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Ivan ilich

Por:   •  30/12/2017  •  3.070 Palavras (13 Páginas)  •  269 Visualizações

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Ela os escolariza para confundir processo com substância. Alcançado isto, uma nova lógica entra em jogo: quanto mais longa a escolaridade, melhores os resultados; ou, então, a graduação leva ao sucesso. O aluno é, desse modo, escolarizado a confundir ensino com aprendizagem, obtenção de graus com educação, diploma com competência, fluência no falar com capacidade de dizer algo novo. A escolaridade não promove nem a aprendizagem e nem a justiça, porque os educadores insistem em embrulhar a instrução com diplomas. Misturam-se, na escola, aprendizagem e atribuição de funções sociais. Aprender significa adquirir nova habilidade ou compreensão, enquanto a promoção depende da opinião formada de outros. A aprendizagem é, muitas vezes, resultado de instrução, ao passo que a escolha para uma função ou categoria no mercado de trabalho depende, sempre mais, do número de anos de frequência à escola.

No segundo capítulo, Illich trata da fenomenologia da escola, tendo como objectivo principal discutir sobre os papéis que o currículo e os indivíduos assumem na instituição escolar. No entanto, define a «escola» como um processo que requer assistência de tempo integral a um currículo obrigatório, em certa idade e com a presença de um professor. Desta forma, Illich critica a questão da idade escolar, da frequência, o conceito de criança, e, portanto de aluno, como também delineia os diferentes tipos de professores e as limitações de actuação na escola. Com isso, o autor procura demonstrar o poder dessa instituição e as implicações da segregação social contidas no currículo escolar.

Se não houvesse uma instituição de aprendizagem obrigatória e para determinada idade, a infância deixaria de ser produzida. Os jovens das nações ricas estariam liberados de sua destrutividade e as nações pobres não tentariam rivalizar com a infantilidade das nações ricas. Se a sociedade quisesse superar sua idade infantil, teria que tornar-se suportável para os jovens. Para Illich A maior parte dos nossos conhecimentos adquirimo-los fora da escola. Os alunos realizam a maior parte de sua aprendizagem sem os, ou muitas vezes, apesar dos professores. Mais trágico ainda é o facto de que a maioria das pessoas recebe o ensino da escola, sem nunca ir à escola. Todos aprendemos o como viver sem o auxílio da escola. Aprendemos a falar, pensar, amar, sentir, brincar, praguejar, fazer política e trabalhar sem interferência de professor algum.

No terceiro capitulo, de nome ritualização do progresso o autor apresenta outro processo da instituição escolar, o rito, cujos mecanismos são ainda mais eficazes na conformação dos indivíduos para a sociedade de serviços e, com isso, ao papel de consumidores. Diante disso, a universidade desempenha um papel importante nesse processo, visto que consegue impor padrões de comportamento e adequação social, pelos quais os indivíduos a internalizam, mesmo após o término de seus estudos.

Para Illich, a escola também inicia os alunos em uma série de mitos, os quais reforçam o intuito da escolarização. Entre os principais, o autor destaca o Mito do Consumo Interminável. Este mito moderno se fundamenta na crença de que o processo produz, inevitavelmente, algo de valor e, por isso, a produção necessariamente cria a demanda. A escola nos ensina que a instrução produz aprendizagem. A existência de escolas produz a demanda pela escolarização. Uma vez que aprendemos a necessitar da escola, todas as nossas actividades vão assumir a forma de relações de clientes com outras instituições especializadas. Uma vez que o autodidacta foi desacreditado, toda actividade não profissional será suspeita. O valor da aprendizagem aumenta com a quantidade de conhecimentos adquiridos, que serão por sua vez mensurados pelo certificado

O quarto capítulo trata das especificidades das instituições na sociedade. A partir de dois extremos, Illich traça as características das instituições que o autor denomina de ‘manipulativas’ e ‘conviviais’. Nesta sistematização, o autor define instituições que prestam falsos serviços públicos. A escola está neste perfil. Como proposta Illich indica a necessidade de modificação da estrutura institucional da escola.

As incoerências do conceito de aprendizagem foram descritas no quinto capítulo. Illich utilizou tanto a crítica à teoria comportamental como à libertária para mostrar as deficiências das pesquisas educacionais e dos estilos educacionais adoptados. No sexto capítulo, o autor apresentou sua proposta educacional. Conceituou a expressão ‘teias de oportunidades’ e o conjunto de recursos educacionais que as constituem. A importância desse capítulo se ressaltou por retratar a perspectiva de educação e compreensão de aprendizagem do autor no desenvolvimento de abordagens para o acesso aos recursos educacionais. Na escola, alunos matriculados se submetem a professores diplomados para obter também eles diplomas; ambos são frustrados e ambos responsabilizam a insuficiência de recursos - dinheiro, tempo, instalação ·Essa crítica leva muitas pessoas a perguntarem se existe outra possibilidade de aprendizagem. Paradoxalmente as mesmas pessoas quando pressionadas a especificar como adquiriram o que sabem e valorizam, prontamente admitem que o aprenderam, as mais das vezes, fora e não dentro da escola. Seu conhecimento dos factos, sua compreensão da vida e do trabalho lhes adveio pela amizade ou pelo amor, enquanto assistiam televisão ou liam, pelo exemplo de colegas ou por uma dissensão resultante de um encontro na rua.

No sétimo capítulo Renascimento do homem epimeteu o autor concluiu, a perspectiva social promovida pelo seu modelo de aprendizagem. Ao resgatar o mito de Promoteu e Epimeteu, Illich buscou dar um sentido diferente para a interpretação que diversos autores fizeram sobre estes personagens da mitologia grega. O autor preconizou a valorização de homens epimeteus em detrimento de prometeus. Essa mudança de paradigma modificaria a sociedade como um todo e o próprio objectivo da educação.

Illich cita o resgate ao homem Epimeteu como uma volta ao período em que os gregos não tinham se adaptado por meio da paidéia (educação) à aprendizagem de seus jovens, para ele significa um olhar para trás, um resgate da esperança como uma categoria, que se sobrepõe a expectativa e aos produtos. É interessante ver que essa afirmação de Illich vai de encontro ao significado mitológico destes personagens. Segundo alguns escritos Epimeteu é composto de epí significa, sobre, depois e do elemento metheús do verbo manthánein que significa aprender praticamente, por meio da experiência, aprender a conhecer, contudo, dizer Epimeteu é o mesmo dizer o que

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