Índia X Paquistão: A disputa pela Caxemira
Por: YdecRupolo • 24/9/2018 • 1.737 Palavras (7 Páginas) • 315 Visualizações
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a um dos dois novos países: ou a Índia, ou o Paquistão. Jammu e Caxemira tinha uma população predominantemente muçulmana, mas um marajá hindu. A Caxemira tinha três opções: a independência, a anexação à Índia ou a anexação ao Paquistão. É nesse cenário que surge a disputa entre Índia e Paquistão por essa região, exacerbada pela já antiga rivalidade entre esses dois povos, decorrente da grande divergência religiosa e do conflito entre crenças. Caxemira acabou, portanto, tornando-se alvo do interesse de ambas as partes, em que tanto um quanto o outro almejavam estabelecer domínio sobre ela. As divergências étnico-religiosas, evidentemente, instituíram-se e a guerra foi inevitável. Desde 1947, já aconteceram várias guerras pela região da Caxemira: a Guerra Indo-Paquistanesa de 1947, a Guerra Sino-Indiana de 1962 e as guerras de 1965 e 1971.
Hari Singh, o governante da região de Jammu e Caxemira, hesitou ao escolher um dos países para a anexação, pois ele era de origem hindu, mas a maioria da população da região era muçulmana. Com a demora da escolha, tribos paquistanesas invadiram a Caxemira de forma violenta, com o objetivo de adiantar a anexação ao Paquistão. Mesmo a Caxemira sendo majoritariamente muçulmana, o marajá assinou, em 1947, o Instrumento de Adesão, colocando a região sob controle indiano, o que permitiria que a Índia enviasse forças para repelir a presença paquistanesa. Assim, o exército indiano interveio e conseguiu expulsar uma parte dos paquistaneses e adquirir dois terços do território caxemiro. Essa medida era, segundo a Índia, supostamente temporária, até que fosse realizado um plebiscito que permitisse ao povo da Caxemira escolher qual nação integrar. Isso, porém, nunca se materializou. O conflito resultou na divisão da área em duas partes: uma para a Índia (Jammu e Caxemira) e outra para o Paquistão (Azad Caxemira).
A guerra continuou até 1948, quando a Índia solicitou o envolvimento do Conselho de Segurança da ONU. O Conselho aprovou uma resolução que impôs um cessar-fogo imediato e mandou o Paquistão retirar toda a presença militar. Além disso, decretou que a situação de Jammu e Caxemira seria determinada de acordo com a vontade do povo, de forma democrática, através de um plebiscito livre e imparcial, conduzido pelas Nações Unidas. O cessar-fogo foi decretado em 31 de dezembro de 1948. No entanto, o Paquistão não retirou suas tropas da região e o plebiscito nunca ocorreu, o que levou a uma crescente agitação na região.
Em 1962, tropas da Índia e da China se enfrentaram na Guerra Sino-Indiana, em razão de um território reivindicado por ambos os países. A China rapidamente dominou os militares indianos, resultando na conquista chinesa da região de Aksai Chin, que permanece sob administração chinesa até hoje. Outra área menor, a Trans-Karakoram, foi demarcada como Linha de Controle (LOC) entre a China e o Paquistão. A linha que separa a Índia da China nessa região chama-se "Linha de Controle Real".
Em 1965 e 1971, novas lutas eclodiram entre Índia e Paquistão. O Paquistão foi derrotado na Guerra Indo-Paquistanesa de 1971. Essa guerra conduziu ao Acordo de Simla, assinado em 1972, em que os países concordaram em resolver suas diferenças pacificamente, por meio de negociações. Essas negociações permaneceram eficazes até os anos 1990, quando uma nova onda de hostilidades entre Índia e Paquistão surgiu nas fronteiras da Caxemira, por meio de manobras militares e ameaças de retaliação.
O acordo definiu, ainda, a Linha de Controle (que não deve ser confundida com a Linha de Controle Real entre a Índia e a China), separando a Caxemira indiana e paquistanesa.
Em 1989, tem início uma pesada sublevação armada na Caxemira, se estendendo até os dias atuais. A área indiana vem sofrendo ataques terroristas por parte dos militantes muçulmanos e políticas de segurança opressivas por parte do exército indiano. Militantes islâmicos atravessam a fronteira para lutar contra o controle indiano da região.
Para o Paquistão, a Caxemira deveria ter sido anexada ao Paquistão, pois a maioria da população que reside naquela região é muçulmana. Na visão do Paquistão, a Caxemira é uma área em disputa e seu status oficial ainda não é determinado. Defendem que a vontade do povo deve ser levada em consideração, sustentando que as sublevações populares dos caxemires demonstra que esse povo não quer mais ser parte da Índia.
Na visão indiana, como o marajá assinou o Instrumento de Adesão, em 1947, que dava à Índia o controle sob a Caxemira, essa região é, legitimamente, parte integrante do território indiano.
Percebe-se que esse conflito pode ser considerado, a princípio, uma luta fundada na religião, decorrente da divergência de crenças religiosas entre os povos, mas acabou tornando-se uma disputa política e territorial, assentada no interesse de duas nações sob uma área de significativa importância geopolítica.
O motivo pelo qual esse conflito é tão relevante nas relações internacionais está ligado ao fato de que os dois países, no decorrer do conflito, muniram-se de armamento nuclear. Em maio de 1999, a Índia realizou cinco testes nucleares no Deserto de Rajastã, junto à fronteira com o Paquistão. Este, por sua vez, em resposta, fez seis testes semelhantes. O fato de dois países com governantes nacionalistas possuírem tecnologias nucleares para fins bélicos captou a atenção da comunidade internacional para esse conflito, em razão do temor de uma guerra nuclear entre essas duas nações, o que acabou tornando a disputa relevante internacionalmente. Os Estados Unidos, por exemplo,
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