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ANÁLISE DAS EXPRESSÕES DA "QUESTÃO SOCIAL" NO FILME GERMINAL

Por:   •  9/2/2018  •  1.504 Palavras (7 Páginas)  •  700 Visualizações

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Era comum acontecer pequenos e grandes desabamentos no interior das minas, por isso existiam muitas escoras de madeiras. Cabiam aos trabalhadores fazer as escoras para garantir minimamente sua segurança. No entanto, como ganhavam por cada vargoneta cheia, não tinham tempo de parar a produção de minério de carvão para arrumar as escoras. Aconteciam acidentes frequentemente e os trabalhadores acabavam por serem culpabilizados e punidos com severas multas. Até o momento só existia classe em si.

Como estratégia para redução de salário e maior acúmulo de mais-valia, os capitalistas começaram a descontar centímetros sobre as vargonetas mal escoradas e adotaram novas tarifas de pagamento. Essa constrição foi o estopim.

Os trabalhadores logo começaram a revoltar-se contra o modo de produção vigente e começaram a delinear estratégias coletivas, incentivadas por um operário recém-chegado. Solicitando aumento de cinco centímetros por vargonetas, melhores condições de trabalho e o não desconto sobre as escoras. No entanto, a burguesia continuava em inércia diante das reivindicações trabalhistas e não os reconheciam enquanto sujeitos envolvidos em um contexto sociopolítico. O que era referendado através das damas de caridade.

Quando tentavam entrar amigavelmente em acordo com os diretores das minas, recebiam como resposta que os capitalistas eram vítimas e estavam sofrendo as consequências do processo de modernização para fase industrial, logo, uma greve era um desastre para todos.

Alguns trabalhadores eram favoráveis em entrar em acordo com os diretores e lutar por melhorias na condição de vida e trabalho, outros, mais radicais, eram a favor de acabar com tudo e tentar começar do zero. Deixando bem claro o posicionamento marxista e anarquista por parte do proletariado e suas perspectivas distintas de lutas.

Cansados da situação de pauperização massiva, degradação – física, moral e social – e a falta de esperança e, como não houve acordo, a vanguarda trabalhadora viu-se obrigada a entrar em estado de greve. Entra em cena a classe para si, pois a massa toma consciência de classe frente ao capital, reconhecem-se enquanto atores/sujeitos políticos e não aceitam as calamidades da crise impostas pelo capital burguês. Os interesses individuais passam agora a ser coletivizados.

Criam uma caixa de garantia/fundo de reserva para garantir minimamente a sobrevivência dos grevistas. Dizem que é necessário criar uma sessão da Associação Internacional dos trabalhadores na cidade de Montsou. Pois “o trabalhador sozinho não é ninguém, mas unido representa uma grande força” e pela primeira vez os trabalhadores vão se unir para lutar de igual para igual com os patrões.

Os trabalhadores da primeira mina fazem greve por um mês e, após assembleia, decidem partir para as outras minas e conscientizar os demais trabalhadores a respeito da importância da greve. Ao chegaram nas minas, os grevistas destroem os equipamentos e impedem que os outros entrem nas minas para trabalhar. “É injusto ser egoísta enquanto os companheiros morrem de fome”.

Enquanto o recrudescimento do pauperismo assolava a classe trabalhadora, ficando cada vez mais miserável, a classe capitalista comia brioches e ostentavam com banquetes.

Uma das cenas mais emocionantes é quando a classe trabalhadora marcha cantando e ao aproximarem-se da cidade, a burguesia se esconde dentro de suas casas.

Passam-se dois meses de greve e as expressões da “questão social” aumentam junto com o recrudescimento do pauperismo. Crianças adoecem e morrem constantemente. As companhias passam a contratar trabalhadores belgas.

Durante os confrontos, o Estado opressor, grande aliado da burguesia capitalista, mata homens, mulheres, crianças e idosos. Reprime o movimento grevista causando verdadeiras atrocidades na cidade e com as famílias, visando debilitar o movimento político dos operários.

O capitalismo é cíclico, aos poucos os trabalhadores são obrigados a voltar as minas. Mulheres e crianças principalmente. Fica a lição que nada será o mesmo, nada será como antes A classe proletária engendrou-se de consciência política e, acima de tudo, de classe para si. Onde houver a diferença entre pobreza extrema X capital, haverá luta de classes, pois essas derrotas “constituíram o material histórico a partir do qual, prática e politicamente, o proletariado começa a constituir a sua identidade como protagonista histórico-social consciente” (NETTO, 2011, p. 55).

No decorrer do filme constatamos o exórdio da organização política da classe operária durante o século XIX e uma manifestação fervorosa em defesa do proletariado, mostrando concepções de luta presentes nas cenas e nas falas dos personagens de Germinal.

Quando existe uma consciência de classe, não apenas posição, o sujeito, que agora é político, passa a agir de forma organizada nos diversos contextos socioeconômicos e culturais, criando estratégias de sobrevivência, luta, consciência e revolução. Sendo assim protagonistas de sua própria história no enfrentamento e reivindicações das expressões da “Questão Social”, sendo esta considerada como “as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado” (IAMAMOTO, 2015, p. 83-84).

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