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O Memorial Descritivo

Por:   •  25/11/2018  •  3.308 Palavras (14 Páginas)  •  322 Visualizações

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Nunca tive dificuldades de aprendizagem. Quando começamos a aprender a tabuada não foi tão difícil - era um sistema de decoreba que através das repetições fixava os valores numéricos na cabeça do aluno – e eu sempre buscava ficar o mais próximo das pessoas mais inteligentes da sala não por preconceito aos demais mas por puro desejo de conhecimento. A primeira vez que recebi um bilhete de advertência para entregar a minha mãe foi ali naquela escola na 3° série. Cheguei em casa e joguei o bilhete fora, meu padrasto acabou achando e mostrando a minha mãe, mas por não ser uma criança bagunceira e que sempre estava aprontando minha mãe nem fez questão do bilhete e conversou com a professora dando um fim a essa história.

A escola tinha uma estrutura boa, a quadra era coberta e tinha aula de Informática desde a 1° série. As aulas de Educação Física eram muito legais, não querendo me gabar mas sempre tive habilidades com tudo e facilidade para aprender em geral. Praticávamos corrida e fazíamos diversas brincadeiras com bolas, bambolês, papel, etc.

Ao concluir a 3° série, minha mãe, eu e meu irmão retornamos a cidade de Caarapó (MS) e novamente fui matriculado na escola que dei início aos estudos, a Escola Estadual Prof° Arcênio Rojas. Desta vez trouxe de Maringá diversas folhas de atividades e sulfites com desenho para pintar durante as férias, não queria ficar todo aquele tempo longe da escola e sem fazer atividades como essas.

Quando cheguei à escola para o primeiro dia de aula na 4° série meus olhos brilharam. Ao reconhecer grande parte daquela turma fiquei tão feliz por estar de volta (apesar de sentir saudades constantemente do Paraná), quando fui entrando pela sala os alunos me reconheceram e começaram a cochichar meu nome. Aquele foi o dia de relembrar as velhas amizades, uma completa nostalgia.

A escola era Estadual e diferente das demais sempre foi a mais pobrezinha em questões de estrutura e verbas; a quadra não era coberta e as aulas de educação física eram realizadas a céu aberto. O professor levava os alunos até a quadra e seja lá qual for o esporte praticado era realizado separado (meninos com meninos e meninas com meninas).

As disciplinas que haviam era Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia, História, Artes e Educação física. Eram trabalhados textos, leitura, atividades que sempre envolviam decoreba e etc.

Quando concluído a 4° série a próxima deveria ser a 5° mas naquele ano foi provado o projeto de lei que estabelece a duração mínima de 9 anos para o Ensino Fundamental, então a antiga 5° série passou a ser chamada de 6° ano e esse foi um ano de paixões e descobertas. Uma das lembranças mais fortes do 6° ano para mim foi a professora de inglês, sua apresentação e charme que me chamou a atenção para a matéria que passou a ser minha favorita desde então. Além de inglês como novidade nas disciplinas havia também a disciplina de Ensino Religioso que abrangia do 6° ao 9° ano. Nessa mesma fase também foi construído um laboratório de informática na escola que permitia um contato maior dos alunos com um universo curioso e potencialmente cheio de recursos se usado de maneira correta é claro.

4 O DESCOBRIMENTO DA LITERATURA

Do 6° ao 8° ano permaneci na mesma escola e durante esses anos tive a oportunidade de crescer muito. No ensino fundamental recebi menção honrosa pelas notas boas que tinha e isso só me fortalecia enquanto estudante. Foi também nesse período que tive um dos contatos mais importantes com a leitura: o livro A Menina Que Fez A América de Ilka Brunhilde Laurito acendeu a chama pela leitura no menino que acabara de descobrir o universo literário. Tive grande sorte naquele dia encontrar em mim a magia da leitura que começou aos poucos me conquistando. Agora, partilhamos laços tão firmes que já não podem mais ser desfeitos. Encontramos em Abramovich a seguinte afirmativa

“Ler, para mim, sempre significou todas as comportas para entender o mundo através dos olhos dos autores e da vivência das personagens...Ler foi sempre maravilha, gostosura, necessidade primeira e básica, prazer insubstituível...E continua, lindamente, sendo exatamente isso”. (ABRAMOVICH, 1997, p.17).

Quando uma criança é exposta a leitura desde cedo, esta adquire desenvolvimentos emocionais, psíquicos, sociais e cognitivos indiscutíveis. A criança também terá um desenvolvimento muito melhor em relação a leitura, escrita e vocabulário que uma criança que não teve esse contato.

A leitura deve ser apresentada como forma de prazer e está nas mãos dos educadores manter o encantamento natural pelo livro. Sem a verdadeira paixão pela leitura não é possível formar novos leitores. O ser humano possui o prazer em ouvir histórias e essa pode ser uma das maneiras mais simples e talvez amais efetiva nessa formação.

“ Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias...Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar...Pois é ouvir, sentir e enxergar com olhos do imaginário”! (1997 p.16)

5 A HISTÓRIA NA ADOLESCÊNCIA

Enquanto adolescente participei do projeto PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Neste local eram trabalhados diversos assuntos tanto teóricos quanto práticos relacionados à Esporte, Cultura, Lazer, Desenvolvimento Social, Saúde, Sócioassistenciabilidade dentre outros. Um programa que visa erradicar o trabalho infantil e conjuntamente integrar a criança/adolescente ao universo cultural, trazer conhecimento e senso ético, abordando temas de desenvolvimento humano e sustentabilidade. Foi uma longa experiência e ali pude aprender diversas facetas da arte. Tinha aulas de violão, crochê, bordado ponto cruz, pintura de tecidos, aulas de confecção de utensílios com materiais recicláveis etc.

Eram sempre trabalhados temas importantes como uma forma de reforço informativo, temas que sempre eram comuns nas escolas eram reforçados, como tabagismo, alcoolismo, drogas em geral, trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, desenvolvimento sustentável, aquecimento global

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