A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO: AS OPINIÕES DE USUÁRIAS DO SITE SKOOB ACERCA
Por: Lidieisa • 22/10/2018 • 3.420 Palavras (14 Páginas) • 464 Visualizações
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Baseados neste ideal, abordaremos a Teoria da Recepção e do Efeito levando em consideração o princípio de que a leitura acontece através da interação entre texto e leitor, pois esta teoria defende que cada obra leva consigo o que não está manifestamente declarado e que cada leitor deixa sua opinião sobre ela. Sendo assim, a leitura é algo particular e cada leitor gera um significado sobre sua mensagem, e o Skoob permite que haja uma mediação dessa impressão e que ela interfira no processo de recepção da obra.
Foi a estética da recepção, na versão proposta por Jauss, que formulou o projeto mais ambicioso de renovação da história literária reconciliada com o formalismo. [...] Jauss começava por lembrar quem eram seus adversários: de um lado, o essencialismo, erigindo em modelos intemporais as obras-primas, de outro o positivismo, reduzindo-as a pequenas histórias genéticas.
A seguir ele descrevia, com uma benevolência severa, as abordagens meritórias cuja incompatibilidade pretendia resolver: de um lado, o marxismo, que faz do texto um puro produto hitórico, animado por um interesse judicioso pelo contexto, mas limitado por reconhecer à teoria do reflexo; de outro, o formalismo, carente de dimensão histórica, preocupado, num esforço louvável, com a dinâmica do procedimento, mas não levando em conta o contexto. (COMPAGNON, 2006, P.209-210)
Desse modo analisaremos as opiniões explanadas por usuárias, no site Skoob acerca do livro O pequeno príncipe, e verificar qual a avaliação e recepção da obra pelas leitoras, tentando compreender o qual a mensagem deixada por essa obra.
Mediante as opiniões que as leitoras da obra “O pequeno Príncipe” postam na rede social Skoob, levando em consideração o tom intangível e pessoal das considerações feitas, sabendo também que as exposições são singulares e que a opinião pública desta obra vai além da rede social aqui abordada, não se pretende torná-las como um quadro acabado para a compreensão da teoria da recepção, mas não deixando de levar em consideração a importância destes pontos de vista no engrandecimento desta obra.
O objetivo é identificar como se dá a relação obra e leitor a partir da Teoria da Estética da Recepção, levando em consideração o meio e época em que acontece essa interação. Analisando, refletindo, mapeando as opiniões de mulheres postadas no site Skoob sobre o livro “O pequeno príncipe” avaliando assim a receptividade da obra “O pequeno príncipe” a partir dos comentários postados pelos skoobers. Na tentativa de cumprir com os objetivos aqui propostos foram feitas pesquisas de cunho bibliográfico, juntamente com a utilização do método dedutivo, com o intuito de alcançar a resposta e a busca da solução da problemática apresentada neste artigo e alguns teóricos contribuirão e pautarão esse estudo, o foco será a Teoria da Estética da Recepção, autores como Hans Robert Jauss (2002), Luiz Costa Lima (1983); Sayonara Amaral (2010); Antoine Compagnon (2001); entre outros, pois o ponto a ser analisado é a recepção na relação obra e leitor.
Faremos primeiro uma distinção entre Teoria da Recepção e a Estética da Recepção, uma pode ser considerada sinônimo da outra, mas a primeira é considerada como uma vertente que surgiu no fim da década de 60 e tem como fundadores Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, sendo considerados seus estudos relevantes para o entendimento do sentido e do efeito que um texto pode provocar em um leitor no ato da recepção. Há várias vertentes relevantes voltadas a este estudo, mas vamos nos ater as defendidas pelos teóricos citados.
A estética da recepção tem uma primeira vertente, ligada à fenomenologia, interessada no leitor individual, e representada por Iser, mas também uma segunda vertente, onde a tônica recai sobretudo na dimensão coletiva da leitura. Seu fundador e porta‐voz mais eminente foi Hans Robert Jauss, que pretendia renovar, graças ao estudo da leitura, a história literária tradicional, condenada por sua preocupação excessiva, senão exclusiva, com os autores. (COMAPGNON, 2006, p. 156)
Como dito, a Teoria da Estética e da Recepção foca na recepção e no efeito, mas Jauss (1979) explica que para se chegar a esse conceito e as teorias atuais em relação ao leitor um longo caminho foi percorrido, pois antes o foco era na obra e no autor, a importância era dada somente a arte e a biografia, sendo o leitor deixado de lado. Sendo assim a experiência estética surge como uma reconstrução elaborada pelo leitor, a partir das ideias do autor da obra, mas não deixando de levar em consideração o que foi vivido previamente pelo leitor. Logo, a relação texto-autor se desloca para relação texto-leitor, sendo possível segundo Jauus estabelecer relações entre leitores de tempos remotos e leitores dos tempos atuais:
O processo atual em que se concretizam o efeito e o significado do texto para o leitor contemporâneo, e de outro reconstruir o processo histórico pelo qual o texto é sempre recebido e interpretado diferentemente, por leitores de tempos diversos. (JAUUS, 1979, p.46)
Ao lermos os comentários das usuárias da rede social Skoob, tentamos correlacionar com as sete teses de Hans Robert Jauss sobre a Estética da Recepção, é certo que a primeira tese se faz presente somente pelo fato de o leitor existir, sem leitura não há obra, é preciso à experiência dinâmica da obra literária por parte de seus leitores, sendo assim, o fato de o site proporcionar essa experimentação para seus skoobers permite a confirmação desta tese. Essa tese é formulada em torno também da historicidade da literatura; levando em consideração a atualização da obra literária, pois ela não ocorre cronologicamente.
A segunda tese leva em consideração o conhecimento prévio do leitor levando em consideração seu gênero, sua visão de mundo e o contato com outras obras, sendo o novo experenciável e dialogando com as experiências que o leitor já possui. O saber prévio e suas expectativas determinam a recepção e compreensão subjetiva do receptor e a nova obra possibilita o despertar de lembranças que conduz o leitor a uma postura emocional que permite que o horizonte geral da compreensão se amplie. Assim, a recepção torna-se um fato social e histórico, pois a atitude de cada indivíduo é parte ampla de uma leitura grupal ao qual o leitor está inserido historicamente, mas sem deixar de englobar as alterações e mudanças conforme as perspectivas do leitor. Podemos reafirmar isto levando em consideração algumas opiniões analisadas onde as usuárias remetem ao que já viveram e já experimentaram da infância até a fase em que estão
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