OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA: CONSUMO EXACERBADO E O SEU IMPACTO AMBIENTAL
Por: Lidieisa • 30/4/2018 • 2.212 Palavras (9 Páginas) • 426 Visualizações
...
da cultura
obsoleta dos produtos. As empresas descobriram em 1920 que diminuindo a vida útil
dos produtos as vendas aumentavam pelo simples fato das pessoas terem que
comprar novamente o mesmo produto. A primeira vitima desse processo foram as
lâmpadas, que sofreram mudanças em sua estrutura para que tivessem uma vida
útil menor por um acordo feito pelo cartel das empresas que fabricavam lâmpadas,
esses produtos tinham 2,5 mil horas de duração. Dominiquini e Santos (2013)
relatam que os fabricantes de lâmpadas diminuíam o tempo útil de seus produtos
para 1.000 horas, tornando-os mais vulneráveis com o objetivo de aumentar as
vendas, utilizando-se do slogan “Use e Descarte”.
Junto com a obsolescência programada chegou a revolução industrial aonde tudo se
tornou mais barato e as pessoas passaram a comprar por comprar e não comprar
por necessidade. O fato de a economia estar prosperando e as pessoas com
melhores condições monetárias foi um dos principais propulsores desse processo.
Em 1929, os Estados Unidos sofria a crise de Wall Street que gerou uma colossal
recessão econômica e uma alta taxa de desemprego. Logo de Nova Iorque surge
uma proposta vinda da Bernard London, um investidor imobiliário que propôs que a
Obsolescência Programada fosse obrigatória como lei e que todos os produtos a
partir dali deveriam ter uma data de validade que logo após seu termino deveriam
ser esquecidos e substituídos por novos.
Nos anos 50 a obsolescência programada ressurgiu de outra forma, a questão não
era obrigar o consumidor a trocar o seu produto e sim seduzi-lo gerando o desejo
de possuir algo mais novo antes mesmo que se tornasse necessário. Brook Stevens
(1946 pós 2° guerra mundial) foi um grande designer industrial que criou
eletrodoméstico, carros de acordo com o estilo da época, Brook transmitia sempre
suas criações com modernidade e rapidez, buscava criar produtos bem singulares
ou seja, que criassem no consumidor um impulso a querer comprar. A tática não
era prezar pela duração útil e sim pela qualidade aparente, física que fosse versátil
como exemplo as roupas. Por trás disso o objetivo americano era criar uma espécie
de consumidor insatisfeito com o produto que usou para que repasse revendendo
como produto de segunda mão para comprar o mais novo com a sua imagem mais
nova. Brook expandiu-se pelos EUA fazendo palestras. A tendência das pessoas era
a procura pela aparência, tudo que era novo era bonito e moderno. O marketing
realizado fazia com que o consumidor desejasse sempre o último modelo lançado. A
obsolescência depende do consumidor.
2.1.3 CONSUMO EXACERBADO DO OBSOLETO
Quando se fala em obsolescência programada, fala-se em consumo e isso é a base
da economia moderna, responsável por reerguer países devastados pela guerra e
ajudar no crescimento de grandes empresas que hoje são conhecidas. Também
mudou a forma com que as pessoas vivem e consomem. Elas precisavam trabalhar
mais para ter mais, o que para alguns era sinônimo de satisfação pessoal. A
redução na vida útil dos produtos alavancou as vendas das empresas e aguçou o
sentido consumista das pessoas, levando ao exacerbo de utilização dos bens:
equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos, automóveis.
Serge Latouche (2012, p.30 apud Dominiquini e Santos, 2013) afirma que:
São necessários três ingredientes para que a sociedade de consumo possa
prosseguir o seu circuito diabólico: a publicidade, que cria o desejo de
consumidor, o crédito, que lhe fornece os meios, e a obsolescência
acelerada e programada dos produtos que, renova a sua necessidade.
A publicidade que é a chave imperativa - o convite a abrir as portas ao consumo - e
o crédito direto ao consumidor incentivaram a movimentação do capital no
investimento que os indivíduos fazem para obter o novo, muitas vezes, sem precisar.
Garcia (2014) enfatiza a obsolescência percebida como um dos fenômenos deste
processo, dizendo que:
O consumidor considera o produto que tem em casa "velho" porque novos
modelos são lançados a toda hora. Você notou que, mesmo no início de
2013, já era possível comprar um carro versão 2014? Isso desvaloriza
modelos anteriores e estimula a troca, mesmo que o veículo de 2013 ainda
funcione bem.
Latouche (2012, apud Dominiquini e Santos, 2013) corrobora com as ideias acima,
expressando que:
Na sociedade do consumo o papel do consumidor se resume a pedir crédito
para comprar objetos que não precisa, pois essa sociedade está dominada
por uma lógica de crescimento, que não está para satisfazer
...