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A dinâmica entre liderança e identificação consentida nas organizações contemporâneas

Por:   •  26/4/2018  •  2.064 Palavras (9 Páginas)  •  243 Visualizações

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O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

Identificar é reconhecer (eu sou), é demonstrar afinidade, atração, de que resulta um processo de internalização (eu acredito) e de incorporação de crenças, valores, atitudes, num processo de emulação (Ashforth e Mael, 1989). "Nas identificações adquiridas o outro entra na composição do si mesmo. [...] A identidade é feita dessas identificações com valores, normas, ideais, modelos e heróis, nos quais a pessoa e a comunidade se reconhecem. O reconhecer-se no contribui para o reconhecer-se com" (Ricoeur, 1990, p. 147).

O fenômeno da identidade social. Categorização refere-se ao processo pelo qual o eu é assimilado cognitivamente nos protótipos do grupo, despersonalizando seu autoconceito. Despersonalização, por sua vez, refere-se à mudança na autoconceitualização e na base da percepção dos outros (Hogg e Terry, 2000). Em resumo, pode-se dizer que o processo da identificação está intimamente ligado aos aspectos (Pratt, 1998): (1) de segurança psicológica - a identificação funciona como um mecanismo de cópia que as pessoas utilizam para resolver inconsistências emocionais; (2) de afiliação - a necessidade de o indivíduo se perceber como membro de um grupo, necessidade de agregação, a fim de vencer o isolamento social; (3) de autovalorização- o indivíduo busca imitar o comportamento daquele que ele julga importante para seu engrandecimento, para a construção de um autoconceito positivo; e (4) de significado - o indivíduo busca referências de valores para incorporar ao seu comportamento, como forma de atribuir um propósito à sua vida.

A DINÂMICA ENTRE LIDERANÇA E IDENTIFICAÇÃO

As teorias sobre identificação confirmam que não existe papel de líder isoladamente; por isso identificação é uma noção básica para refinar a compreensão do processo de liderança no contexto contemporâneo das organizações. Como a formação do vínculo da identificação sucede no momento em que as ações de uma pessoa vão ao encontro das expectativas da outra, o vínculo da liderança ocorre de maneira fecunda e produtiva quando as ações do líder forem ao encontro das expectativas do liderado e vice-versa. Cognição, Emoção e Poder. A dinâmica entre liderança e identificação se estabelece no terreno de variados processos. Opera pela interação entre processos políticos, cognitivos e emocionais e gera, simultaneamente, ordenamento significativo da realidade e consentimento por parte dos influenciados. Cognição é uma das dimensões mais explicitamente abordadas pela literatura organizacional, indicando que tanto liderança quanto identificação envolvem processos cognitivos de avaliação e descrição da realidade. De maneira complementar, reconhecimento e influência são permeados pelas emoções. As emoções indicam o grau de valor que as pessoas atribuem às situações no processo de identificação: dizem-nos quão importante é a identificação, refletem o significado emocional da identificação (Harquail, 1998), sugerem e ratificam a forma pela qual as pessoas pensam, se comportam e tomam decisões. As emoções são estudadas sob a ótica da perspectiva: (1) neurológica, que atribui aos órgãos dos sentidos a explicação do fenômeno; assim a emoção é o resultado de uma avaliação perceptiva; (2) psicológica, que relaciona os estudos de emoção aos de cognição; e (3) social, que as aborda como frutos de uma construção social. Para esta última perspectiva a cultura exerce papel preponderante na determinação das emoções. Em qualquer dessas dimensões, as emoções configuram-se como expressões dos sentimentos, crenças e desejos dos indivíduos (Taylor apud Griffiths, 1997). Autores como Harquail (1998) e Schwarz (2000) têm apontado a correlação existente entre as emoções e o processo de escolhas por parte dos indivíduos, afirmando que indivíduos com bom humor tendem a superestimar avaliações positivas e subestimar avaliações negativas em diferentes circunstâncias. "Os diferentes aspectos do poder nos remetem às raízes das preocupações humanas: a força e a fraqueza, a dominação e a dependência, o controle e a submissão. A vontade de um se exerce em detrimento da vontade do outro. Esses diferentes aspectos perturbam e repelem" (Kets de Vries, 1995), fazendo parte do processo de identificação. Nesses termos, a liderança é uma atividade intrinsecamente política, à medida que, ao ordenar simbolicamente atividades e relações e suscitar reconhecimento, tende a excluir algumas atividades e relações em detrimento de outras e a legitimar alguns interesses em detrimento de outros. Atores organizacionais envolvidos no processo de influência, inserem-se simultaneamente nos "jogos de poder" (Frost, 1987) e utilizam mecanismos para estruturar e regular suas relações de poder - às vezes colaborando, às vezes competindo - dependendo de seus posicionamentos com relação às contingências e dependências estratégicas e ao acesso de que dispõem a recursos materiais e simbólicos. Ordenamento e Consentimento. O esquema conceitual proposto, que articula cognição, emoção e poder, é dinamizado pelos fenômenos de ordenamento e consentimento. Nesses termos, os seguidores podem sentir-se revitalizados, à medida que o seu eu se funde na identificação com o líder e que eles interagem cognitivamente, emocionalmente e politicamente com uma realidade psicossocial que lhes é oferecida e reconhecida como significativa. A identificação pode tornar-se uma espécie de captura conflituosa, mas também revigorante porque, pela identificação, o seguidor participa simbolicamente do poder do líder. Aquele que se identifica talvez creia que está capturando o outro, mas é ele que pode estar sendo capturado (Mannoni apud Signorini, 1998) por um processo de despersonalização e pela nova categorização social tipificada e exigida pelo grupo.se refere ao processo pelo qual o líder percebe que o mundo exterior não tem sentido imediato para as pessoas e que o ordenamento significativo de suas experiências emocionais pode conferir força e convicção à sua influência; entretanto, reciprocamente, esta influência se verifica efetivamente, quando suas crenças, valores e atitudes vão encontrando

IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA E PESQUISA ORGANIZACIONAL

O esquema conceitual proposto neste artigo destaca, no mínimo, três tipos de implicações para o estudo da liderança. Primeiro, porque considerar a liderança como fenômeno processual fundamentalmente psicossocial que requer interação e relacionamento, proporciona uma forma de repensá-la e de adequá-la às mudanças organizacionais

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