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Trajetórias Geográficas

Por:   •  11/12/2017  •  1.415 Palavras (6 Páginas)  •  298 Visualizações

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da integração espacial e da nova divisão internacional do trabalho inserida neste contexto. É portanto, demonstrada a estruturação dos processos e funcionalidades das grandes corporações, determinadas pelo sistema capitalista em voga.

A quinta e última parte do livro, é dedicada às questões culturais, sendo apresentados os capítulos: 12 - O Sudoeste Paranaense Antes da Colonização (publicado originalmente na Revista Brasileira de Geografia, 32(1):87-98, 1970.), 13 - Carl Sauer e a Geografia Cultural (publicado originalmente na Revista Brasileira de Geografia, 51(1):113-122, 1989.), 14 - A Dimensão Cultural do Espaço: Alguns Temas (publicado originalmente em Espaço e Cultura – Ano I, n°1 – outubro de 1995:1-21.). Nestes capítulos finais Corrêa tenta exibir a importância dos conceitos de “espaço” e “cultura” para a análise geográfica. Para tanto o autor exibe sua pesquisa sobre a história geográfica do Sudoeste Paranaense. Dentro dessa perspectiva ele nos remete ao campo da Geografia Cultural, contando a evolução desta corrente filosófica, através da história de seu criador nos Estados Unidos, Carl Ortwin Sauer, enfocando as discussões sobre esse campo no pós anos 80. Por último o autor resgata alguns temas específicos abordados pelos geógrafos, tais como: a paisagem cultural, percepção ambiental e cultura, espaço e simbolismo e, cultura e lugares centrais, sugerindo outros tantos temas aos geógrafos brasileiros, pois existem poucos trabalhos realizados nessa área que podem de fato serem relacionados à cultura e espacialização, caracterizando assim, um convite ao aprofundamento das questões culturais, no campo geográfico do saber.

Esta obra possui grande valor para os geógrafos brasileiros, pois trata com eloqüência de problemáticas do nosso país, como a questão urbana por exemplo, mas não é só isso. Roberto Lobato Corrêa dá a sua contribuição também em outros campos. Quanto às questões regionais, ele contribui na sua exposição de três vastas regiões, às quais agrupam todo o território nacional. Dessa forma a região Centro-Sul comportaria os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal. Na região Nordeste seriam inseridos, os estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Caracterizando a região Amazônica, teríamos o Pará, Amapá, Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Mas isto não fecha a discussão sobre a regionalização brasileira, apenas dá mais margem ao debate, pois a regionalização apresentada acaba por igualar

estados com aspectos muito distintos entre si, como Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul, quanto a questão de representarem um circuito econômico superior em nível nacional, por exemplo.

Sobre as questões regionais, o capítulo 9 - Região: a tradição geográfica – deixa claro o quanto é rico e importante nosso passado, demonstrando a evolução não somente de um conceito, mas da própria ciência, posto que a “região” foi estudada sob diversos prismas e por diferentes correntes, lembrando que atualmente ainda ocorrem debates nos meios geográficos sobre o conceito “região”, pois não há uma concordância por parte dos geógrafos sobre o mesmo. As pesquisas mais atuais têm apresentado este conceito atrelado as teorias marxistas de cunho social, e as teorias das correntes humanista e cultural, pautadas na percepção e cultura, respectivamente. O capítulo 11 – Corporação e Espaço – constitui uma intrigante explicação da reorganização espacial, deixando claro a manipulação das grandes corporações nos territórios por onde passam. Essas manipulações são cabíveis às corporações porque elas mantém relações com empresas de quase todos os setores, ou seja, toda a cadeia produtiva está inserida nelas. Essas corporações advêm da globalização da economia, que atinge todas as escalas (do local ao global). Os principais impactos decorrentes delas são, “a manutenção, o desfazer, e a recriação das diferenças espaciais (...), além da perda do poder de controle e decisão das cidades da hinterlândia dos centros de gestão, devido à falência e aos processos de fusão e satelização funcional das empresas locais” (p.229, 231).

Assim, concluímos a enorme importância do livro aos geógrafos, e interessados pela área, pois o mesmo, faz-nos refletir, discutir e analisar o papel da geografia na modernidade, sem deixar que esqueçamos dos seus estudos clássicos. Esta obra revela vários campos de estudo da geografia a serem trilhados de maneiras diversas, cada qual ao seu jeito, sempre buscando o melhor caminho para todos. Procurando um equilíbrio entre sociedade e natureza.

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