SANTIAGO CALATRAVA: CONCILIAÇÃO HARMÔNICA ENTRE ARQUITETURA E ENGENHARIA
Por: Hugo.bassi • 12/4/2018 • 3.309 Palavras (14 Páginas) • 336 Visualizações
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Seus projetos se destacam pela aparente complexidade. A estranheza formal nasce do empenho em evitar as soluções simplistas e os objetivos conhecidos para aceitar o desafio de confrontar questões econômicas, sociais e culturais. Com tais objetivos em mente, Calatrava empenha-se em unir estrutura e movimento. Uma das metas alcançadas por Calatrava na tarefa de criar uma poética do movimento consiste em incorporar-lhe aspectos sociais e culturais. Isso se deve a sua habilidade de deslocar-se entre arte, engenharia e arquitetura. (JODIDIO, 2012)
Apesar de todo esse caráter formal que envolve Calatrava, sua maior influência da engenharia foi o rigor geométrico de prédios históricos “a linguagem da geometria é tão importante quanto a linguagem da estrutura”. Possui um traço sensual, que trabalha paralelamente ao high-tech projetando conjuntos quase que expressionistas, que abusavam do uso de novas tecnologias e materiais industriais. (RATTENBURY, 2007)
2.1 INFLUÊNCIAS
É possível identificar na obra de Calatrava a influência de outros arquitetos como as formas orgânicas de Gaudí e Joseph Paxton, o desenho aerodinâmico norte-americano da década de 50 e a expressividade escultórica de arquitetos do pós-guerra como Félix Candela, Kenzo Tange e Jorn Utzon. A arquitetura de Calatrava não se caracteriza exatamente como uma nova corrente, mas é possível ver uma semelhança também com arquitetos como Frank Gehry e Rem Koolhaas, isso pela exploração das tecnologias construtivas para edificar prédios em formatos ousados, desafiando as leis da natureza e promovendo uma transformação radical no cenário. (FERNANDES, 2011)
2.2 UM ARQUITETO ADORADO E CRITICADO
A obra de Calatrava chama a atenção por sua vivacidade, porém, tal esplendor também trouxe ao arquiteto diversas críticas e polêmicas, principalmente quanto aos gastos, havendo enorme diferença entre o orçamento e o custo final, além de questões funcionais, de conforto e segurança. (FRANCO, 2013)
A cidade natal do arquiteto, Valência, é palco de diversas obras e junto com elas cheia de polêmicas. Entre elas, o complexo Cidade das Artes e Ciências, com custo três vezes maior, uma casa de óperas que possui vista obstruída em 150 lugares, além de obras sem acessibilidade e equipamentos de segurança contra incêndio e saídas de emergência. (FRANCO, 2013)
Os atrasos também são alvos de críticas, é difícil encontrar um projeto de Calatrava que não tenha custado muito mais que seu orçamento inicial. Há também queixas de que ele é indiferente às necessidades de seus clientes.
Calatrava já está em tribunal por uma ponte de pedestres em Veneza feita de vidro na qual mais de 50 pessoas sofreram fraturas após quedas; e por uma vinícola que possui vazamentos que prejudicam o controle de umidade - vital para o vinho; Além de um aeroporto em Bilbao sem terminal de desembarque e sem isolamento com a área externa diretamente para a calçada, fazendo então os passageiros esperarem no frio. "O problema é que Calatrava está acima do cliente". (MERINO apud FRANCO, 2013)
3 PRINCIPAIS OBRAS
O primeiro edifício criado por Calatrava é o BCE Place Gallery, em Toronto (1987- 1992) cujas estruturas delicadas, repetidas em grande escala, contrastam abertamente com os edifícios circundantes. Em seguida, começa a projetar obras com estruturas móveis, por exemplo, o Pavilhão flutuante em Lucerna (1989), o Planetário de Valencia (1991), o Pavilhão do Kuwait para a Exposição de Sevilla (1992), a Shadow Machine (1992- 1993), montada em Nova Iorque e em Veneza.
Mais bem sucedidas são suas numerosas pontes, a Ponte Alamillo, para a Exposição de Sevilla (1992), a ponte para pedestres Oudry, ponte para pedestres Volatin, em Bilbao, entre outras. Em 2004 realizou obras utilizadas nas Olimpíadas.
Nesse ciclo de obras, percebe-se os defeitos e os talentos de Catatrava. A megalomania, a preferência por efeitos vistosos, o ecletismo estrutural e o interesse por estruturas móveis.
As experiências inovadoras de Calatrava têm como objetivo a busca de um estilo pessoal, e sob esse aspecto ele se aproxima dos protagonistas da polêmica entre as tendências nos anos 80. Entretanto, ele cultiva ambições e ideais diferentes, tornando suas obras casos especiais, com teor polêmico e cheio de obstáculos para uma nova invenção. (BENEVOLO, 2007)
3.1 GARE DE SAINT-EXUPÉRY TGV
É uma estação localizada no aeroporto de Lyon - Satolas, inaugurado em 1994. Ela atende o desenvolvimento da rede de trens de alta velocidade na França. Com 120m de comprimento, 100m de largura e 40m de altura, este terminal de passageiros, baseia-se numa estrutura central de aço de 1.300 toneladas, totalizando uma área de 5.600m².
O complexo e sua ligação com o aeroporto, se visualizado em planta, assemelha - se com uma raia e o projeto em si tem como sua forma sugerida, um pássaro em pleno voo, sendo estas referências ao mundo animal, típicas da obra de Calatrava. Por baixo do edifício principal, passam seis linhas de trem que terminam numa plataforma coberta de 500m de comprimento. (METALICA, 2015).
3.2 PAVILHÃO DO KUWAIT
O Pavilhão do Kuwait é um edifício que foi construído para a Exposição Universal de 1992, em Sevilha. Para cobrir grandes partes em movimento e também semelhante ao projeto móvel foi utilizado o betão, embora com a vantagem de ter uma forma circular.
Sua forma aerodinâmica e sua brancura brilhante criam uma imagem futurista para representar um país que quer oferecer ao público em geral o Estado moderno. Entretanto, há o uso de elementos construtivos que evocam o passado, por exemplo, as colunatas brancas nas escadas.
3.3 PONTE ALAMILLO
A Ponte de Alamillo foi projetada e construída entre 1989 e 1992 também para a Expo Sevilha 92. O projeto é apresentado como um "projeto incompleto" da Expo 92, sua ideia inicial incluía a criação de uma ponte gêmea, inclinada de forma oposta no outro canal do rio Guadalquivir.
A curiosidade mais marcante e polêmica dessa obra é sobre a sua estrutura. Ela tem forma de harpa e apenas um mastro apoia todo o seu peso. Em seu projeto inicial haveria o mastro para dar equilíbrio a ponte e grandes cabos que ajudariam a suportar o peso da estrutura, porém ao final do projeto os cabos foram postos mas não apertados ao topo do mastro, ao contrário do que possa parecer. (WIKIARQUITECTURA,
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