Renovação Carismática Católica
Por: SonSolimar • 19/10/2018 • 3.865 Palavras (16 Páginas) • 286 Visualizações
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O presente trabalho tem a finalidade de contribuir com o ensinamento e o entendimento da população como um todo, sobre este tema tão relevante para a sociedade. Pretende-se demonstrar e entender como a Renovação Carismática Católica (RCC) vem ganhando vários adeptos com o passar dos tempos e, também, como vem despertando críticas e indagações dentro da própria Igreja.
O objetivo desse trabalho é identificar como a Igreja Católica vem lidando com essa nova vertente que surgiu como um novo modo de religiosidade que a população vem buscando cada vez mais e mostrar como a própria Igreja vem conseguindo com que grupos opostos consigam permanecer em uma mesma hierarquia.
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a da pesquisa bibliográfica, fundamentada em livros e artigos científicos referentes ao tema abordado. A pesquisa bibliográfica é aquela que consiste em uma etapa fundamental em qualquer trabalho científico, pois é ela que vai influenciar as demais etapas, fornecendo o embasamento teórico necessário para a realização do trabalho.
2. DESENVOLVIMENTO
Pode-se atribuir como surgimento da RCC (Renovação Carismática Católica) as reuniões ocorridas em um final de semana, de 17 a 19 de fevereiro de 1967, quando cerca de trinta leigos católicos, membros do corpo docente da Universidade Duquesne em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA, encontravam-se em um retiro espiritual para orar e discutir sobre a vitalidade de sua vida religiosa (CORRÊA, 2006).
O retiro foi programado por dois professores daquela universidade, aliados com um grupo de senhoras que oravam constantemente, tendo como tema “O Espírito Santo no primeiro capítulo dos Atos dos Apóstolos”. O que chama a atenção para esse fato é que entre os conferencistas estava uma senhora de origem protestante que apenas frequentava a igreja e grupos de oração (LAURENTIN, 1977).
Foi então que, em um momento de oração ocorreu um pentecoste, levando-os a experimentar uma profunda transformação espiritual, dando-lhes uma nova consciência do amor de um Deus ressuscitado, independentemente de sua própria vontade (CORRÊA, 2006).
Estas notícias se divulgaram rapidamente causando um grande impacto no meio religioso universitário. O “Fim de Semana de Duquesne”, como ficou mundialmente conhecido este retiro, tem sido geralmente aceito como o ponto de partida que deu origem à Renovação Carismática Católica (RCC), cuja abrangência estendeu-se, num curto período de tempo, por um grande número de países (MANSFIELD, 1995).
A experiência inicial vivida nestas universidades, caracterizada por um reavivamento espiritual por meio da oração, da vida nova no Espírito, com a manifestação dos seus dons, tomou corpo, transpondo rapidamente o ambiente onde foi originada (MANSFIELD, 1995).
Embora os primeiros momentos da Renovação tenham se dado em torno do retiro de Duquesne e apesar de estarem os americanos igualmente presentes no seu nascimento em diversos outros países, seria falso atribuir a expansão da Renovação Carismática unicamente à sua influência. Como afirma Hebrard (1992), a Renovação Carismática explodiu quase ao mesmo tempo em todos os cantos da terra e em todas as igrejas cristãs, sem que se saiba muito bem como é que o fogo se ateou.
No Brasil, o movimento se deu por meio do padre jesuíta americano Eduardo Doughert, em maio de 1969, oportunidade em que este discorreu acerca de suas experiências carismáticas ao seu confrade padre Haroldo Rahm, que em seguida iniciou os retiros denominados “Experiência de Oração no Espírito Santo”, criando também um grupo de oração em Campinas, SP, onde vivia (PIERUCCI & PRANDI, 1995; CORRÊA, 2006).
Em 1970, o padre Daniel Kiarkarski fundou a RCC no Paraná, mais especificamente na cidade de Telêmaco Borba, chegando a Maringá em meados de 1971. Em 1972, o padre Eduardo Dougherty voltou ao Brasil e pregou em retiros em várias cidades do país. A partir desses retiros, surgem os grupos de oração em Goiânia, Belo Horizonte, Bahia, Brasília, Pará, São Paulo, Mato Grosso, entre outros estados brasileiros (CHAGAS,1976; CORRÊA, 2006).
Em 1972, Pe. Haroldo escreveu o livro “Sereis batizados no Espírito”, onde explica o que vem a ser o “Pentecostalismo Católico”. Sendo uma das primeiras obras publicadas no país sobre o movimento, o livro traz orientações para a realização dos retiros de “Experiência de Oração no Espírito Santo”, que muito colaboraram para o surgimento de vários grupos de oração. Pe. Haroldo foi o responsável em divulgar a Renovação para muitos dos que viriam a se tornar suas lideranças. A adesão de Padre Jonas Abib, logo no início, deu um grande impulso para a Renovação.
A partir de 1980, a Renovação Carismática consolidou-se institucionalmente, espalhando-se por todo o território nacional, vindo a ocupar um espaço significativo na mídia, seja como objeto de notícias, seja como usuária dos meios de comunicação social (MARIZ et al., 2001; RCC BRASIL, 2010).
Em 1980, Pe. Eduardo Dougherty fundou a Associação do Senhor Jesus (ASJ). Partindo da venda de material religioso, tal como livros de formação e de cânticos, tendo em vista atingir a realização de programas de TV. Logo em seguida foi criado o programa "Anunciamos Jesus", que, em 1986, já cobria através de três redes de TV, 60% do território nacional. A partir de 1990, a ASJ fundou o Centro de Produções Século XXI, que possui três grandes estúdios de TV, na cidade de Valinhos, São Paulo. Atualmente, possui um sistema televisivo próprio com objetivo de, em médio prazo, estar com retransmissoras em todas as regiões do Brasil (MARIZ et al., 2001; RCC BRASIL, 2010).
Também se destaca nos meios de comunicação a Comunidade Canção Nova. Iniciada em 1974 na cidade de Lorena, a Canção Nova adquiriu em 1980, em Cachoeira Paulista, uma Rádio e mais adiante, em 1989, conseguiu uma concessão de TV. Através da Fundação João Paulo II, a Rede Canção Nova TV é o canal católico que mais cresce no Brasil, possui retransmissoras em todas as regiões do país, estando também presente na Itália e em Portugal. Foi também, a partir de 1990, que aconteceu a grande "explosão" da Renovação Carismática que atinge milhões de brasileiros (MARIZ et al., 2001; RCC BRASIL, 2010).
Estudos mais recentes, contrariando alguns prognósticos da não expansão da base social da RCC para além da classe média, indicam que o movimento também chegou as camadas trabalhadoras dos bairros populares, onde há uma tendência ao crescimento acelerado.
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