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A Cardiopatia e psicossomática

Por:   •  30/9/2018  •  1.622 Palavras (7 Páginas)  •  396 Visualizações

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A Intervenção do Psicólogo

Diante de tais sentimentos e questionamentos a enfrentar, é importante que o paciente faça uma reestruturação em sua vida. Retomando as palavras de (MOFFATT, 1982) considera-se que o acontecer do processo de vida tem fases ou as chamadas etapas da vida, algumas etapas suaves, como o fim de uma carreira ou mudança de trabalho; outras, traumáticas, como um acidente ou a morte repentina de um dos pais; neste caso, o EU deve reestruturar-se, o que produz muita angústia, pois parte tem que se dissolver enquanto outra se cria.

Pode tornar-se difícil superar o momento potencialmente crítico, que evoca para o paciente muito mais do que apenas o momento de internação ou cirurgia; há reavaliação da vida como um todo, há percepção do risco de vida (ou morte) de toda sua significação. Verificam-se e não intensos sentimentos de angústia, medo e desapontamento. Neste sentido fica clara a relevância e utilidade da assistência psicológica ao indivíduo. Este acompanhamento, ainda que devido às circunstâncias, às vezes realizado em curto prazo, permite aproximação ao paciente que se beneficia com a possibilidade de falar, refletir ou mesmo calar junto a alguém.

É importante então por parte do psicólogo o acolhimento ao paciente: Acolher significa receber, atender, amparar, enfim dar abrigo e refúgio ao outro. Para que isso possa ser feito é essencial ao terapeuta ter desenvolvido sua capacidade de empatia, que significa compartilhar, experimentar os sentimentos de outra pessoa.

Compartilha-se da qualidade e não da intensidade dos sentimentos; do tipo, e não da quantidade. O principal objetivo de empatia é a obtenção de uma compreensão do paciente. É básico então o estabelecimento de uma relação empática e de confiança que possibilite psicólogo e paciente explorar juntos os múltiplos fatores que configuram a situação do momento. Trata-se de experiência conjunta que, de acordo com Ferreira Santos (1989), impede a agravamento do quadro, pois se o paciente conduzi-la sozinho, recorrerá mais facilmente a mecanismos de defesa cada vez mais estruturados e mais subjetivos, vindo eventualmente a desenvolver quadros neuróticos severos e até psicóticos. Cabe ao psicólogo distinguir de acordo com as condições do paciente e o contexto em que se encontra, qual a intervenção mais adequada a cada caso.

Pode ser realizada apenas uma Psicoterapia de Apoio, no caso de pacientes que necessitam de orientação, aconselhamento, para que possam recuperar equilíbrio pessoal. Em outros casos é mais adequado uma Psicoterapia de Esclarecimento ou uma Psicoterapia Breve Mobilizadora, onde se procura desenvolver no paciente uma atitude de auto-observação, de compreensão de suas motivações ou conflitos (possíveis insights que permitam a reorganização).

A intervenção também pode ser feita através de Psicoterapia Breve Resolutiva ou Psicoterapia Reconstrutiva, onde se pretende atingir núcleos profundos (inconscientes) de sua psicodinâmica que se encontram, para a situação atual, potencializando o conflito. O atendimento psicológico pode também ser realizado por modalidade de Psicoterapia Breve, onde o terapeuta intervém através do esclarecimento, clareamento e resolução de focos específicos da psicodinâmica do paciente, visando restabelecer equilíbrio psíquico previamente existente, e assim ultrapassar os obstáculos que se interpuseram a uma determinada meta de sua vida. Para tanto são utilizados três recursos básicos de ação: tempo limitado do processo terapêutico, delimitação precisa dos objetivos a serem alcançados e alinhamento do planejamento em torno de único fogo. Com este tipo de atendimento também se torna possível avaliação e encaminhamento para trabalho mais aprofundado em casos que se verifiquem necessários.

Permite-se assim, assistência mais específica e construtiva, inclusive com vistas ao desenvolvimento futuro e possíveis recorrências de crises pela doença. Acontecem muitas vezes recorrências de crises pela doença. Muitas vezes nova marca libera a anterior de tal maneira que novo registro se estabelece, evitando a repetição. A elaboração dos conflitos gerados pelo conhecimento do problema cardíaco, pela realização de cirurgia ou mesmo de conflitos subjacentes que se manifestam neste momento e talvez através dele, permite maior equilíbrio pessoal, alcance de maior sentido de realidade psíquica, evitando desconhecimentos, tensões que causam angústia, depressão, pânico, que certamente ocupam importante papel seja no desencadeamento ou reação a uma crise cardíaca. Do exposto pode-se concluir pelo papel relevante da orientação psicológica na interação multiprofissional que sobremaneira beneficia o tratamento do paciente cardiopata.

REFERÊNCIAS

DE LEO D, MAGNI G. RIZZARDO. R. Personalitá e cardiopatia ischemiaII Comportamento di tipo A. G Ital Cardiol, 1983.

LIPP. M. E. N. Estresse emocional: a contribuição de estressores internos e externos. Rev Psiq Clín. São Paulo, 2001.

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HORNSTEIN C. Stress, anxiety and cardiovascular disease: an interdisciplinary approach. Vertex, 2004

HALLAGE. A. G. Papel das emoções e das situações psicologicamente estressantes na gênese das arritmias cardíacas e da morte súbita. In: Lamosa BWR. Psicologia aplicada à cardiologia. São Paulo: Fundo Editorial BYK, 1992.

OLIVEIRA. M. F. P, SHAROSVSKY. L. L, ISMAEL S. M.C. Aspectos emocionais no paciente coronariano. In: Oliveira MFP, Ismael SMC. Rumos da psicologia hospitalar

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