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Resenha do Filme Babel - Antropologia

Por:   •  7/12/2017  •  2.835 Palavras (12 Páginas)  •  519 Visualizações

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Podemos também observar o comportamento social da família marroquina, Ahmed observava sua irmã em momentos íntimos com consentimento da mesma e com isso se sentia atraído por ela, quando seu pai descobre, reprova e castiga o filho. Esse tipo de atitude mostra que a família chega ao ponto do incesto, conceito que foi existe para evitar relações entre os familiares e criar a definição de família, como escreve Elisabeth Roudinesco. É a sexualidade reprimida, demonstrando a necessidade de romper fronteiras de ordem familiar. A cultura Marroquina é diferente da ocidental, homens podem ter a quantidade de mulheres que podem sustentar, e estas ainda tem que utilizar as burcas, trajes que cobrem todo o corpo. Demonstrada aqui a discriminação sofrida pela mulher no mundo islâmico. A diversidade cultural, muitas vezes não é reconhecida e diferenciada entre pessoas que seguem o Islamismo, mas a diferença entre etnias Árabes é um conceito que muita vezes é confundido em questões culturais.

Nos estados Unidos, os filhos do casal que estavam em viagem pelo Marrocos ficaram sob os cuidados de uma babá mexicana, Amélia, que tomava conta dos mesmos na cidade onde viviam, em San Diego, na Califórnia. Devido aos fatos citados anteriormente a babá é obrigada a ficar com as crianças, pois não tinha com quem os deixar. Porém naquele contexto ela não poderia ficar com as mesmas, pois teria que ir ao casamento de seu filho no México, país vizinho, e não vendo saída resolve levá-las ao evento. Para fazer o trajeto ela pega carona com seu sobrinho Santiago. Ao chegar ao México, às crianças tem um choque cultural e falam sobre as informações que receberam dos pais, os quais disseram que aquele era um local perigoso e atrasado, demonstrando para os locais, que mesmo sendo crianças, já tinham uma opinião preconceituosa formada, herdada dos pais, sobre diferentes culturas e consequentemente sobre a diversidade.

As crianças sentiram a diferença cultural e a desigualdade social comparando o local onde vivem com o ambiente do casamento do filho de Amélia e tiveram a oportunidade de vivência em um ambiente que para eles, ainda era inédito e também a experiência de observar a existência de certos tipos de comportamento, que mesmo vivendo em San Diego, onde é muito comum a presença dos latinos, não observavam. Os americanos vivem a alienação sobre a sua cultura.

Amélia resolve voltar com as crianças de noite após o casamento, mesmo com seu sobrinho alcoolizado no volante.

Neste ínterim, são surpreendidos por policiais ao cruzar a fronteira, sendo que não tinham permissão dos pais das crianças para estarem transitando com elas, mesmo tendo os passaportes. Santiago, por estar embriagado, foge dos policiais, fazendo então com que houvesse uma perseguição, e ao ver que não haveria escapatória deixa as crianças e tia no meio do deserto. Não tendo escolha a babá e as crianças passam a noite naquela situação precária, logo ao amanhecer a senhora sai à procura de ajuda e encontra um policial que a aprisiona, sem ao menos ter a certeza de sua identificação. Pede com todo apelo que o policial vá com ela buscar as crianças, as quais tinha deixado para tentar ajuda mas elas não mais estavam no local. Os policiais prendem a mulher, e devido aos fatos que aconteceram com as crianças e a sua ilegalidade no país, mesmo tendo morado nos EUA por 16 anos, é determinada a sua deportação. As crianças foram encontradas posteriormente e não foi levado em consideração no caso da deportação que Amélia havia cuidado delas desde o nascimento das mesmas.

No Japão, Yasujiro Wataya é procurado pela policia japonesa que não o encontra e falam com sua filha, Cheiko Wataya, que acha que os investigadores procuram seu pai pelo suicídio de sua mãe, o que afeta ainda mais a fraca condição psicológica da menina, que já sofre preconceito por ser surda e muda e ainda é abalada pela morte da mãe. Ela sofre por não chamar atenção de ninguém, tenta várias vezes superar essa deficiência com maneiras peculiares para seduzir os homens. Em uma dessas vezes, ao achar o investigador uma pessoa charmosa, liga para ele e diz que deseja falar com ele e marca um encontro em sua casa, ela conta então a história da mãe e descobre que o investigador quer saber sobre a arma de seu pai, então ela para de falar sobre o assunto e tenta se relacionar com o rapaz, mas não consegue. Logo quando o rapaz está saindo do edifício encontra com o pai da moça e fala sobre a determinada arma e este então explica que a deu para seu guia em uma caçada, e então, a desconfiança da ligação com terrorismo ou de tráfico de armas é descartada.

A análise do filme se concentra nas diferentes modalidades do conceito de modernidade, na falta de diálogo, na discussão do multiculturalismo como representação contemporânea dos efeitos que a globalização econômica tem provocado na atualidade diante de países tão diferentes do ponto de vista econômico, social, cultural e político.

O drama vivido pelas personagens retoma o drama existencial e político contemporâneo, no qual o acaso é o deflagrador dos acontecimentos, no lugar de uma ação premeditada e objetiva. O acaso, as coincidências e a impossibilidade de controle das situações traduzem a imprevisibilidade da sociedade contemporânea. Aquilo que não se pode prever. Assim, quanto mais controle estatal, mais se constata a presença das linhas de fuga, da inserção do outro no sistema.

3 TEMA RELEVANTE E RELAÇÃO COM AUTORES ESTUDADOS NA DISCIPLINA

Escritores como Hannah Arendt e Tzvetan Todorov, têm em suas obras, opinião sobre como aumentar a tolerância, evitar a discriminação e mostrar os direitos de quem é considerada minoria, já que a diversidade está presente em todos os locais.

Desta forma tentam evitar a estagnação de ideologias, já que vivemos em constante modificação.

Para a filósofa Hannah Arendt, quando não há diálogo a violência é inevitável para a resolução de conflitos, e no longa a falta da comunicação é demonstrada de várias formas. Notamos no filme a presença de diversos idiomas diferentes, além da linguagem de sinais da japonesa, abismos culturais que parecem intransponíveis e diante de tantas divergências, um caminho que conflui para o uso da força.

Compreender, para Arendt, significava enfrentar sem preconceitos e com atenção a própria realidade, qualquer que fosse, e resistir a ela, em vez de negar a atrocidade ou atribuí-la a precedentes históricos (Birulés 1997). Se, para compreender, é necessário evitar os preconceitos, essa

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