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O Gênero, Sexualidade e Educação

Por:   •  10/12/2018  •  1.485 Palavras (6 Páginas)  •  341 Visualizações

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não sãopropriamente as características sexuais, mas é a forma como essas características sãorepresentadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai constituir,efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em um dadomomento histórico.

Gênero, sexo e sexualidade

O termo gênero passa, então, a ser usado como distinto de sexo. Visando"rejeitar um determinismo biológico implícito no uso de termos como sexo ou diferençasexual". O conceito serve, como uma ferramenta analítica e ao mesmo tempo política.Ao dirigir o foco para o caráter "fundamentalmente social", não há, contudo, a pretensãode negar que o gênero se constitui com ou sobre corpos sexuados, ou seja, não é negadaa biologia, mas enfatizada, deliberadamente, a construção social e histórica produzidasobre as características biológicas.O conceito passa a ser usado, então, com um forte apelo relacional

já que éno âmbito das relações sociais que se constroem os gêneros. Na medida em que oconceito afirma o caráter social do feminino e do masculino, obriga aquelas/es que oempregam a levar em consideração as distintas sociedades e os distintos momentoshistóricos de que estão tratando. Observa-se que as concepções de gênero diferem nãoapenas entre as sociedades ou os momentos históricos, mas no interior de uma dadasociedade, ao se considerar os diversos grupos (étnicos, religiosos, raciais, de classe)que a constituem. Portanto, o termo não pode ser simplesmente transposto para outroscontextos sem que sofra um processo de disputa, de ressignificação e de apropriação.Assim, no Brasil, é apenas no final dos anos 80 que as feministas passarão a utilizar otermo

gênero

.No entanto, o conceito de gênero não deve ser confundido com a construção de

papéis

masculinos e femininos. Papéis seriam, basicamente, padrões ou regras arbitrárias queuma sociedade estabelece para seus membros e que definem seus comportamentos, suasroupas, seus modos de se relacionar, de se portar, etc. Através do aprendizado de papéis,cada um/a deveria conhecer o que é considerado adequado (e inadequado) para umhomem ou para uma mulher numa determinada sociedade, e responder a essasexpectativas. A pretensão é, então, entender o gênero como constituinte da

identidade

dos sujeitos. Numa aproximação às formulações mais críticas dos Estudos Feministas edos Estudos Culturais, compreendemos os sujeitos como tendo identidades plurais,múltiplas; identidades que se transformam, que não são fixas ou permanentes, quepodem, até mesmo, ser contraditórias. Ao afirmar que o gênero institui a identidade dosujeito (assim como a etnia, a classe, ou a nacionalidade, por exemplo) pretende-sereferir, portanto, a algo que transcende o mero desempenho de papéis, a idéia é percebero gênero

fazendo parte

do sujeito, constituindo-o. O sujeito

é

brasileiro, negro, homem,etc. Nessa perspectiva admite-se que as diferentes instituições e práticas sociais sãoconstituídas pelos gêneros e são, também, constituintes dos gêneros. Estas práticas einstituições "fabricam" os sujeitos.

Vemos também que grande parte dos discursos sobre gênero de algum modoincluem ou englobam as questões de sexualidade. Portanto, se faz necessário estabelecerdistinções entre gênero e sexualidade, ou entre identidades de gênero e identidadessexuais. Jeffrey Week afirma que

a sexualidade tem tanto a ver com as palavras, asimagens, o ritual e a fantasia com o corpo

. Foucault a compreende como uma

invenção social

, ou seja, ele entende que ela se constitui a partir de múltiplosdiscursos sobre o sexo: discursos que regulam, que normalizam, que instauram saberes,que produzem "verdades".Observamos que os sujeitos podem exercer sua sexualidade de diferentesformas. Suas

identidades sexuais

se constituem, pois, através das formas como vivemsua sexualidade. Por outro lado, os sujeitos também se identificam, social ehistoricamente, como masculinos ou femininos e assim constroem suas

identidades degênero.

Ora, é evidente que essas identidades (sexuais e de gênero) estãoprofundamente inter-relacionadas. O que importa aqui considerar é as identidades sãosempre

construídas,

elas não são dadas ou acabadas num determinado momento, elassão instáveis e, portanto, passíveis de transformação.É possível pensar as identidades de gênero de modo semelhante: elas tambémestão continuamente se construindo e se transformando. Essas construções e essesarranjos são sempre transitórios, transformando-se não apenas ao longo do tempo,historicamente, como também transformando-se na articulação com as históriaspessoais, as identidades sexuais, étnicas, de raça, de classe.

Desconstruindo e pluralizando os gêneros

Entre as estudiosas mais conhecidas nesse campo está Joan Scott, uma historiadoranorte-americana. Um ponto importante em sua argumentação é a idéia de que é preciso

desconstruir

o "caráter permanente da oposição binária" masculino-feminino. Em outraspalavras: Joan Scott observa que é constante nas análises e na compreensão dassociedades um pensamento dicotômico e polarizado sobre os gêneros; usualmente seconcebem homem e mulher como pólos opostos que se relacionam dentro de uma lógicainvariável de dominação-submissão. Para ela seria indispensável implodir essa lógica.Desconstruir a polaridade rígida dos gêneros, então, significaria problematizartanto a oposição entre eles quanto a

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