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INDIGNAÇÃO: A MOLA PROPULSORA DA RESISTÊNCIA

Por:   •  21/5/2018  •  1.581 Palavras (7 Páginas)  •  312 Visualizações

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Os responsáveis políticos e econômicos, intelectuais e a sociedade toda não devem se omitir nem se deixar impressionar pela atual ditadura internacional dos mercados financeiros, que ameaça a paz e a democracia. Entretanto, o que vemos é a mídia desempenhando um papel manipulador sobre as massas, influenciando em pesquisas eleitorais, na questão dos imigrantes ilegais, guerras religiosas e petrolíferas.

Em sua obra, ele pontua que cada um de nós devemos ter um motivo de indignação. Desse modo, quando não estamos satisfeitos com algo, temos que procurar uma forma de melhorar/solucionar a questão. Entretanto, o autor não ofereceu sugestões de como interferir na realidade do nosso dia-a-dia. Assim, apontou problemas, mas não revelou as soluções.

Quando o autor propõe que devemos ajudar as pessoas que ainda não são beneficiadas pelos direitos previstos na Declaração Universal, este pensamento se aproxima do proposto pelo jurista Rudolf VonIhering, em sua obra A Luta pelo Direito. Nela, Ihering revela que só na luta os cidadãos encontrarão o direito, pois o direito não é apenas uma teoria pura, mas uma força viva. Assim, precisamos lutar para que aquilo que está no papel se concretize.

Hessel tentou idealizar um Estado perfeito, onde a responsabilidade do sucesso ou insucesso da humanidade recai apenas no indivíduo, em cada ser humano. Entretanto, o Estado Democrático, conforme previsto na Constituição, não é efetivamente exercido por todos, mas sim pela camada dominante da população.

As pessoas não podem ficar inertes diante das deficiências dos projetos do Estado, cujos objetivos cada vez mais se distanciam da necessidade da nação.

A corrida pelo progresso deve existir, mas não a todo custo, como vem ocorrendo. Pessoas trabalhando em condições análogas a de escravo, falta de atenção aos direitos essenciais, como saúde, segurança e educação, que põem em risco a própria existência humana.

No decorrer do texto percebemos que os motivos para se indignar atualmente são notáveis, principalmente para aqueles que sentem na pele seus direitos serem massacrados.

Apesar do Estado não conseguir cumprir com o que prometeu desde a sua criação, as pessoas necessitam voltar seu olhar para o seu semelhante. A mudança precisa começar pelo ser individual.

É preciso se colocar no lugar do outro, entender que nem todos têm as mesmas oportunidades. Mas, que acima de tudo, todos somos seres humanos, e que só por esse fato, merecemos ser tratados de forma igualitária.

A situação vivenciada na Palestina, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia é apresentada, na obra, como a principal e atual fonte de indignação de Stéphane Hessel. Segundo os relatos do embaixador, baseados nas impressões elaboradas durante as visitas realizadas nas referidas regiões, a exemplo os campos de refugiados da faixa de Gaza, nesses locais, cuja principal forma de discordância tem fundamento na intolerância que resultou em um tenso e constante conflito de concepções culturais e religiosas, a cultura da violência é mobilizada como modo de resistência.

A valorização da cultura de violência, concretizada nesses espaços orientais por meio das praticas terroristas, além de outras formas, tem o seu significado intimamente interligado a compreensão do conceito de exasperação. A exasperação, de acordo com Stéphane Hessel, deve ser entendida enquanto uma violência negativa porque surgi da recusa do sujeito oprimido a aceitar a situação de sofrimento vivenciada.

Neste sentido, a violência produz como resultado a desesperança, impossibilitando uma reaproximação e uma negociação pacifica entre os sujeitos, reforçando o estado de opressão. Norteado por essa percepção de violência, o escritor defende a cultura da não violência que, como uma forma eficiente de resistência e de visibilidade da indignação, se efetiva através da não violação dos direitos dos cidadãos, independente de sua nacionalidade, credo religioso, raça, etc. Trata-se de cultivar o respeito mútuo e do exercício diário de paciência vigilante que, quando exercitadas, combatem toda e qualquer forma de totalitarismo.

A obra de Stéphane Hessel traz em seu conteúdo, sobretudo nos dias atuais, uma importante e significativa contribuição sobre a supervalorização da pratica da violência e a sua real contribuição,como forma de expressão da resistência, para a resolução dos conflitos que entrecortam as relações sociais.

Ao conduzir o leitor a refletir sobre uso, bem como a propagação dos atos de violência pelos meios de comunicação de massa, através das suas impressões, o escritor suscita questionamentos importantes, essencialmente, no tocante a substituição dos atos de violência pela pratica da tolerância às particularidades dos povos, dos sujeitos, das religiões, etc., a diferença constitutiva do ser humano.

Entretanto, a nosso ver, a obra traz em seu conteúdo uma restrição no entendimento do conceito de violência. A violência pode ser praticada de inúmeras formas e maneira, não se restringindo a atos de grande porte, como o lançamento de mísseis, a destruição de aparelhos urbanos, (escolas, hospitais, templos ou casa),o seu sentido é mais amplo e engloba a violência psicológica, social, patrimonial, etc, nesse sentido, a clausura a que está submetido os sujeitos que sobrevivem na Faixa de Gaza, a morte dos parentes, o perecimento de bens de valor afetivos, a profanação da dignidade dos sujeitos, a impossibilidade de sepultar os mortos,entre outras, deve ser também, percebida como violência. Muitas são

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