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NEUROTOXICIDADE E SUBSTÂNCIAS NEUROTÓXICAS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Por:   •  20/12/2017  •  3.365 Palavras (14 Páginas)  •  557 Visualizações

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OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo identificar na literatura as principais características sobre neurotoxicidade e os efeitos neurotóxicos causados pela exposição ao chumbo, zinco e arsênio.

CONCEITOS E ASPECTOS GERAIS SOBRE NEUROTOXICIDADE

Neurotoxicidade refere-se ao dano causado ao cérebro ou ao sistema nervoso, devido exposição às substâncias tóxicas naturais ou sintéticas, no qual podem alterar a atividade do sistema nervoso de tal maneira que podem interromper ou matar os nervos, uma vez que os nervos são imprescindíveis para informações transmissoras e de processamento no cérebro. Os variados compostos neurotóxicos fazem dos neurônios, neurotransmissores, axônio e célula mielinizada seus alvos típicos (MOSER et al., 2012).

Diversas substâncias podem causar neurotoxicidade, dentre elas pode-se citar: metais pesados (chumbo, mercúrio, manganês, cobre, zinco, etc), drogas utilizadas para realização de quimioterapia, radiação, solventes industriais e limpeza, agrotóxicos, abuso de drogas, alguns alimentos e seus aditivos, cosméticos. Portanto a neurotoxicidade pode se manifestar de três formas, sendo elas aguda, subaguda, e crônica e pode causar diversos efeitos nocivos, entre eles sonolência, confusão, edema cerebral, convulsões, e algumas deficiências neurológicas (LEKE, 2005).

A capacidade de alguns metais em produzir alterações no desenvolvimento ou até mesmo causar processos neurodegenerativos tem despertado bastante interesse. Estudos afirmam que aos danos causados por agentes neurotóxicos, o encéfalo em desenvolvimento em comparação ao encéfalo adulto é bem mais susceptível (BONDY & CAMPBELL, 2005).

Porém, a toxicidade causada por exposição a metais interferem em diversos processos fisiológicos afetando vários órgãos: sistema nervoso central, fígado, rins, endócrino entre outros. Para causar a neurotoxicidade os seres humanos precisam ser expostos de maneira excessiva aos toxicantes por diversas vias, nesse caso os metais pesados, seja eles de fontes ambientais quanto ocupacionais (VALE et al., 2011).

MECANISMOS DA NEUROTOXICIDADE

Segundo Moser et al. (2012), os compostos neurotóxicos possuem um dos quatro alvos específicos: neurônio, axônio, célula mielinizada e/ou sistema neurotransmissor e são classificadas em: neuronopatias, axonopatias, mielonopatias e neurotoxicidade associada à neurotransmissão.

NEURONOPATIAS

Medeiros (2009) descreve em seu estudo que algumas toxinas agem diretamente nos neurônios, o que resulta em sua lesão ou até mesmo morte. O tipo de lesão a ser causado nos neurônios irá depender da substância tóxica a ser exposta. Entretanto, a maioria das lesões compartilham características comuns, no qual causam lesão inicial do neurônio e consequentemente sua destruição ou necrose, que resultará na diminuição da quantidade de neurônios.

Intoxicação por algumas drogas em doses excessivas irão causar efeitos neurotóxicos, que se iniciam no corpo celular do neurônio, e se estendem perifericamente como processo degenerativo walleriano. “Os neurônios dos gânglios das raízes dorsais e do gânglio de Gasser parecem ser particularmente sensíveis, devido às características próprias dos vasos e menor eficiência da barreira hematonervosa” (REIS & OLIVEIRA, 1999, p.108).

Doxorrubicina, metilmercúrio, dopamina, chumbo, metanol, arsênio, alumínio, manganês, entre outros são exemplos de algumas substâncias neurotóxicas capazes de causar neuronopatia por toxicidade.

AXONOPATIAS

Podem ser consideradas como resultado de transecção química do axônio, no qual o principal sítio de toxicidade é o axônio propriamente dito. Ocorre degeneração do axônio e mielina por estar ao seu redor, todavia, o corpo do neurônio irá permanecer intacto. No sistema nervoso periférico (SNP) poderá ocorrer regeneração, entretanto no sistema nervoso central (SNC) não, ou seja, é irreversível no SNC (Moser et al.,2012).

De acordo Reis & Oliveira (1999), a axonopatia é a reação às substâncias tóxicas mais comum no SNP, no qual as anormalidades metabólicas irão se iniciar nos segmentos distais dos axônios periféricos, entretanto o processo tendo a ser multifocal e difuso.

Dissulfeto de carbono, dapsona, lítio, ouro, metronidazol, platina, n-hexano, acrilamida, etc são algumas toxinas que expostas por doses elevadas podem causar efeito nocivo aos axônios. (REIS & OLIVEIRA, 1999, p.108).

MIELONOPATIAS

Exposição elevada a substâncias neurotóxicas podem causar a separação ou perda seletiva das camadas de mielina, ou seja, já que o isolamento elétrico dos processos neuronais é fornecido pela mielina, sua ausência acarretará na alteração dos impulsos nervosos. No SNC ocorre a desmielinização, que nada mais é do que a perda seletiva de mielina, já no SNP, as células de Schwann são responsáveis e capazes de remielinizar os axônios (Moser et al.,2012).

Telúrio, chumbo, lisolecitina, amiodarona, são alguns exemplos de toxicantes capazes de causar neurotoxicidades.

NEUROTOXICIDADE ASSOCIADA À NEUROTRANSMISSÃO

Segundo Moser et al. (2012), algumas substâncias químicas e tóxicas são capazes de interromper a transmissão de impulsos, bloquear e/ou realçar a comunicação sináptica, bloquear a receptação de neurotransmissores.

A cocaína, anfetamina e nicotina são os principais toxicantes que causam efeitos nocivos de toxicidade associada à neurotransmissão.

Após exposição prolongada à cocaína haverá elevações de norepinefrina e dopamina. No SNC ocorrerá o bloqueio da receptação da dopamina nas fendas sinápticas. Já com o uso exacerbado de anfetamina, funcionará a liberação direta dos neurotransmissores das vesículas sinápticas e consequentemente inibição da receptação do mesmo. O uso aumentado de nicotina leva a estimulação excessiva do receptor nicotínico, que em seguida acarretará paralisia ganglionar (CHASIN et al., 2008).

AGENTES NEUROTÓXICOS

Conforme citado anteriormente, existem vários agentes capazes de produzir efeito neurotóxicos, dependendo da sua dose absorvida e nível de exposição.

CHUMBO

Desde a antiguidade o homem

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