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A REVOLUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

Por:   •  22/12/2017  •  3.866 Palavras (16 Páginas)  •  346 Visualizações

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"Quanto desse desenvolvimento era devido à ciência do calor? Toda a evidência disponível indica que era pouco. Este ponto de vista foi expresso enfaticamente por um escritor da história da invenção da máquina a vapor, Robert Stuart Meikleham. No prefácio de seu livro Descriptive History of the Steam Engine, de 1824, escreveu ele: "Não conhecemos quem divulgou a expressão de que a invenção foi uma das mais nobres dádivas que a ciência já dera à humanidade. O fato é que a ciência, ou os homens de ciência, jamais tiveram algo a ver com o assunto. Na verdade, não há máquina alguma nem maquinismo algum nos quais o pouco que os teóricos fizeram seja mais inútil. Ela surgiu, foi aperfeiçoada e aprimorada pelos rnecânicos no trabalho — eisó por eles".”3

Esta opinião é robustecida pelo fato de que nos primeiros

dias do desenvolvimento da força do vapor a teoria do calor vigente

era a teoria calórica, da qual, como observa Lindsay, “poucas deduções realmente significativas sobre as propriedades do calor podiam ser tiradas”." Landes conclui que o desenvolvimento da tecnologia do vapor provavelmente contribuiu muito mais para as ciências físicas do que qualquer outro modo:

"Declara-se freqüentemente que a máquina de Newcomen e suas precursoras teriam sido impensáveis sem as idéias teóricas de Boyle, Torricelli e outros: e que Watt tirou muito de sua competência técnica e imaginação de seu trabalho com cientístas e instrumentos científicos em Glasgow. Há, sem dúvida, alguma verdade nisso, embora o quanto seja impossível dizer. Uma coisa é clara, contudo: uma vez que o princípio do condensador separado foi estabelecido, os subseqüentes avanços deveram pou

* , Da especialização técnica existente na Inglaterra no século XVIII escreve Landes: "Isto não deve ser confundido com conhecimento científico; não obstante alguns esforços para vincular a Revolução Industrial à Revolução. Científica dos séculos XVI e XVII, o vínculo pareceu extremamente difuso: ambas refletiam um revigorado interesse nos fenômenos naturais e materiais e uma aplicação sistemática da pesquisa empírica. De fato, se houve algum, o crescimento do conhecimento científico deveu muito às preocupações - e feitos da tecnologia; havia muito menos fluxo de idéias ou métodos no outro lado: e assim deveria continuar em pleno século XIX."2 /

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co ou nada à teoria. Pelo contrário. todo um ramo da Física. a termodinâmica, desenvolveu-se em parte como resultado das observações empíricas dos métodos de engenharia e execução."5

Contrastar isso com o modo pêlo qual a ciência tem sido empregada, como o fio cortante da transformação industrial durante os passados três quartos de um século, é contrastar a ciência em dois modos muito diferentes de existência. As profissões científicas, organizadas como as conhecemos hoje, escassamente existiam antes da segunda metade do século XIX. Nos inícios do século, as universidades estavam orientadas ainda no sentido do saber clássico, as sociedades científicas estavam na infância, e o patrocínio científico era principalmente assunto privado. Os cientistas eram o tipicamente “amadores”, ou homens para quem a ciência era não raro uma distração, não obstante seu ardente interesse nela... Até o findo século XIX... não existia uma base social firmemente estabelecida para grande número de cientistas nas universidades, indústrias e governos da sociedade ocidental”.o Até mesmo por volta de 1880, Thomas Huxley podia falar daqueles “alinhados em torno dos estandartes da ciência física” como “algo de uma força de guerrilha, constituída sobretudo de irregulares”.

A velha época da indústria ensejou a nova durante as últimas décadas do século XIX, sobretudo como conseqüência do avanço em quatro campos: eletricidade, aço, petróleo e motor de explosão. A pesquisa científica teórica influía bastante nesses setores para demônstrãr à classe capitalista, e especialmente às entidades empresariais gigantes, então surgindo como resultado da concentração e centralização do capital, sua importância como um meio de estimular ainda mais a acumulação do capital. Isto era verdade sobretudo quanto às indústrias elétricas, que eram totalmente o produto da ciência do século XIX, e na química dos produtos sintéticos do carvão e do óleo.

A história da incorporação da ciência à empresa capitalista

começa propriamente na Álemanha. A primeira simbíose entre a ciência e a indústria, que foi desenvolvida pela classe capitalista daquele país, demonstrou ser um dos fatos mais importantes da história mundial no século XX. Ela capacitou as nações para duas guerras mundiais, e ofereceu às demais nações capitalistas um exemplo que elas aprenderam à imitar apenas quando foram obrigadas a fazê-lo muitas décadas mais tarde. O papel da ciência na indústria alemã foi o produto da fraqueza do capitalismo alemão em seus estágios iniciais, junto com o estado avançado da ciência teórica alemã. - -

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Seria interessante para aqueles que ainda não compreendem a importância da filosofia especulativa alemã ponderar, senão o exemplo de Marx, do qual são tão receosos, o caso concreto da ciência moderna e suas carreiras nitidamente contrastantes na Alemanha de um lado e nos Estados Unidos e Inglaterra de outro. “Se muito da Inglaterra contemporânea deve ser explicado nos termos da filosofia de Bentham”, escreve P. W. Musgrave em seu estudo das mudanças técnicas na Inglaterra e Alemanha, “o mesmo acontece com a grande influência de Hegel na Alemanha.” A influência de Hegel no desenvolvimento da ciência foi, observa Musgrave, tanto direta como indireta. No primeiro caso, houve seu papel na reforma da educação prussiana, na segunda década do século XIX. E, em seguida, houve a penetrante influência da filosofia especulativa alemã, da qual Hegel era o pensador culminante, ao dar à educação científica alemã um aspecto fundamental e teórico. Assim, enquanto a Inglaterra e os Estados Unidos estavam ainda às voltas com aquele empirismo do senso comum, que atrofia e desestimula o pensamento reflexivo e a pesquisa científica básica, na Alemanha eram esses mesmos hábitos da mente que estavam sendo desenvolvidos na comunidade científica.° Foi por essa razão mais do que por qualquer outra

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