A CADEIA AUTOMOTIVA MUNDIAL
Por: SonSolimar • 17/12/2018 • 2.643 Palavras (11 Páginas) • 423 Visualizações
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4) Os fornecedores de segunda linha são empresas que, muitas vezes, trabalham com projetos fornecidos por montadoras ou pelas grandes fornecedoras globais. Eles exigem habilidades de processo de engenharia a fim de atender aos requisitos de custo e flexibilidade. Além disso, a capacidade de atender aos requisitos de qualidade e obter a certificação de qualidade (ISO9000 e QS9000) é, cada vez mais, essencial para a permanência no mercado. Essas empresas podem fornecer apenas a um número limitado de mercado, mas há alguns indícios de crescente internacionalização.
5) Os fornecedores de terceiro nível são empresas que fornecem produtos básicos. Na maioria dos casos, as habilidades de engenharia rudimentares são predominantes. Nesse nível da cadeia de componentes, níveis de habilidade e investimentos em treinamento são limitados. Neste ponto da cadeia, as empresas concorrem principalmente no preço.
Houve uma mudança nas atividades de design de montadoras para fornecedores, antes os fornecedores projetavam peças prontas pensando no processo de produção em massa, porém agora eles passam a oferecer um produto mais personalizado que se adapta as necessidades da empresa.
Nesse sentido, Cruz-Moreira e Fleury (2003) sistematizaram uma tipologia de modernização industrial na qual é possível entender a hierarquia nas atividades que as empresas subcontratadas podem assumir dentro da cadeia de valor:
1. Original equipment assembly (OEA): Faccionistas ou maquiladoras: a) recebem especificações sobre produtos e processos produtivos; b) recebem insumos e componentes semiacabados; c) realizam atividades simples de montagem; e d) retornam o produto ao cliente para outras operações.
2. Original equipment manufacturer (OEM): Fornecedores de pacotes completos: a) recebem especificações sobre o produto; b) desenvolvem especificações sobre o processo de produção; c) gerenciam compras e logística; e d) entregam o produto acabado com a marca do cliente.
3. Original design manufacturer (ODM): Fornecedores de pacotes completos com design próprio: a) realizam atividades de design e de especificação de produtos; b) produzem ou terceirizam a produção; c) gerenciam a cadeia de fornecedores; e d) eventualmente decidem sobre a comercialização
4. Original brand manufacturer (OBM): Fornecedores de pacotes completos com marca própria: a) realizam atividades de criação e gestão de marcas; b) realizam atividades de design e de especificação de produtos; c) produzem ou terceirizam a produção; d) gerenciam a cadeia de fornecedores; e e) decidem sobre o processo de comercialização.
5. Global buyers (GB): Compradores globais: a) não produzem; b) realizam atividades de criação e gestão de marcas próprias; c) realizam atividades de design e de especificação de produtos; d) terceirizam a produção; e) gerenciam a cadeia de fornecedores; e f) decidem sobre o processo de comercialização.
Outra característica que pode ser observada é a transformação da Cadeia Global de Valor da Indústria Automobilística, através de fusões e aquisições de empresas de fornecimento de primeiro nível, criando assim um alcance global para esses fornecedores, e a desverticalização das montadoras. Esse aumento de responsabilidade para os fornecedores trás uma estratégia de acompanhamento das mesmas com as respectivas montadoras, que se chama follow sourcing, que significa que os fornecedores acompanham as montadoras para novos locais nos quais ela vai atuar.
2.2. O MERCADO EXTERNO DE COMPONENTES AUTOMOBILISTICOS:
Na década de 1960, com o início do livre fluxo de veículos e componentes, entre os Estados Unidos e o Canada que se iniciou o processo de integração regional, enquanto que na década seguinte a GM e Ford começaram sua integração com as empresas europeias. Com esses processos de integração em nível regional, os componentes passaram a ser produzidos de modo a satisfazer as necessidades da região como um todo. Com o tempo, a Volkswagen também se integrou de forma mais efetiva, adquirindo a empresa espanhola Seat, integrando-a ao seu sistema de produção e passando a utilizar componentes e plataformas comuns em ambas as empresas. Essa dinâmica que foi adotada na indústria automobilística está relacionada com as estratégias das empresas em fragmentar os seus processos de produção a nível global, alocando suas atividades produtivas em vários países e regiões. Todo esse processo é a criação do que temos como Cadeias Globais de Valor.
De acordo com a OMC (Organização Mundial do Comércio), entre os anos de 2000 e 2012, houve um aumento de 126,7% nas exportações de produtos automotivos, passando de US$ 571,3 bilhões para US$ 1,295 trilhão, representando um aumento de 126,7%, sendo possível ver um real avanço no comércio exterior e, portanto, na cadeia global de valor da indústria automobilística. Analisando de forma regional, a Europa sempre teve o maior volume de exportações desse ramo, partindo no ano 2000 de US$ 271 bilhões, para US$ 633,9 bilhões em 2012, mostrando um crescimento acumulado de 133,9%. Atualmente, a região que ocupa o segundo lugar é a Ásia, que apresentou também a maior taxa de crescimento no mesmo período, apresentando no ano 2000 uma exportação de produtos automotivos correspondente a US$ 112,7 bilhões e em 2012 US$ 338,5 bilhões, representando um crescimento de 200,5%.
A diferença que se pode observar em relação às duas principais regiões exportadoras de produtos automotivos é a destinação dessa mercadoria, onde a Europa exporta uma quantidade percentual muito maior para os próprios países do continente europeu, enquanto a Ásia tem uma maior diversificação das regiões para qual ela exporta, e isso é resultado de uma presença mais relevante dos carros asiáticos no mercado mundial, principalmente na Europa e América do Norte.
Já a América do Norte, ocupava a segunda posição, mas com o alto crescimento da Ásia, passou para o terceiro lugar, saindo de US$ 128,4 bilhões, em 2000, para US$ 269,9 bilhões, em 2012, apresentando então um crescimento de 110,1% no período apresentado. As exportações da América do Norte apresentam uma alta concentração na própria América do Norte, resultando em um baixo volume das suas exportações de produtos automobilísticos para outras regiões, como para a Ásia, a Europa e a América do Sul e Central. Essa característica pode está associado a uma maior presença de empresas dos Estados Unidos em outros mercados, decorrente da distribuição da sua produção em outras regiões.
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