O MÉTODOS DE COLETA DE DADOS
Por: Rodrigo.Claudino • 22/12/2018 • 2.833 Palavras (12 Páginas) • 451 Visualizações
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Ainda sobre entrevista qualitativa, o autor do capítulo nos fornece informações práticas de como realizar de forma eficiente essa atividade de coleta de dados. Segundo ele, é preferível que o entrevistador:
- Fale moderadamente, criando perguntas que permitam um diálogo mais prolongado por parte do entrevistado, evitando assim os indesejados “sim” ou “não”.
- Não seja tão diretivo nas perguntas, permitindo que entrevistado exteriorize suas prioridades e descreva o mundo da forma como ele o percebe, de forma espontânea, transpondo facilmente os limites do que lhe foi questionado. Isso pode ser conseguindo atraves de perguntas de ampla abrangência sobre o tema. Por exemplo, na área da educação, uma pergunta de ampla abrangencia poderia ser: “Quais foram os principais acontecimentos na escola este ano?”
- Mantenha-se neutro; isto é, é essencial que o entrevistador tome cuidado para que suas expessões faciais, corporais ou suas respostas aos questionamentos do entrevistado não exerça influência no curso da entrevista e à réplica do mesmo. Em outras palavras, o entrevistador deve ser imparcial e evitar ser tendencioso.
- Mantenha uma boa relação com o entrevistado, uma vez que se estabeleceu um vínculo entre ambos, é necessário, para uma boa conclusão do processo de pesquisa, que o entrevistador evite divulgar informações sigilosas ou usar palavras que acarretem pensamentos de ódio por do outro.
- Use o protocolo de pesquisas. O protocolo possui um pequeno subgrupo de temas pertinentes à entrevista e deve seguir como um guia de conversação para a atividade. Entretanto, esta ferramenta não deve, em hipótese alguma, ser confundida com um roteiro de perguntas, tal qual possui a entrevista estruturada; uma vez que o protocolo representa o arsenal dos temas mentalizados pelo pesquisador, e não uma lista de perguntas reais a serem verbalizadas para o participante.
- Faça análises constantes durante o decorrer da entrevista. É essencial que o entrevistador possua senso crítico para poder decidir quando sondar em busca de mais detalhes, quando mudar de assunto e quando modificar seu protocolo original ou agenda para acomodar novas revelações. Não obstante, também é necessário que se tenha cuidado para não surpreender o entrevistado, por exemplo, em uma mudança de um tema para outro.
Dadas essas “coordenadas” de como conduzir uma boa entrevista qualitativa, o autor segue frisando sobre a importância de saber a forma correta de como “entrar e sair” dela. Segundo ele, antes mesmo de formalizar o acordo entre entrevistador e entrevistado; isto é, antes de o participante aceitar ser entrevistado, deve haver um estabelecimento de vinculo entre ambos, realizado de forma amistosa, com cumprimentos e cordialidades, conduta esta para a qual a maioria dos livros didáticos não se atentam. A correta “entrada” na conversa pode estabelecer claramente o tom interpessoal que será usado no decorrer do processo. Da mesma forma, “saída” do entrevistador deve ser pensada, pois, de forma indesejada, pode induzir à novas respostas por parte do entrevistado, como quando o pesquisador, ao estar se retirando, verbaliza um “Olha, a propósito...”, dando continuidade a conversação, uma vez que a réplica do entrevistado é esperada. Esta intercorrência deve ser evitada.
Em seguida, o texto nos mostra como realizar as entrevistas qualitativas com grupos. Ocasionalmente, o entrevistador pode se deparar com situações em que deve entrevistar grupos pequenos, de até 3 pessoas; ou de tamanho moderado, de até 10 pessoas. Em suma, a entrevista com grupos maiores exige maior experiência do entrevistador e, na prática, pode até ser mais direcionada a um dos integrantes, porém deve-se mostrar respeito aos demais, no sentido de que estes não se sintam menos importantes no processo.
No que tange às entrevistas com grupos de foco, o autor, inicialmente, define estes grupos como um conjunto de indivíduos que passaram por uma experiência em comum ou que presumivelmente compartilham da mesma opinião sobre um dado tema. Tal modelo de pesquisa apresenta um dilema: por um lado, há o ganho de se poder falar com várias pessoas ao mesmo tempo; por outro, há a perda de não se obter informações mais aprofundadas por parte de cada integrante separadamente. Entretanto, esse tipo de atividade tem como objetivo central proporcionar a melhor participação de pessoas tendem a se expressar melhor em grupo, como ocorre com crianças e adolescentes. Outro ponto destacado é que, mais uma vez, a experiência e a destreza do entrevistador são necessárias para administrar a discussão. Por exemplo, deve-se tomar cuidado para que uma minoria do grupo assuma o comando das respostas enquanto a outra parte se mostra reticente. É necessário controlar aqueles que falam demais e encorajar aqueles mais tímidos.
OBSERVAÇÃO
Segundo o autor, “observar” pode ser um modo valioso de coletar dados, pois o que o pesquisador vê e percebe com seus próprios sentidos, não é filtrado pelo que os outros podem ter lhe relatado, ou o que o autor de algum documento pode ter visto. Nesse sentido, as observações são dados básicos e de grande utilidade, sobretudo nas pesquisas de psicologia social.
Mas quando e onde observar? O autor afirma que a maioria dos estudos observacionais não se restringem a um local fixo, pelo contrário, o cenário geralmente é fluido, não só em espaço, mas em tempo também. Com tal afirmação, o que se quer dizer, na verdade, é que nem tudo o que o pesquisador registra é o que está acontecendo em todos os locais do campo de estudo naquele momento, especialmente se o objeto de estudo for complexo, como uma universidade, por exemplo. Para lidar com essa problemática, é necessário que o pesquisador registre seus tempos e posições observacionais, além de observar em múltiplas ocasiões; isto é, observar em horários ou dias diferentes; em locais diferentes dentro daquele mesmo ambiente e, ainda, observar o mesmo local em momentos em que outros indivíduos estejam presentes. Independente da conduta, é de suma importância que o observador expresse suas eventuais limitações ou advertências, clarificando sobre como essas intercorrencias podem ter afetado seu trabalho.
Sobre o que pode ser observado, o autor nos fornece algumas categorias relevantes que costumam ser objetos de estudo deste tipo de atividade de coleta de dados, a saber: as características de cada pessoa, incluindo sua vestimenta, gestos e comportamento não verbal; as interações entre as pessoas; as “ações” que estão ocorrendo, humanas ou mecânicas; e as circunstâncias
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