. O papel desses cursos livres era a “difusão no país, da língua e das manifestações de pensamento, ciências e artes inglesas e, por igual, no Império Britânico, do que concerne ao nosso idioma e o que se tem feito nas letras, ciências e artes no Brasil...” (Dias, 1999, p.89). Essas fundações foram iniciativas do Governo Britânico para tentar restabelecer o domínio perdido para os Estados Unidos.
Em 1942, durante o governo Vargas, acontece a reforma Capanema, que tinha o intuito de equiparar todas as modalidades de ensino médio, que foi separado em dois ciclos. O primeiro, com quatro anos de duração, chamado “ginásio” e o segundo, com 2 ramificações, “clássico” e “científico” com 3 anos.
Entre os anos de 1942 e 1961, o ensino das línguas estrangeiras foi diminuindo gradativamente do currículo, em razão da ênfase dada às ciências. Mas em 1961 a situação muda com a criação da Lei de Diretrizes e Base (LDB). A LDB é a responsável pela mudança no currículo escolar, fazendo com que as etapas mudem de “ginásio” e “científico” para 1º e 2º graus. Junto com essa mudança, passamos a ter o ensino de língua estrangeira como obrigatório parcialmente no 1º grau e devendo ser ensinada somente em locais onde pode ser ensinada com eficiência.
Após 10 anos, em 1971, a LDB lança a lei de nº 5692, lei esta que reduz o ensino de 12 para 11 anos, sendo 8 anos de 1º grau e 3 para 2º grau. Essa redução prejudicou drasticamente o ensino da língua estrangeira, reduzindo ainda mais a carga horária de LE (língua estrangeira), “agravada ainda por um parecer posterior do Conselho Federal de que a língua estrangeira seria ‘dada por acréscimo’ dentro das condições de cada estabelecimento” (Leffa, 1999, p.10). Como consequências, tivemos a retirada de LE do 1º grau e o ensino no 2º grau apenas uma vez por semana, com apenas uma hora semanal. No parecer 853/71 de 12 de novembro de 1971 é dada uma justificativa a esta decisão:
"Não subestimamos a importância crescente que assumem os idiomas no mundo de hoje, que se apequena, mas também não ignoramos a circunstância de que, na maioria de nossas escolas, o seu ensino é feito sem um mínimo de eficácia. Para sublinhar aquela importância, indicamos expressamente a "língua estrangeira moderna" e, para levar em conta esta realidade, fizêmo-la (sic) a título de recomendação, não de obrigatoriedade, e sob as condições de autenticidade que se impõem". (LDB, 1971)
Em 1996, uma nova mudança feita pela LDB ocorre. Essa mudança substitui o 1º e 2º graus por ensino fundamental e médio, mas as mudanças não se resumem a mudança de nome, ela também deixa clara a necessidade de uma LE no ensino fundamental, LE essa que seria escolhida pela comunidade
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