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História da Infância em Goiás

Por:   •  4/11/2018  •  4.653 Palavras (19 Páginas)  •  252 Visualizações

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muitos bebês mortos, vitimas do infanticídio. A Igreja inaugurou então a contraditória roda dos expostos, esse dispositivo era fixado no muro ou na janela da instituição.

É provável que o costume de abandonar os filhos tenha chegado ao Brasil com o processo de colonização, antes essa pratica não existia. A pobreza era a principal justificativa para tal atitude. Havia também casos de expostos que eram filhos de mães adulteras ou de concubinas que ocupavam certo prestigio social.

Apesar da tentativa de salvamento, o numero de crianças que morria era alarmante. O alto índice de mortalidade dos expostos se dava pela falta de recursos destinados as Santas Casas, pelas doenças que se manifestavam e também pelo descuido das amas mercenárias. Amas mercenárias eram mulheres contratadas para amamentar os bebês nos primeiros meses em troca de uma remuneração.

Goiás no século XIX apresentava um baixo índice de criança abandonadas, é importante lembrar que Goiás nessa época era uma região muito pobre, pobreza intensificada pela fase de transição da mineração para a agropecuária. O reduzido número de crianças expostas em Goiás leva-nos a atentar para a composição da sociedade goiana: uma sociedade composta em sua maioria de índios que mantinham relações harmoniosas com suas crianças. Em Goiás aconteceram outras formas de separar as crianças de seus pais, como por exemplo, “dar o filho para criar” delegar aos amigos ou parentes a posse da criança. A adoção acontecia de vários modos em Goiás, os chamados “bobos” eram adotados pelas famílias para cumprirem o papel de serviçal em casa. No que se refere à criança negra, o sentimento cristão orientava essa caridade e essas crianças eram adotadas para serem cuidadas “como filhas”. A pratica de “pegar para criar” uma negrinha ou um negrinho, resquício proveniente da escravidão, fazia dessas crianças adotadas, vitimas da violência domestica, cujos maus tratos levavam ate a morte em alguns casos.

Até pouco tempo a pratica de adotar crianças negras para realização de tarefas nas casas do interior de Goiás era muito comum, principalmente para cuidarem de outras crianças. Aos indígenas, em “nome da civilização”, coube a adoção, nada espontânea uma vez que ela não acontecia de forma amistosa, os índios eram vitimas de aprisionamento.

Os indiozinhos eram pegos como animaizinhos de estimação para serem dados como presentes, mas muitas vezes eles resistiam, e fugiam de seus pais adotivos, e essa criança indígena era adotada sem o consentimento da sua tribo ou de seus pais. A roda dos expostos foi criada no século XVIII, mas pela sua ineficácia, que não atendia bem, e nem a todas as crianças, fez com que se procurassem alternativas para a infância abandonada, e a partir da segunda metade do século XIX, o Brasil contava com instituições em forma de casas, institutos, asilos e colônias agrícolas de caráter publico ou particular.

Embora o abandono acontecesse em menor proporção, à preocupação se manifestou mais precisamente na década de 70 do século XIX, com a implantação de locais para recolher os órfãos e pobres e forma-los para a moral e para o trabalho. Como exemplo cite-se o Colégio Isabel, que era uma instituição destinada a atender meninas órfãs. Já os projetos para atender a infância e juventude dos meninos, eram, em sua maioria, provenientes da pedagogia militar. Goiás não foi exceção, instalando-se em 1877, a companhia de Aprendizes Militares, que era subordinada ao ministério da guerra, era conhecido como o “Quartel dos Menores”, o regime era militar, e o desligamento só se dava por morte, para “sentar na praça” (serviço militar) aos 14 anos, por boa disciplina, por pedido da família, ou por fugas, que eram constantes. A companhia em Goiás durou 14 anos e cinco meses, e foi considerado o educandário mais bem equipado da província. No final do século XIX, foram implantadas no Brasil, as “Colônias Agrícolas para Ingênuos”, ou “Colônias Orfanológicas” sob regime de internato. Em Goiás, a primeira e a que mais prosperou foi colônia Blaziana, que ficava em Luziânia. Foi criada também a Colônia Macedina, que era direcionada a proteção dos índios. Em 1880, a Colônia de São Vicente, no rio Araguaia, era antiga escola de catequese para os índios se transformou em colônia e passou a tender os filhos dos cristãos para o ensino de Primeiras Letras e praticas agropastoris. Não foi característica marcante da província o abandono, Goiá deixou-se envolver pelo espirito cristão e civilizador, tomando para si as crianças rejeitadas, tomados ou internados.

Infância: proteção divina e mística

No Brasil, houve uma grande mistura de praticas católica e superstições, sortes e agouros. Nem mesmo a Igreja conseguiu impedir o desenvolvimento dessas crenças, essas crendices em sua maioria eram herdadas dos indígenas, essas crenças tinha a intenção de salvar a vida. As crenças praticadas em torno do bebê, desde a sua concepção, demonstrava a necessidade de proteção ao feto e a mãe, o bebê era protegido dentro da barriga da mãe e após o nascimento.

A maternidade entre as mulheres negras, brancas ou índias era envolvida por diferentes valores culturais e econômicos, mas se assemelhava nos cuidados, sempre com a intenção de preservar a vida da mãe e do bebê, já que a taxa de mortalidade nessa época era tão elevada como a de natalidade, isso acabou criando uma necessidade de uma proximidade com o sobrenatural.

As mães em geral não recebiam atenção masculina, exceto as mães dos curumins. Além disso, a gravidez não era garantia de vida para mãe e filho. Para resistir a tantas dificuldades, as mulheres cercavam-se das comadres e parteiras para espantar os maus espíritos e cuidar das crianças, a mãe era a única responsável pelo nascimento, sobrevivência, saúde e educação dos filhos, dar à luz naquela época significava correr risco de vida, e por isso durante a gravidez a mulher se cercava de inúmeras precauções, para evitar o nascimento de bebês com algum tipo de deficiência. Em Goiás, para tentar aliviar o sofrimento da mulher, na hora do parto, eram feitos alguns rituais, um deles era tirar a camisa do marido e vesti-la ao avesso na mulher, o cheiro auxiliava no trabalho de parto, ou também colocar o chapéu do marido na mulher; fazer barulho com uma colher e um prato até a criança nascer, entre outas.

Comadres e parteiras solidarizavam-se na hora do parto, e a parteira tinha um papel soberano nesse momento, essas parteiras eram pessoas que tinham um grande prestigio, por seus conhecimentos profundos sobre gravidez e pós-parto. Em Goiás, e em outras regiões cabia à parteira

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