Exposição ao chumbo
Por: Ednelso245 • 19/11/2017 • 3.006 Palavras (13 Páginas) • 346 Visualizações
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O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica conhecida sobre o organismo de seres humanos e animais. Os processos fisiológicos de absorção, distribuição, armazenamento e eliminação do metal são influenciados por fatores endógenos (constituição genética, fatores antropométricos, estado de saúde) e fatores exógenos, tais como carga de trabalho, exposição simultânea a outras substâncias, drogas, álcool e fumo (MOREIRA, F.; MOREIRA, J., 2004).
Nos países desenvolvidos a ocorrência de casos de intoxicações ocupacionais pelo chumbo (saturnismo) vem se tornando cada vez menos freqüente e grande investimento tem sido feito na identificação de efeitos à saúde decorrentes da exposição a baixas concentrações nos ambientes de trabalho e no meio ambiente, muitas das quais consideradas seguras pelas legislações de segurança e medicina do trabalho. No Brasil não existem registros ou estimativas confiáveis do número de indivíduos expostos ocupacional e ambientalmente ao metal, embora a literatura especializada venha apontando grupos de trabalhadores intoxicados principalmente entre os envolvidos na produção, reforma e reciclagem de baterias automotivas (OKADA, 1997; SANTOS, 1993; STAUDINGER, 1998; SILVEIRA; MARINE, 1991). Cresce ainda a preocupação com os agravos à saúde decorrentes de exposições ambientais ao metal.
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OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo propor recomendações de procedimentos, ferramentas e medidas mitigadoras para atividades que exponham os trabalhadores ao agente químico chumbo.
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METODOLOGIA
As recomendações de procedimentos e medidas mitigadoras constantes neste trabalho foram fundamentadas na revisão da literatura especializada constante de: livros, textos clássicos de medicina do trabalho e saúde do trabalhador, consulta a periódicos nacionais e internacionais.
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UTILIZAÇÕES DO CHUMBO
Estima-se que o chumbo seja utilizado em mais de 200 processos industriais diferentes com destaque para a produção de acumuladores elétricos. Este segmento abriga além de grandes empresas com melhor controle das condições ambientais de trabalho, pequenas empresas, muitas das quais instaladas em regiões residenciais, e funcionando à margem da legislação trabalhista, ambiental e de saúde. No nosso meio, os homens constituem a maior parte dos atingidos pela intoxicação pelo chumbo dada a natureza das atividades que utilizam o metal (empregam predominantemente o sexo masculino). No Brasil, além dos casos relacionados à produção e reforma de baterias automotivas tem sido relatados casos entre trabalhadores da indústria de plástico (PVC) (SILVEIRA; MARINE, 1991; MATOS, et al., 2003; DEMARCHI, et al., 1999; MENEZES; D’SOUZA; VENKATESH, 2003; RIGOTTO, 1989), entre trabalhadores que usam rebolos contendo chumbo para lapidação de pedras preciosas, instrução e aprendizado de tiro (SILVEIRA; MARINE, 1991), reparação de radiadores de carro, reciclagem de baterias automotivas, redução de minérios ricos em ouro para obtenção deste, entre outros. O quadro 1 apresenta as principais atividades ocupacionais que expõem os trabalhadores ao risco de intoxicação.
Quadro 1 – Principais atividades profissionais e fontes de exposição ambiental ao chumbo metálico
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Fonte: LANDRIGAN, 1994; OSHA, 1993; SILVEIRA, 1991; RAMIREZ, 1986; BEDRIKOW, 1985; LAX, 1996; BARSAN, 1996.
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TOXICOLOGIA DO CHUMBO
Uma vez que o chumbo entre em contato com o organismo, o mesmo não sofre metabolização, sendo complexado por macromoléculas, diretamente absorvido, distribuído e excretado. As vias de contaminação podem ser a inalação de fumos e poeiras (mais importante do ponto de vista ocupacional) e a ingestão. Apenas as formas organificadas do metal podem ser absorvidas via cutânea (ALVES; TERRA, 1983). O chumbo é bem absorvido por inalação e até 16% do chumbo ingerido por adultos pode ser absorvido. Em crianças, o percentual absorvido através da via digestiva é de 50%. Uma vez absorvido, o chumbo é distribuído para o sangue onde tem meia-vida de 37 dias, nos tecidos moles, sua meia-vida é de 40 dias e nos ossos, sua meia-vida é de 27 anos, constituindo estes o maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo (MOREIRA, F.; MOREIRA, J., 2004).
O quadro 2 sumariza os quadros clínicos que podem decorrer de exposições elevadas a chumbo metálico conforme Portaria n.º 1.339, de 18 de novembro de 1999, do Ministério da Saúde, que estabelece a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho.
Quadro 2 – Sintomas e sinais mais freqüentemente associados à intoxicação por chumbo segundo a gravidade da intoxicação.
Leve
Moderada
Grave
-Mialgia
-Irritabilidade
-Parestesias
-Fadiga leve
-Dor abdominal intermitente
-Letargia
-Cefaleia
-Vômitos
-Náuseas
-Fadiga severa
-Dor abdominal difusa e frequente
-Perda de peso
-Redução da libido
-Constipação intestinal
-Tremores
-Mialgias, parestesia, artralgia
-Labilidade emocional
-Dificuldades de concentração
-Encefalopatia
-Neuropatia motora
-Convulsões
-Coma
-Cólica abdominal aguda
-Linha gengival de Burton
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