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A Hepatite B

Por:   •  24/12/2018  •  3.371 Palavras (14 Páginas)  •  327 Visualizações

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O HBV possui mecanismo único de replicação entre os vírus que infectam o homem, que permite a produção de diferentes tipos de partículas virais. Em preparações para microscopia eletrônica a partir do soro de indivíduos infectados, podem ser observados 3 tipos de partículas: completas esféricas infecciosas, incompletas esféricas e incompletas filamentosas. Partículas subvirais de 22 nm são compostas predominantemente por proteínas S, apresentando quantidades variáveis de proteína M e poucas (ou nenhuma) cópias da proteína L. As partículas completas (vírions) são enriquecidas de proteínas L e, uma vez que essas proteínas contêm os sítios de ligação do vírus aos receptores específicos nos hepatócitos, provavelmente essa maior quantidade de proteínas L evita que as partículas subvirais, que são mais numerosas, compitam com os vírions pelos receptores presentes na superfície celular. A proteína M também atua como elemento de ligação para a adsorção do HBV nas células, e possui uma região que mimetiza a albumina sérica humana, o que permite que o HBV penetre via receptores celulares de albumina no citoplasma do hepatócito. A proteína S, que é a principal proteína que forma o HBsAg, é capaz de induzir resposta imunológica protetora contra o HBV, e é o antígeno utilizado na formulação de vacinas. Mutações em epítopos específicos, ocorrendo dentro do gene S podem interferir na proteção vacinal e na análise de resultados sorológicos, bem como prejudicar a terapia baseada na utilização de anticorpos específicos para suprimir a infecção em indivíduos transplantados. (segundo slide de estrutura)

- Mecanismo de transmissão do HBV

A transmissão do HBV pode ocorrer por via vertical (da mãe para o filho, no nascimento), por via sexual, por meio de ferimentos cutâneos, por compartilhamento de seringas e agulhas entre usuários de drogas, por transfusão de sangue ou hemoderivados e em acidentes com material biológico (hospitalar). Também pode ocorrer transmissão do HBV por outros tipos de exposições percutâneas, incluindo tatuagens, piercings, uso compartilhado de utensílios cortantes contaminados utilizados por portadores do HBV (como barbeadores, navalhas, lâminas de depilação, tesouras, alicates de unha entre outros)

- Biossíntese viral

Os mecanismos e os primeiros eventos de adsorção e penetração do vírus nos hepatócitos ainda não estão bem estabelecidos, mas sabe-se que vários receptores estão envolvidos nesse processo. Uma vez no citoplasma, o nucleocapsídeo é transportado para o núcleo, liberando o genoma viral. O DNA viral de fita parcialmente dupla é convertido em DNA circular de fita dupla covalentemente fechado (DNAccc). Esse DNA é responsável pela perpetuação da infecção pelo HBV, uma vez que essas moléculas servirão de moldes transcricionais para a produção de RNA pré-genômico, o qual é essencial para a replicação, e de RNA mensageiros (RNAm) que serão necessários para a tradução de proteínas virais. Todo o RNA viral é transportado para o citoplasma, onde sua tradução resultará nas proteínas do envelope viral, core, polimerase, assim como os polipeptídeos X e pré-core. Em seguida, os nucleocapsídeos são reunidos no citoplasma e, durante esse processo, uma única molécula de RNA pré-genômico é incorporada na montagem do core viral. Uma vez que o RNA é encapsidado (ou empacotado), a transcrição reversa é iniciada. Foi demonstrado que o sinal de encapsidação (ε), localizado na extremidade 5’do RNA, é necessário e suficiente para ocorrer o empacotamento desse RNA. A síntese da dupla fita do DNA viral é sequencial. A primeira fita é feita a partir do molde de RNA encapsidado. Durante ou após a síntese dessa fita, o RNA é degradado e a síntese da segunda fita é iniciada, utilizando-se a fita de DNA recém-sintetizada como molde. Alguns nucleocapsídeos, contendo o genoma maduro, são transportados de volta para o núcleo, onde seus DNA genômicos podem ser convertidos em DNAccc para manter um estoque intranuclear estável de moldes transcricionais. A maioria, entretanto, passa pelo retículo endoplasmático rugoso (RER) para adquirir o envelope lipoproteico viral. Com o envelope formado pelas proteínas de superfície L, M e S, os vírions presentes nas vesículas do RER são secretados por brotamento.

Resumindo: O ciclo de vida do HBV é caracterizado pela síntese do DNA de fita dupla parcial, através da transcrição reversa do RNA intermediário. A replicação começa com a ligação do vírion com o hepatócito. Dentro do núcleo do hepatócito, a síntese da fita positiva de DNA do HBV é completada e o genoma viral é convertido para a forma de DNA circular. O DNA circular serve como modelo para a transcrição de diversas espécies RNAs genômicas e subgenômicas, sendo o componente estável do ciclo de replicação que é relativamente resistente à ação de antivirais e ao clareamento.

- Patogenia

O vírus do HBV infecta preferencialmente células do fígado (hepatócitos). É considerado bastante infectivo e sabe-se que uma só partícula viral é capaz de infectar o ser humano. Apresenta alta especificidade, infecta o homem, que constitui o seu reservatório natural. O HBV é estável e resistente ao meio ambiente, sobrevivendo até uma semana fora do corpo humano. No plasma, a vida média do HBV varia de um a três dias, enquanto nos hepatócitos, pode variar de 10 a 100 dias

O HBV não induz infecção citolítica e o dano aos hepatócitos é causado pela resposta inflamatória e pela ação dos linfócitos T citotóxicos (CTL). Quando o tecido hepático sofre injúria com a morte de hepatócitos, as células estreladas hepáticas respondem produzindo fibras de colágeno. Durante a infecção crônica a injúria persistente devido à destruição celular pelos CTL leva ao depósito contínuo de colágeno, produzindo tecido fibroso que pode evoluir para cirrose.

A infecção pelo HBV pode levar a uma série de quadros clínicos, que vão desde a infecção assintomática até o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC). O mecanismo de desenvolvimento do CHC ainda não está elucidado e nenhum gene do HBV foi associado à transformação celular. Acredita-se que o desenvolvimento do CHC resulte da excessiva proliferação celular que ocorre no fígado na tentativa de reposição das células que estão sendo continuamente destruídas pela resposta imunológica contra a infecção. Essa proliferação excessiva parece aumentar o risco da célula adquirir mutações oncogênicas. A inflamação crônica ou cirrose do fígado também podem ser um fator,

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