Dia Perfeito
Por: Lidieisa • 21/11/2017 • 3.827 Palavras (16 Páginas) • 541 Visualizações
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“Que música bonita Léo!. Esta eu não conhecia.”, elogiou o Oliver. Vindo dele o elogio era gratificante pois o malandro sabia dominar aquele instrumento.
“Você toca muito bem Léo. Não sabia que você tinha uma voz tão bonita pra cantar.”, complementou a Alessandra. Vindo um elogio dela, eu não precisava mais nada na vida. Nem nos meus sonhos eu nunca receberia um elogio desta maneira. Naquele momento eu não sabia se deveria agradecer ao meu pai por ter deixado eu vir ou ao Oliver por ter causado a nossa suspensão. A minha gratidão por ambos era grande.
“Obrigado Alessandra mas eu não toco nem um terço do que o Oliver toca.”, agradeci jogando toda a responsabilidade ao malandro.
“Sério?”, perguntou ela.
“Que nada, o Léo que toca bem e olha que já vi muitos garotos tocarem.”, respondeu Oliver meio sem graça. Mesmo que ele quisesse falar que eu tocava bem, ele sabia que eu não chegava aos pés dele.
“Léo toca outra.”, pediu Alessandra.
“Qual você gosta?”, perguntei já me arrependendo pois meu repertório não era tão grande assim.
“Qualquer uma.”, respondeu ela.
“Toca aquela sua favorita.”, sugeriu Oliver. Olhei para ele com um olhar de “você me paga”.
“Qual Léo?”, perguntou a Alessandra com um sorriso meigo. Não tinha dizer não para aquele sorriso.
“É uma do Guilherme Arantes.”, respondi meio sem graça. Eu sabia os acordes desta musica até com os olhos fechados mas tinha medo de justamente na frente dela desse um branco.
“Guilhermes Arantes é o meu cantor preferido. Você sabe “Meu mundo e nada mais?”, perguntou ela. Era justamente a música que o Oliver tinha pedido. Era também a minha deixa para eu tocar ela e não precisar me explicar. Afinal era a Alessandra que pediu ela.
♪Quando eu fui ferido
Vi tudo mudar
Das verdades que eu sabia. ♪
Esta musica tinha um grande significado para mim mas confesso que nunca imaginaria que um dia eu tocaria para a minha Alessandra. Ao ver o reflexo do sol no rio refletir no seu lindo rosto fazia aqueles poucos minutos virarem uma eternidade. Não que eu estivesse reclamando mas desejava que aqueles minutos virassem horas ou dias.
“Obrigada Léo. Esta é a minha música favorita. Você tocou e cantou muito bem. Você fez o meu dia.”, elogiou Alessandra. Confesso que não esperava por este elogio mas não tinha como esconder o meu sorriso de satisfação. O mesmo sorriso do Frank ao receber elogios do seu chá. Olhei para o Oliver e ele apenas deu uma piscada dando a entender que era para eu continuar tocando pois ela já tinha caído no laço. Bom isto era o que eu imaginava mas sabia que não seria uma música que iria conquistar o coração dela. Fui tocando outras músicas que eu tinha no meu pequeno repertório foi quando o capitão avisou que chegamos no nosso destino. Era o mesmo local que tínhamos nadado na primeira vez. Aquele lugar era divino. Éramos só nós e a linda natureza. A água era cristalina. Era possível ver o fundo do rio em cima da jangada. Realmente era o nosso pequeno paraíso.
Ancoramos no mesmo barranco da última vez. Eu fui logo amarrando a jangada em uma árvore para não termos nenhum problema enquanto estaríamos brincando. O calor era grande e nem precisamos de mandar os cachorros pularem na água. Quando notamos eles já estavam se divertindo. Eu e o Oliver estávamos colocando nossas mochilas e o violão nas pedras quando a Alessandra gritou “o último é mulher do padre” antes de cair na água. Não pensei duas vezes e me joguei sendo seguido pelo Oliver. Na água a Alessandra dava suas gostosas gargalhadas.
Quando estávamos na água esquecíamos da vida. Passávamos a maior parte do tempo rindo e tirando sarro um do outro. Depois de algumas horas brincando, estávamos exaustos. Saímos e deitamos nas pedras para descansamos. Por alguns minutos ficamos nós três parado, olhando pro céu e pensando na vida.
“O que será que a Dona Rute deve estar ensinando agora?”, perguntou a Alessandra.
“Ela deve estar batendo na mesa com a régua e mandando alguém para a diretoria.”, respondi arrancando risadas dos dois.
“Oliver, conta um pouco da sua vida. Como você veio parar nesta cidade?”, perguntou Alessandra.
“Bom eu nasci eu São Paulo. Meu pai trabalha numa empresa internacional e por isso já morei na Alemanha, Japão, Holanda, Estados Unidos e atualmente moramos na Inglaterra. Como minha avó não gosta de viajar de avião, meus pais concordaram em deixar eu passar um tempo com ela aqui nesta cidade.”, respondeu Oliver.
“Ele tinha uma banda nos Estados Unidos.”, complementei.
“Sério? Qual era o nome dela? Que músicas vocês tocavam?”, perguntava Alesandra.
“O nome era First Street Band. Era o nome onde morávamos e eu e meus amigos brincávamos. Eu tocava Bruce Springsteen, Tom Petty e Eagles.”.
“Você toca Eagles?’, perguntou Alessandra excitada.
“Sim toco.”, respondeu o malandro como se fosse algo tão normal.
“Toca uma então Oliver.”, pediu Alessandra. Eu sabia que aquele momento iria apagar todas as músicas que eu tinha tocando anteriormente. Não tinha como competir com o Oliver tocando musica internacionais.
Oliver pegou o violão deu uns três acordes para ver se estava ainda afinado. Sentado na pedra com os pés dentro da água começou a tocar a introdução de uma música.
“Esta é uma das minhas favoritas deles. “Take It to the limit “ mais ou menos “Leve até o limite.”, disse ele antes de começar a tocar por inteira. Cantar em inglês fazia a diferença. Não tinha como competir com ele. Mesmo não entendendo nada do que ele cantava, a música era bonita e fazia sentido o que eu ouvia. O moleque tinha dom mesmo.
“Muito bom, Oliver! Esta eu conheço. Meu pai tem o LP deles.”, confidenciou Alessandra. Para mim era a primeira vez que ouvia. Só por esta música eu já tinha certeza que todo o LP do Eagles era ótimo.
“Alguém
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