Os Disturbios de Linguagem
Por: Hugo.bassi • 3/3/2018 • 2.714 Palavras (11 Páginas) • 281 Visualizações
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No passado recente, Neurolues foi uma condição extremamente frequente. Como parece estar em fase de recrudescimento, convém não ignorarmos esta possibilidade. Classicamente os pacientes apresentam tremores labiais quando tencionam se expressar. A "peste moderna", representada pelo vírus HIV, seus descendentes e coadjuvantes oportunistas, irá acometer o SNC na imensa maioria dos casos. Nos dias de hoje esta possibilidade deveria ser arguida em todos os pacientes jovens que desenvolvam disfasias, sem uma causa previamente identificada.
Abscessos cerebrais - podem ter disfasia como sintoma inicial, não por alteração vascular, mas sim por efeito de massa. Seriam particularmente suspeitos aqueles pacientes já em acompanhamento por otite crônica.
Endocardites infecciosas - além de frequentes em nosso meio, são causas potenciais de sintomas neurológicos. Já que êmbolos originários do coração caminham preferencialmente pelo território das artérias cerebrais médias, seria razoável supor que muitos desses pacientes irão debutar seu quadro cardiológico com distúrbios disfásicos. A história de tratamento dentário prévio, em pacientes com antecedente de febre reumática, sugere esta possibilidade.
Neoplasias no SNC - tanto primitivas quanto metastáticas, poderão ter disfasia como primeira manifestação. Aliás, isso está longe de ser uma raridade, frequentemente são detectadas insuspeitamente, isto é, o médico investigador acaba surpreendido com o resultado da tomografia/ressonância do cérebro. Contudo, naqueles pacientes já em seguimento ambulatorial oncológico, a possibilidade de metástase como etiologia de disfasia deveria ser intuitiva. Igualmente, a combinação de sinais de hipertensão intracraniana com fenômenos disfásicos aponta em direção à neoplasia como a melhor hipótese diagnóstica.
Crises epilépticas parciais simples – Nesses casos os fenômenos disfásicos iniciam e acabam de maneira abrupta, tendo duração fugaz e quase nunca tomando mais que uns poucos segundos/minutos que, entretanto, para pacientes e familiares parece ter uma maior duração. Ao contrário do que é observado nas disfasias de origem vascular, ataques epilépticos disfásicos quase sempre se manifestarão sem associação com déficits motores. Lembrar que a crise epiléptica disfásica geralmente se expressa como se "a fala estivesse presa" e que este é um sintoma cuja causa deverá ser esclarecida em todos os casos. O EEG é um recurso útil para se confirmar a origem epiléptica de ataques recorrentes de disfasia; porém, tomografia ou ressonância devem ser realizadas para esclarecimento etiológico.
Afasia epiléptica adquirida (Landau-Klefner, 1957) – Crianças previamente hígidas que desenvolvem afasia progressiva associada com crises epilépticas. O EEG é fundamental para um diagnóstico apropriado. Em muitos pacientes um tratamento anti-epiléptico adequado contribui decisivamente para uma melhora substancial do transtorno de linguagem.
4.2 Tipos de afasias
Apesar de o termo afasia significar estritamente uma completa ausência de linguagem, consagrou-se o seu uso no lugar da palavra mais correta, “disfasia”, para se designar qualquer transtorno, incluindo os discretos, do uso simbólico das palavras.
São problemas relacionados às habilidades linguísticas (fala, leitura escrita, escuta), especialmente na fase de formação escolar. Os distúrbios de linguagem, assim como outros distúrbios de aprendizagem, não são considerados doença. Trata-se de dificuldades que podem ser contornadas com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso.
As Afasias podem ser subdivididas em quatro grupos principais:
Afasia motora ou de expressão é uma variedade que surge sempre em consequência de lesão nas proximidades da área de Broca. Na sua forma mais severa, o indivíduo perde totalmente a capacidade de falar; quando muito se limita a dizer sim e não em resposta às indagações que lhe sejam dirigidas. Apesar disso ele demonstrará um perfeito entendimento da palavra e não hesitará em obedecer aos comandos que lhe sejam transmitidos.
Entretanto, naqueles casos em que a disfasia expressiva não é tão grave, o paciente tende a usar um número restrito de palavras, bem menos do que permitiria seu vocabulário normal; e nessa situação, tende a pronunciá-las de maneira titubeante e às vezes repetitivamente. Durante a fala é comum atropelar as palavras e intercalá-las com longas pausas. Não obstante isso, as palavras que utiliza (ou intenta empregar) são as apropriadas para aquilo que deseja expressar.
A capacidade de escrever, outra forma de linguagem motora, costuma exibir alteração similar (agrafia ou disgrafia). Contudo é oportuno recordar que a área de Broca está muito próximo da córtex motora; assim, muitos pacientes terão hemiparesia associada com o déficit de linguagem. Logo, recomenda-se testar a capacidade de escrita usando-se a mão não afetada, que é geralmente a esquerda.
Por outro lado, o termo "palilalia" é reservado para designar um transtorno caracterizado pela repetição cada vez mais rápida de palavras ou frases estereotipadas, e muito provavelmente reflete um tipo de disfasia expressivo.
Finalizando esse grupo, devemos dirigir alguma atenção a uma das formas menos severas de disfasia, intitulada afasia nominal ou amnésica. Nesta síndrome, o paciente apesar de incapaz para identificar as pessoas ou objetos a sua volta, demonstra estar plenamente consciente da sua natureza e significado, se, por exemplo, lhe mostrarmos um relógio, ele não conseguirá reproduzir esta palavra; contudo demonstrará que sabe perfeitamente a utilidade do objeto em questão. Mais ainda, se alguém pronunciar o nome do objeto ou pessoa, ele saberá identificar imediatamente. Esta síndrome não possui valor localizatório, pois poderá surgir em consequência de lesões situadas nas circunvizinhanças, tanto da área de Broca como na área de Wernicke.
A afasia sensorial ou receptiva caracteriza-se fundamentalmente pela incapacidade para apreciar o significado simbólico das palavras, sejam elas faladas ou escritas.
Esse transtorno possui valor localizatório, pois quase que invariavelmente é devido a uma lesão na área de Wernicke do hemisfério cerebral dominante.
Pacientes gravemente afetados por esse tipo de disfasia demonstram total incapacidade para compreenderem o significado das palavras que ouvem ou veem.
Muitas vezes perdem também a capacidade de apreciar sons
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