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MEMORIAL DESCRITIVO PARA SELEÇÃO AO MESTRADO EM AGRICULTURAS FAMILIARES

Por:   •  10/11/2017  •  2.121 Palavras (9 Páginas)  •  876 Visualizações

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1. Memorial

Pela primeira vez em minha vida escrevo um memorial. Desafio nada fácil. As etapas da minha vida estão circunscritas nas fases por que passam e passaram no meu cotidiano. Como Historiador, sei que é Impossível ser narrador à distância da minha própria trajetória de vida e intelectual. Descartada qualquer pretensão de objetividade imparcial, sinto que o maior desafio está em como falar de uma história heterogênea e muitas vezes complexam, como um linear arrolamento de participações e auxílios. Por isto, este memorial é literalmente produto de vontade de ser e de fazer expressão de emoções, e de vivência. Sem temer o convívio com os meus desejos e irrealizações, entrego-me com maior tranquilidade à tarefa de falar da interseção entre minhas memórias e o presente memorial.

2. Identificação

Nasci em Minas Gerais em 11 de maio de 1971, na cidade de Itanhomi, resido hoje em Rio Maria na avenida 16 nº 963, centro. Filho de Clair dos Santos e Almerina Gonçalves dos Santos, agricultores que sempre teve a terra como seu ganha pão. Chegamos em Rio Maria Pará em 1979, cheio de esperança de conseguirmos um pedaço de terra, na verdade o que encontramos foi uma terra sangrenta onde a lei era ditada por aqueles que detinham o poder político econômico da região.

3. Graduação e Pós-graduação

Iniciei os meus estudos em História na Universidade Federal do Pará em 2000. Os quatro anos que se seguiram ao meu ingresso foi um período muito difícil na minha vida não tinha bolsa de incentivo e o que eu ganhava como professor não dava para me sustentar e sustentar a minha filha de 2 anos.

No final de 2003 conclui o curso de graduação com êxito, com a dissertação sob o titulo: Rio Maria: “Terra da lei do dinheiro, do revólver e das mortes anunciadas, nas décadas de 70 a 90”, sob a orientação do professor Doutor Willian Gaia Farias. Este tema descrevia uma cidade que conviveu com a realidade do crime organizado audacioso, fazendo deste município o símbolo da violência do Sul do Pará, onde o envolvimento de autoridades, especialmente política, e a omissão da polícia nos crimes traiu a confiança da sociedade, que aliada a impunidade deixou que o poder marginal determinasse os caminhos que as pessoas deviam seguir.

Fui o primeiro e o único dos sete irmãos a conseguir um curso. Em nível de Rio Maria, naquele momento, o curso de graduação foi fundamental, pois o meu salaria dobrou de valor. Mas percebi que minha formação não estava completa. Fiz então, uma pós-graduação pela UFPA, sobre a História Econômica e Social da Amazônia, onde a conclui em 2006, com a dissertação sob o titulo: “A intervenção do Estado na vida interiorana com as políticas públicas molda a vida dos interioranos, citadinos e destroem o meio ambiente no município de Rio Maria”, também Sob a orientação do professor Doutor Willian Gaia Farias.

A pesquisa para mim tanto da graduação quanto na especialização foi o ponto inicial para percebe-se que ao longo dos anos a realidade do campo no Sul do Pará tem mudado consideravelmente, algumas tradições principalmente referentes ao uso da terra, outras tem se mantido vivas, no entanto, uma série de fatores tem contribuído para que muitas delas deixem aos poucos de existir, levando embora a cultura de um povo que a construiu com base em seus valores e crenças. Essas mudanças acabam se refletindo na cultura e na economia da comunidade que devido à aproximação com a cidade e às inovações vindas dos grandes centros, como o avanço tecnológico e a abrangência destes que visam alcançar todos os grupos, acabam por afetar o estilo de vida campestre.

Atividades que antes eram consideradas rotineiras como a criação de diversos animais de pequeno porte, o cultivo de hortaliças assim como o de uma infinidade de plantações que representavam boa parte da renda familiar e favorecia grande mente a subsistência, tem se tornado algo cada vez mais distante e difícil de se observar nas propriedades dos assentados. Com isso toda a estrutura de vida no campo tende a se transformar dando lugar a um novo modo de viver. Sendo que este não consegue por si só suprir as necessidades dos moradores de determinadas localidades. Pois o local que antes representava fartura, abundancia e tranquilidade, passa a ser apenas um local de sobrevivência sem grandes expectativas de futuro promissor para seus habitantes.

4. Formação complementar

A formação complementar, como o próprio nome diz, deve propiciar uma adequação do núcleo de formação específica a outro campo do saber em virtude disto sempre busquei novos conhecimentos: Técnico em Informática; Curso Básico em Teologia; Faculdade de Teologia Avivamento Bíblico (800); Capacitação de Docentes em EJA; Capacitação em Educação Ambiental; Professor Leitor analista e produtor de texto; Técnico em Contabilidade. (Carga horária: 2000h); Escrituração Escolar, entre outros.

5. Experiência didáticas Ensino Fundamental e Médio

Após ter concluído a minha graduação continuei colocando em prática o meu aprendizado adquirido no Curso de História e o melhor passei a trabalhar apenas com as disciplinas que meu currículo permitia. Agora eu não era mais aquele professor “tampa buraco”, ou seja, aquele professor que era lotado com as disciplinas disponíveis não pela competência, mas sim pela disponibilidade oferecida pela escola. Nesse sentido, pude exercer meu papel de professor de História em várias instituições de caráter público e privado.

No exercício de docência sempre dei ênfase a temas voltados para a História da Amazônia em especial a do Sul do Pará que é uma região que ainda precisa ser explora intelectualmente, pois é um lugar marcado pela violência ao homem do campo, a desigualdade social e as injustiças sociais. Um outro fator que me leva a trabalhar este tema é a oportunidade dos meus alunos em conhecerem parte desta história narrado pelos sujeitos pertencentes a ela, como é o caso da professora e mestre Luzia Canuto, Orlando Canuto (filhos de João Canuto, sindicalista e trabalhador rural), Antônia (filha de Expedito Ribeiro, sindicalista e trabalhador rural) Viviane (filha de Belchior, o trabalhador rural que foi morto por mais de 100 perfurações de balas), sem falar no Frei Henri que hoje é o maior defensor do trabalhador rural em todo o Brasil.

O Reconhecimento veio em 2000 quando me torneio o primeiro Diretor Escolar de Rio Maria eleito através de um processo democrático

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