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A TERCEIRA GERAÇÃO MODERNISTA OU GERAÇÃO DE1945

Por:   •  20/11/2018  •  2.533 Palavras (11 Páginas)  •  316 Visualizações

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...

Morte e Vida Severina

— O meu nome é Severino,

como não tenho outro de pia.

Como há muitos Severinos,

que é santo de romaria,

deram então de me chamar

Severino de Maria;

como há muitos Severinos

com mães chamadas Maria,

fiquei sendo o da Maria

do finado Zacarias.

Mas isso ainda diz pouco:

há muitos na freguesia,

por causa de um coronel

que se chamou Zacarias

e que foi o mais antigo

senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem fala

ora a Vossas Senhorias?

Vejamos: é o Severino

da Maria do Zacarias,

lá da serra da Costela,

limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:

se ao menos mais cinco havia

com nome de Severino

filhos de tantas Marias

mulheres de outros tantos,

já finados, Zacarias,

vivendo na mesma serra

magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos

iguais em tudo na vida:

na mesma cabeça grande

que a custo é que se equilibra,

no mesmo ventre crescido

sobre as mesmas pernas finas,

e iguais também porque o sangue

que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos

iguais em tudo na vida,

morremos de morte igual,

mesma morte severina:

que é a morte de que se morre

de velhice antes dos trinta,

de emboscada antes dos vinte,

de fome um pouco por dia

(de fraqueza e de doença

é que a morte Severina

ataca em qualquer idade,

e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos

iguais em tudo e na sina:

a de abrandar estas pedras

suando-se muito em cima,

a de tentar despertar

terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar

algum roçado da cinza.

O retirante se apresenta. “Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costela, limites da Paraíba”. A escolha desse nome para o protagonista na obra não é por acaso, é um nome muito comum no Sertão nordestino. Milhares de nordestinos partilham o protagonista seu nome, assim como sua miséria e seu sofrimento. Portanto, o que parece ser uma tentativa de particularizar quem é o protagonista na verdade faz o contrário.

Associa-se a tal citação o fato de Severino ser considerado uma metáfora que representa uma realidade político-social do Nordeste brasileiro, numa tentativa de transmutar-se. E quanto à forma, observa-se que o poema foi redigido em redondilha maior, o que remete ao tradicionalismo da escrita poética. A objetividade, o cuidado lexical e o antilirismo são presentes na poesia.

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

A metrificação do texto não é regular, como em algumas poesias do autor. São divisões comuns de forma fixa. Quanto ao texto, podemos atribuir várias interpretações. Pode-se trocar o substantivo/ sujeito “galo” no texto e trocar por “homem”, pois pode-se interpretar e atribuir o conceito de relações humanas ao texto. A necessidade das questões de ordem social, pois ninguém vive sozinho e o galo funciona como uma metáfora no texto.

A Educação pela Pedra

Uma educação pela pedra: por lições;

Para aprender da pedra, frequentá-la;

Captar sua voz inenfática, impessoal

(pela de dicção ela começa as aulas).

A lição de moral, sua resistência fria

Ao que flui e a fluir, a ser maleada;

A de poética, sua carnadura concreta;

A de economia, seu adensar-se

...

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