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Islamismo

Por:   •  30/1/2018  •  5.636 Palavras (23 Páginas)  •  232 Visualizações

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- Muhammad e a importância dos seus sucessores no nascimento e formação do Islão

O Islão nasceu na Arábia, região à qual os árabes se referiam como Jazirat Al-´Arab[7], o que denota o seu carácter isolado, separada da África e da Ásia pelo mar, é uma região inóspita marcada pela presença de um deserto, onde a água é um bem raro.

Antes do advento do Islão, os árabes não formavam uma unidade política coerente. Nos primórdios do século sétimo a Arábia posicionava-se em torno de dois impérios que se defrontavam: a Oeste, o império Bizantino – cristã e herdeiro de Roma; a Leste, o império Persa, onde a religião oficial era o Zoroastrismo[8].

A base desta sociedade eram tribos que reuniam descendentes de um mesmo antepassado. Uma tribo era composta por vários clãs e agrupava famílias alargadas que se encontravam sob a autoridade de um homem. Algumas das tribos eram sedentárias, outras eram nómadas.

De um ponto de vista religioso, a Arábia era a terra do politeísmo, mas também nela viviam comunidades monoteístas. Tribos judaicas, que se assume que tenham chegado à Península Arábica após a destruição do Segundo Templo[9] no ano setenta, formavam comunidades que habitavam os locais de Fardak e Yathrib, nome pré-islâmico da cidade de Medina. As principais divindades eram adoradas sob a forma de uma árvore ou de um bétilo (pedra sagrada). Alguns bétilos eram transportáveis e acompanhavam os nómadas nas suas deslocações. Os Árabes erguiam santuários e sacrificavam animais em sua honra. Os Árabes reconheciam uma divindade a que chamavam de Alah, criador de todas as coisas, mas esse não tinha o mesmo conceito que mais tarde foi atribuído pelo Islão.

A cidade de Meca era o centro de uma peregrinação anual feita pelos Árabes. Nela encontrava-se um santuário, a Caaba[10], onde existia a Pedra Negra, que era alvo de devoção. Os peregrinos davam sete voltas em torno dela no sentido inverso aos dos ponteiros de um relógio.

No ano de 570 – da era Cristã – nasce em Meca um homem chamado Muhammad. Era filho de Abdullah (que significa «escravo de Alá»). Seu pai faleceu pouco antes do seu nascimento e a sua mãe quando ele tinha seis anos, tendo sido entregue à proteção do seu avô. O seu avô era guardião da fonte de Zamzam, junto à Caaba, onde os peregrinos vinham dessedentar, e que, segundo a tradição, surgira por ordem de Alá[11]. Muhammad pertencia à Tribo dos Coraixitas, os Hachemitas. Era mercador e casou-se com uma mulher chamada Khadija.

Muhammad tinha por hábito jejuar e meditar nas montanhas próximas de Meca. Aos quarenta anos de idade, enquanto fazia um retiro na montanha Hira, ele teve uma revelação divina. Um anjo – Gabriel – ordenou-lhe:

«Lê, em nome de teu Senhor, que criou, Que criou o homem de um coágulo. Lê, porque o teu Senhor é o mais generoso. Que ensinou o homem a servir-se do cálamo. Ele ensinou ao homem o que o homem não sabia.»[12]

Maomé recitou, portanto, aquilo que viria a ser descrito como o Alcorão.

Este profeta proclamava o monoteísmo; criticava o materialismo que se tinha apoderado da cidade e que fazia com que se desprezasse a viúva e o órfão; anunciava o dia do Julgamento Final, no qual os atos de cada pessoa seriam avaliados e a riqueza pessoal seria inútil. As reações à mensagem oscilavam entre a sincera adesão à hostilidade.

Após a morte da sua mulher, Maomé e os seus seguidores fogem de Meca para Yathrib, devido às injúrias e aos ataques físicos que experimentavam na cidade. Esta migração ocorre por volta do ano 622 e é chamada de Hijra. Ela marca o início do calendário Islâmico. A fuga de Maomé – bem como dos seus seguidores – constituiu um desafio ao poder de Meca. As duas cidades entraram em guerra. Em Yathrib, o profeta estabelece uma aliança com as tribos judaicas e pagãs que ali viviam, formando com os seus discípulos a umma, a comunidade do Islão.[13] Através da conquista e da conversão dos Árabes à sua doutrina, Maomé conseguiu reunir forças que provocaram a capitulação de Meca, no ano de 630. Em Meca ele destrói os ídolos da Caaba e fixa a nova peregrinação. Em 632 – morte de Maomé – quase toda a Península Arábica encontra-se unificada sob a bandeira do Islão.

A morte de Maomé representou um momento de crise na comunidade muçulmana, uma vez que ele não nomeou claramente um sucessor. A comunidade, portanto, decidiu convocar a Nidwa[14] para “eleger” um novo representante, cujo nome seria Khalifa[15]. A Muhammad sucedeu-se quatro importantes califados: o primeiro foi Abu Bakr (era sogro de Muhammad e viveu nos anos de 632-634). O seu califado foi determinante na medida em que consolidou o Islão na península Arábica; em seguida – e nomeado por Bakr – sucedeu o califa Omar (634-644) e o seu califado centra-se na expansão do Islão para fora da Península. Morre em 644 – assassinado por um Cristã Persa; Sucede, portanto, Osman, que continua a expansão territorial. No quarto califado, surge uma certa confusão em torno de quem deveria ser o novo Califa, devido à morte de Osman. O povo muçulmano estava dividido entre Ali (casado com uma das filhas do profeta) e Muawiyah (primo de Osman). A eleição de Ali em 656 foi contestada por Muawiyah, originando uma guerra civil entre os partidários das duas fações. Ali acabaria por ser assassinado em 661 e Muawiyah conquistou o poder para si e para a sua família, fundando a dinastia dos Omíadas.[16]

O conflito permanece até aos dias de hoje com contínuas lutas, das quais se destaca, logo em 680, o massacre, onde Hussein, filho de Ali, morreria contra as tropas de Yazid, filho de Muawiyah.

A origem dos dois principais ramos em que atualmente se divide o Islão teve como base esta diferente interpretação da forma da sucessão do Profeta. Os partidários de Ali («shiat Ali», ou seja, Xiitas) acreditam que os três primeiros califas foram usurpadores que retiraram a Ali o seu direito legítimo à liderança. Por outro lado, os Sunitas[17] reconhecem a autoridade dos Califas.

Atualmente, o Islão divide-se em Ortodoxos e Heterodoxos (e ainda heterodoxia vivencial)

A Ortodoxia islâmica – Sunismo – reduz-se a um núcleo de crenças e de práticas contidas no Alcorão e na tradição, formuladas desde o Séc. IX, em pontos concretos por quatro escolas de jurisprudência, conhecidas como «ortodoxas»: A maliki, na Espanha Islâmica; hanafita, a mais ampla e tolerante base de jurisprudência Turca; A chafiita, vigente no Egipto; e a hanbali, a mais rigorosa, vigente na Arabia

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