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Visibilidade do Tradutor

Por:   •  29/9/2018  •  3.329 Palavras (14 Páginas)  •  366 Visualizações

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O presente trabalho tem como objetivo discutir e disseminar a importância da visibilidade do tradutor, principalmente no texto literário. Para isso foi feita uma pesquisa procurando teóricos que abordaram o tema e o defenderam.

Apresentar o ponto de vista de alguns estudiosos que defendem o tema, mostrando suas justificativas e motivos pelo que acreditam que o assunto merece e deve ser explorado.

O presente trabalho é um artigo científico de revisão bibliográfica. Para a sua elaboração foram feitas pesquisas entre estudiosos da área para que seja possível comparar o ponto de vista de cada um e observar como o tema do trabalho é importante no meio acadêmico da tradução.

DESENVOLVIMENTO

Em um mundo ideal, o tradutor teria a liberdade de fazer com o texto o que julgasse o melhor, porém isso está longe de ser a realidade da profissão. Existem debates nos Estudos da Tradução que defendem que o tradutor, por ser o coautor do texto, mereça seu devido reconhecimento sendo visível ao leitor, porém ainda existem autores e tradutores que acreditam que o texto deve permanecer sem a influência do tradutor para que possa se manter puro (QUERIDO, 2012, p. 105).

Aponta Venuti (1996, p. 122) que: “O estudo da tradução é, na realidade, uma forma de erudição histórica, pois obriga o estudioso a enfrentar o problema da diferença histórica na cambiante recepção de um texto estrangeiro”.

Como ressalta Bohunovsky:

[...] no âmbito das discussões teóricas sobre tradução mais recentes, a “fidelidade” na tradução não é mais entendida como a tentativa de “reproduzir” o texto de partida, mas está sendo relacionado à inevitável interferência por parte do tradutor, à sua interpretação e manipulação do texto. O tradutor é entendido como um sujeito inserido num certo contexto cultural, ideológico, político e psicológico - que não pode ser ignorado ou eliminado ao elaborar uma tradução. O tradutor tornou-se “visível” (BOHUNOVSKY, 2001, p. 54).

Bassnet (2003, apud QUERIDO, 2010, p. 106) explica historicamente que:

Na Europa renascentista, a tradução desempenhou um papel de importância central. [...] A tradução não foi, de modo nenhum, uma actividade secundária; foi antes uma actividade primária, exercendo poder modelador da vida intelectual da época e, por vezes, a figura do tradutor parece quase mais a do activista revolucionário do que a do servo de um autor ou texto original.

Querido (2012, p. 106) ainda explica que na época citada por Bassnet (2003), o tradutor recebia créditos pelo seu trabalho e era, inclusive, o responsável pela compra e divulgação das obras literárias, sendo que a perda desse cargo ocorreu apenas alguns anos mais tarde.

Para Comellas (2000, apud QUERIDO, 2010, p. 106):

De negociante dos valores a serem pagos pelo texto traduzido (tendo lucro com isso), responsável pelo intercâmbio de conhecimento e ativista, o tradutor passou a ser visto como servo dos autores. A partir do momento em que foi estabelecida a “paternidade” dos textos, o papel do tradutor passou a ser subestimado. Partiu-se da ideia de que “em arte, ninguém mais do que o autor está na própria casa”.

Nessa época, alguns autores chegavam a acreditar que seria melhor se os tradutores nem existissem. Porém, como não eram capazes de “evitá-la, que o tradutor fosse então capaz de transmitir a obra sem interferir, invisível e fiel” (QUERIDO, 2010, p. 108). Essa ideia foi tão difundida no meio literário, que até hoje, muitos ainda têm dificuldade em aceitar que a tradução seja feita de um modo diferente. De acordo com Freitas (2003, p. 59): “O posicionamento do tradutor se dá consoante sua crença de no que consiste a tradução e deve ser enquadrado em uma dessas posições. O tradutor ou é conservador ou é revolucionário e, para optar, ele deve se filiar a um desses blocos. ”

Querido (2012) contesta a afirmação de Venuti de que a tradução domesticada torne o tradutor invisível, pois acredita que o tradutor fique visível nas escolhas de vocábulo utilizadas na construção do texto e nas escolhas de interpretação, mas ainda continue invisível na sociedade, por não receber o reconhecimento pelo seu trabalho.

Com a aceitação da presença do ‘outro’ no texto, ou seja, do tradutor, um dos benefícios ganhos seria que deixariam de fingir uma invisibilidade e lealdade impossíveis ao texto original, fazendo assim com que houvesse a possibilidade do início de uma nova tradição na área de Estudos da Tradução, sem a obrigatoriedade de tentar se apagar do texto, logo, podendo explorar melhor o enredo de seus trabalhos (ARROJO, 1992, p. 70).

O tradutor tem sempre que justificar suas escolhas, a quem prestar conta do andamento do seu trabalho, sejam editores, clientes ou até mesmo o autor da obra original. Conforme afirma Pinho (2010, p.117):

Alguma dessas restrições interferem diretamente e servem de limite ao trabalho de tradução. Como exemplo, devem mencionar-se as obrigações contratuais determinadas entre os editores que têm os direitos de publicação da obra ou imposições do próprio autor, e que reservam o direito à tradução, ou à não tradução, de determinados elementos constantes da obra a traduzir.

Como resultado dessa interferência externa, muitas vezes o profissional acaba realizando a tradução que lhe foi exigida, e não a que ele considerava ser a melhor, tendo que obedecer às ordens e ignorar sua intuição.

Na tradução de uma obra literária é interessante que o tradutor incentive o leitor, por exemplo, escolhendo manter termos referentes à cultura da língua de partida sem tradução, acrescentando no final da página uma Nota de Tradução, a nota de rodapé. Lá, o tradutor pode explicar o que tal termo quer dizer, a sua origem. Isso faz com que o leitor perceba que essa expressão é algo típico da língua do autor, e agrega um conhecimento novo. Depreende-se de Pinho (2010, p.123) que essas notas, que normalmente são mais curtas e colocadas no rodapé, geralmente servem para informar algo ao leitor, para ajudá-lo a entender melhor a obra, enquanto os outros tipos de notas de tradução geralmente são usadas pelo tradutor para justificar sua escolha de tradução e afirmar seu conhecimento sobre o assunto da obra. O tradutor deve considerar com objetividade se as notas serão necessárias na tradução, caso ache que seu leitor terá dificuldade em compreender algo que foi traduzido, deve utilizar-se desse

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