Primeira Parte PE Introdução e Fundamentação Teórica- A Participação dos Pracinhas na Itália Durante a Segunda Guerra Mundial

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Outro fato relatado por Miguel Garofalo para uma entrevista de Camila Galvez do Diário do Grande ABC, ele conta que ao se deparar sozinho com outra garota adolescente de uma cidade onde a FEB passou, teve que explicar de que não faria mal algum para a jovem que chorava por medo dele, receio de ser estuprada ou até mesmo morta. O ocorrido marcou muito o combatente brasileiro que ficou em sua memória após tantos anos, a cada momento na Segunda Guerra Mundial os soldados tinham que lidar com uma batalha emocional, onde o sentimento de dever cumprido, medo de morrer e amor ao próximo, eram misturados em seus corações e mente, assim conta Miguel Garofalo “Ela me abraçou, agradeceu e choramos juntos.” (GAROFALO,2013)

Além de bombardeios aliados a Luftwaffe força aérea alemã, descarregava bombas frequentemente durante a parte noturna do dia em cidades como Camaiore, alguns soldados da Força Expedicionária Brasileira assim como Miguel Garofalo relata a angústia de ser atingido a qualquer momento em seus esconderijos onde passavam a noite e descansavam quando podiam. “ Em uma manhâ, acordei e abri a janela da casa onde estávamos escondidos. A bomba, do tamanho de uma criança de uns dez anos, estava lá, não tinha explodido. Se tivesse, não estaria aqui para contar essa história.”(GAROFALO,2013)

Outro fato interessante durante o desembarque da FEB a ser colocado, foi a confusão dos Italianos a diferenciar os uniformes do exército alemão e da força expedicionária brasileira, pois eram respectivamente parecidos, assim ilustra o ex combatente: ”O uniforme da FEB era parecido com o dos Nazistas. Quando desembarcamos em Nápoles, começaram a nos xingar, mas expliquei, que éramos brasileiros e estávamos ali para ajudar.”(GAROFALO,2013)

A tensão em território italiano antes de um combate era como destruição avassaladora para os soldados, angústia e medo tomavam conta de suas mentes e corpos, não havia nada a se fazer a não ser aguentar aqueles momentos sem saber se seriam seus últimos, era realmente uma batalha emocional e mental para cada soldado da FEB.

“Sentimos que eles estão ali, mas não os vemos, e muito menos suas trincheiras. Quando deixamos de falar ou de sussurrar, porque qualquer som na acústica destas montanhas soa como um toque de corneta o silêncio volta pesado e vazio.” (A LUTA DOS PRACINHAS – Joel Silveira & Thassilo Mitke,p55).

Podemos ter uma noção concreta da amarga derrota alemã na segunda guerra mundial, em um momento relatado por o escritor Joel Silveira, onde desolado pela derrota, sem patriotismo ou orgulho algum, um sargento do exército nazista tenta trocar suas medalhas de guerra por cigarros com um soldado da FEB.

Trocar por quê? Que teria ele a me dar? O alemão meteu a mão no bolso do culote folgado e dele tirou uma Cruz de Ferro e mais outro crachá no centro do qual uma iracunda águia nazista desfraldada as suas outrora temíveis asas, entreguei-lhe os dois maços de cigarros. Ele me deu as medalhas. Depois acendeu um cigarro, sorveu demorada e gulosamente a fumaça, os olhos semicerrados, num total enlevo. Em seguida ajeitou o bornal que trazia dependurado ao ombro, gritou uma ordem imperativa e o grupo voltou a se reunir.(SILVEIRA,2011)

Não há como imaginar tal angústia e sofrimento que esta guerra causou a todos durante aquela década e até mesmo nos dias de hoje, são histórias vividas e que na atualidade são contadas ajudando a estruturar e visualizar melhor o que foi esse conflito. Nosso país participou e foi muito ativo, nossos soldados sofreram assim como os demais de outros países envolvidos, são heróis da luta contra tirania e o mal que assolava a humanidade, desde o primeiro passo para a Europa e o primeiro passo de volta ao solo brasileiro, eles não faltaram com a bravura e coragem, seus feitos sempre serão lembrados como exemplo para a população brasileira e italiana.

REFERÊNCIAS

GAROFALO, Miguel. Entrando na Guerra, 2011. Disponível em: . Acesso em: 18 de ago. 2016

GAROFALO, Miguel. Memórias de um pracinha andreense durante a Segunda Guerra Mundial, 2013. Disponível em:. Acesso em: 18 de ago. 2016

SILVEIRA,Joel;MITKE,Thassilo. A Luta dos Pracinhas/3ºedição.Editora Record, 1983.Local:São Paulo

FRÖHLICH,Sírio Sebastião.Longa Jornada-com a FEB.1ºedição.Editora Independente,2011.

SILVEIRA,JOEL.O FIM DA GUERRA, 2011. Disponivel em:https://chicomiranda.wordpress.com/tag/joel-silveira/.Acesso em:22 de ago.2016