Produção de componentes e sistemas construtivos
Por: kamys17 • 3/7/2018 • 8.836 Palavras (36 Páginas) • 365 Visualizações
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tomando como base estruturas em bambu. Desde templos dedicados à Buda até conjuntos habitacionais familiares que prezavam pela discrição e possibilidades na mobilidade da planta baixa, esse material era o mais utilizado, por ser facilmente encontrado na região e por conferir leveza, resistência, durabilidade e praticidade aos ambientes. As janelas eram constituídas de um papel espesso e as paredes de bambu podiam ser móveis, possibilitando, assim, a integração dos espaços das casas.
Infelizmente, poucas construções desse tipo resistiram aos incêndios e ao desgaste natural ao longo dos anos. Entretanto, o bambu ressurge no cenário contemporâneo como um material promissor com grande potencial. As civilizações passaram a utilizá-lo em monumentos públicos, mas seu aproveitamento não para por aí.
Há cerca de 30 anos pesquisando esse recrso, o professor Khosrow Ghavami, do Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ, defende firmemente o uso do bambu na construção civil. Ele estudou 14 espécies e 3, em especial, com 10 cm ou mais de diâmetro são excelentes para o ramo da construção. As 3 espécies são: guadua (Guadua angustifolia), ao bambu-gigante (Dendrocalamus giganteus) e ao bambu-mossô (Phyllostachys pubescens). Todas podem ser encontradas no Brasil; por exemplo, no estado do Acre, em que 38% da superfície é coberta por bambuzais.
É inegável a beleza desse recurso, mas ela não é a única vantagem: ambientalmente falando, a extração não é danosa, visto que a gramínea gigante atinge um tamanho satisfatório em cerca de três anos.
Sua resistência também surpreende até os pesquisadores: “Sua compressão, sua flexão e sua tração ja foram amplamente testadas e aprovadas em laboratório”, afirma Marco Antônio Pereira, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp. Em geral, apresenta durabilidade superior a vinte e cinco anos, mas, se submetido a tratamentos especiais, como o preenchimento dos canais de seiva por um composto de cromo, cloro e bromo, esse período pode ter um acréscimo bastante interessante.
Tanto fora quanto dentro do Brasil, os arquitetos apostam no bambu para conferir traços marcantes a seus projetos. Eles conciliam natureza e tecnologia em um contraste que se torna agradável aos olhos, como serão retratadas nas imagens a seguir.
Na Alemanha, em ZeipZig, varas de bambu aliadas a cintas de aço caracterizam a fachada doestacionamento do zoológico da cidade.
Já no Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri, na Espanha, o forro feito em bambu torna mais leve a estrutura feita em concreto e aço. O uso do material em tamanha obra demonstra a confiança depositada em sua durabilidade e resistência.
Extração
A extração desse material é ambientalmente menos danosa que a de metal e quando se trata de quesitos econômicos, possui extrema viabilidade, com transporte mais fácil. Pode perfeitamente vir a substituir o aço quando se refere à construção civil, possuindo sua estrutura oca e tubular resistente aos milênios de intempéries da natureza. Entretanto, deve-se aprimorar os estudos para potencializar seus benefícios e aprender a lidar com seus as dificuldades na utilização do material: como o comportamento durante a submissão às variações de temperatura, às chuvas e à própria degradação biológica, aquela que a natureza proporciona. Se estudadas e vencidas essas barreiras, um novo material pode tomar o lugar do aço com uma performance significativamente maior e uma degradação ecológica bem menor.
Características fisicas
O bambu, planta lenhosa, monocotiledônea é constituída por colmo, rizoma e um sistema radicular fasciculado. Grande parte das utilizações atribuídas hoje ao aço eram antes desempenhadas pelo bambu, devido suas fibras longas e dispostas paralelamente na direção longitudinal do colmo, trazendo alta resistência físico-mecânica aos esforços de tração, compressão, flexão e torção. Por ser um material natural, é normal que se obtenham variações nas propriedades de resistência entre as espécies e até mesmo dentro das mesmas. Isso pode ocorrer dependendo da amostra e da sua localização no colmo, sendo que a parte central do colmo é melhor devido a uniformidade das dimensões do diâmetro e comprimento entre os nós A resistência é máxima quando o bambu está completamente maduro, mas as várias espécies alcançam maturidade em diferentes idades. Assim, somente bambus maduros devem ser usados como reforço em peças de concreto. De acordo com estudos realizados por GHAVAMI,1992, é comprovado que a relação entre resistência à tração e o peso específico do bambu, é mais vantajosa para a construção quando comparada ao aço CA-50, ao alumínio e ao ferro fundido.
Em pesquisas realizadas pela PUC do Rio de Janeiro, também gerenciadas por GHAVAMI, 1994, foram obtidos valores de resistência diferentes, entre as regiões de nó e entrenó do bambu da espécie Dendrocalamus giganteus. Além disso, foi constatado, nesta espécie, um crescimento de até 32 cm por dia, atingindo a altura máxima de 21 metros no período de 2 meses após a brotação. Sendo que, após o período de 3 a 5 anos, já se encontra apto para ser utilizado na construção civil. GHAVAMI (1994) obteve os valores apresentados nas tabelas 2 e 3 para as características físicas e mecânicas do D. Giganteu.
Dentro da construção, podemos destacar asaplicações de bambu, tais quais: Para a obtenção de esteiras; como fôrmas de lajes; o erguimento de andaimes provisórios; como elemento de reforço no concreto; a construção de telhados; na construção de cúpulas, pórticos e arcadas; obtenção de materiais de construção; na construção de pontes pênseis e rígidas.
Vantagens:
• As características físicas do bambu permitem seu emprego em todo tipo de estrutura,desde cabos para pontes pênseis e estruturas rígidas até as modernas estruturas geodésicas e laminadas;
• Sua forma circular e sua seção em geral oca o tornam um material leve, de fácil transporte e armazenamento, permitindo a construção rápida de estruturas temporárias ou permanente.
• Em cada um dos nós do bambu existe um tabique ou parede transversal
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