O Que é Patrimônio Histórico
Por: Hugo.bassi • 18/4/2018 • 6.184 Palavras (25 Páginas) • 343 Visualizações
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Portanto, como é descrito no livro até agora, o Patrimônio Cultural é bastante diverso, não sucedendo critérios e interesses voltados à preservação, sendo que elegido sob qualquer ótica, sem a precaução de mostrar estágios culturais ultrapassados de toda uma sociedade. Nos últimos séculos a arqueologia tem se aplicado por identificar e estudar os restos e vestígios dos povos passados, na tentativa de entender a vida dos povos remotos, sua rotina, pensamento, e crenças.
A memória social tem sido tratada com sobriedade somente agora nos tempos atuais, antes só haviam fenômenos isolados de estudiosos e colecionadores que providenciam a preservação dos chamados Patrimônios Históricos e Artísticos. E então vem a pergunta: por que preservar? Essa pergunta tem um vasto significado e é reflexiva quanto a sua abrangência.
"Preservar, diz o mestre Aurélio, é livrar de algum mal, manter livre de corrupção, perigo ou dano, conservar, livrar, defender e resguardar." (LEMOS, Carlos. P. 24)
Todos esses indícios deveriam então incidir sobre o que representa e compõe o Patrimônio Cultural, criando um entrelaçamento, pois quando um deles não é mantido, o conjunto se desarmoniza e se desequilibra. Por essa razão deve se dar atenção e prioridade aos elementos componentes dos recursos materiais e não tangíveis ligados ao conhecimento e à técnica. De certa condição ambiental, só pode resultar um processo cultural, independente da mistura, é a explicação de uma nacionalidade, transformada e evoluída ao longo dos tempos. No Brasil a cultura portuguesa define a nacionalidade, junto a interação de outras migrações, entretanto a atenção deve estar orientada às irreversíveis alterações da vida social ou sócio étnicas havidas ao longo da nossa história, gerado por agentes de fora. Devemos preservar os recursos materiais, as condições ambientais, assim como o saber brasileiro, não permitindo que os conhecimentos de fora os anulem. Temos que olhar atenciosamente à uniformização do pensamento e a despersonalização cultural dos povos. Sabendo controlar este processo de evolução, fica mais fácil manter a identidade cultural.
"Registrar é sinônimo de preservar, de guardar para amanhã informações ligadas a relações entre elementos culturais que não tem garantias de permanência." (LEMOS, Carlos. P. 29)
Com isso, conclui o autor, que preservar não se define em apenas guardar uma coisa, um objeto, construção, gravar e fazer levantamentos diversos como de cidades, bairros, costumes populares e etc. É essencial garantir a compreensão da nossa memória social, preservando o que for relevante.
A quem interessa essa preservação? Tudo provém de interesses e encargos de classes sociais, grupos econômicos, e elementos no qual há vantagem em se preservar. Com relação ao turismo, preserva se bens culturais paisagísticos e arquitetônicos em busca de faturação. Na arquitetura e engenharia, os mestres preservam por fins pedagógicos, a fim de explicar a evolução da arte de construir. Em síntese, profissionais de inúmeras áreas buscam a preservação em busca de algum objetivo e interesse, são várias as compartimentações da sociedade e seus interesses, e conseguimos dizer que devido a isso inúmeras construções importantes, pela história e beleza foram conservadas, como a cidade de Ouro Preto que ficou estagnada até o momento da declaração como cidade de monumento histórico.
A preocupação com essa questão de preservação no Brasil é relativamente nova de forma governamental e normativa, o qual apesar de algumas tentativas no século XVIII sempre obteve uma meta libertária, a primeira coisa que se obteve era a destruição de provas de opressão banida. Na república nova, não teve mudanças no quadro de abandono e preservação de bens culturais arquitetônicos. Um ou outro colecionador ou intelectual solicitavam que fossem protegidos os monumentos, entretanto o patrimônio popular em nenhum momento alguém se lembrou. Nos anos 20, quando se propagou o neocolonial, houve um disparate com o propósito de reformar construções coloniais, tendo em vista a feição estilística em moda, se tornando comum à preservação.
Ao final desse século, Wanderley Pinho, deputado e historiador, criou um projeto de lei referente a proteção de nosso patrimônio cultural, relacionando os bens preserváveis como moldura, forros, pinturas, arquitraves, portas, janelas, marcenaria, colunas, azulejos, tetos e murais, que podiam ser tirados de um edifício para o outro. Entre outros projetos antecedentes a esse, o de Jair Lins, defende os bens representativos do nosso passado, e pela primeira vez alguém declarou os objetos, como móveis em lei. Já em 1936, o escritor Mário de Andrade, com a ajuda de seu amigo Paulo Duarte, elaborou um projeto digno de elogios, que se transfigurou em lei em 1937, levando a público através do jornal O Estado de S. Paulo, o estado deplorável do que restou do nosso Patrimônio Cultural Arquitetônico. Neste, Mário de Andrade tentava resguardar a totalidade de bens culturais de nosso Patrimônio, nomeando-os simplesmente de obras de arte. Em seu projeto ele unia as obras de arte em oito categorias: 1. Arte arqueológicas e 2. Ameríndias: englobam objetos, fetiches, instrumento de caça pesca, veículos, agricultura, paisagens do meio ambiente, objetos de uso doméstico, incluindo vocabulários, lendas, magias, medicina e culinária dos índios. 3. Arte Popular: Inclui entre os artefatos, a arquitetura, múltiplas construções como capelas de beira de estrada, e o folclore em geral. 4. Arte Histórica: Aborda uma diversidade de bens culturais que refletem, contam ou comemoram o Brasil e sua evolução nacional. Nessa categoria também se inclui: gravuras, mapas, porcelanas, livros, impressos que se referem à entidade nacional sob aspectos da história, política, costumes, Brasil, natureza. 5. Arte erudita nacional e estrangeira: estão inclusas todas e quaisquer manifestações de arte, de artista nacionais ou estrangeiros, num amplo leque de abrangência. 6. Artes aplicadas nacionais e 7. artes aplicadas estrangeiras: estão classificadas as manifestações ligadas ao mobiliário, à talha, tapeçaria, joalheria, decorações murais etc.
Mário de Andrade por meio desse buscou catalogar todas as manifestações culturais brasileiras, não só seus artefatos, mas a música, usos, costumes, o saber e o fazer. Chegou a imaginar museus que tratassem, por exemplo, do café, contando toda sua trajetória, história, tipos, com álbuns fotográficos, gráficos e etc. O projeto foi renovador e deve ter assustado as autoridades, uma vez que não havia estrutura administrativa ou verbas para uma
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