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Uma Reflexão Filosófica

Por:   •  26/10/2018  •  2.202 Palavras (9 Páginas)  •  332 Visualizações

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Sob a perspectiva marxiana, o papel do professor, apesar de ser limitado pelas circunstâncias sociais, se refletia em práxis pedagógica, uma vez que a sua principal ferramenta de trabalho era a teoria, e sem teoria seria impossível uma práxis revolucionária, denotando, assim, a posição que deveria ser ocupada pelo educador neste processo de transformação da sociedade. Contudo “[...] Marx lembra que o educador também é educado: antes de exercer sua influência formadora, ele próprio é formado pelo sistema no qual está inserido” (KONDER, 2004, p. 20)., ou seja, tornava-se necessário que este educador fosse educado na perspectiva de uma práxis transformadora a fim de que ele pudesse exercer este papel de intervenção subjetiva num processo revolucionário.

Sob esta perspectiva, Konder (2004) comentando Marx, destaca que nos espaços escolares tanto pode ocorrer a formação de súditos como a formação de cidadãos, assim: “O educador, no diálogo com seus alunos, precisa lhes transmitir não só conhecimentos, mas também convicções” (KONDER, 2004, p. 21). Assim a visão marxista sobre a docência se apresenta enquanto o exercício de um equilíbrio teórico-metodológico entre a firmeza nas ações e uma prática reflexiva sempre desconfiada, que não aceita as verdades absolutas, mas está sempre pronto a interrogá-las, possibilitando neste processo que este professor contribua na formação de cidadãos questionadores da ordem vigente, mas com convicções embasadas numa teoria que justifica a sua práxis.

O espaço escolar deve ser entendido enquanto um espaço de contradições e de diversidade, é neste cenário que se desenvolve a prática docente. Neste sentido o exercício da docência ocorre sempre num contexto de conflitos, de embates de valores e desconstrução, muitas vezes, de convicções. Desta maneira, as contribuições do pensamento marxista se mostram extremamente pertinentes para a construção de uma prática pedagógica que intervenha conscientemente neste espaço heterogêneo, a fim de encontrar respostas ou quem sabe apresentar mais dúvidas sobre os caminhos a trilhar.

Portanto, a prática é o resultado concreto do trabalho docente, e exercerá a sua dinâmica transformadora na medida em que este professor tenha consciência crítica do seu papel enquanto sujeito social que intervém na realidade a partir das relações sociais

estabelecidas entre ele, os alunos, o saber escolar e o saber pedagógico.

Para Durkheim (1965),

A sociedade se encontra, a cada nova geração, como que em face de

uma tábula rasa, sobre a qual é preciso construir quase tudo de novo.

É preciso que, pelos meios mais rápidos, ela agregue ao ser egoísta e

associal, que acaba de nascer, uma natureza capaz de vida moral e

social. Eis aí a obra da educação [...]. Ela cria no homem um ser novo

(DURKHEIM, 1965, p. 41, grifo do autor).

Neste sentido, em Durkheim, não haveria uma educação universal, pelo contrário, a análise histórica demonstrava que a educação se diferenciava conforme as mudanças observadas no tempo e no espaço, de acordo com os elementos culturais e as realidades de cada sociedade.

A prática docente está atrelada ao movimento que a sociedade imprime às relações sociais estabelecidas interna e externamente ao contexto da escola num determinado contexto histórico, conforme as normas e diretrizes, muitas vezes impostas por determinados grupos sociais. Nesta perspectiva, torna-se difícil não incorrer numa visão anacrônica e conceber uma possível afirmativa de que esta análise da educação e das suas práticas educativas nos parece bastante atual.

Considerando o pensamento de Durkheim em relação à educação, algumas questões afloram na perspectiva de elucidar qual a visão que este cientista social tinha sobre a formação docente. Que perfil de professor seria necessário para colocar em prática esta visão de educação? Como este educador estaria preparado para enfrentar as diretrizes impostas por esta sociedade que não lhe permitia autonomia, pelo contrário, “[...] a ela própria (a sociedade) que incumbe estar lembrando ao mestre quais são as ideias e os sentimentos a imprimir ao espírito da criança a fim de que o futuro cidadão possa viver em harmonia com o meio” (DURKHEIM, 1965, p. 48).

Historicamente, o tempo de Durkheim é o tempo da educação integral, da formação para a cidadania, da manutenção dos ritos, dos valores humanísticos, do culto à pátria, do dever e da moral. Obviamente o professor deste tempo foi também educado nesta perspectiva, tendo sua formação se baseado nas ciências físicas e biológicas, na história e na filosofia, nos conhecimentos estéticos e literários, nas crenças e nos costumes. Não é de se admirar que a exigência para o perfil deste educador seja orientado por estas noções e valores.

Para Durkheim (1965), questão do conhecimento do dever, da disciplina e da submissão à autoridade pelas crianças, perpassa pela figura dos pais e dos mestres. Do

mestre deve emanar a autoridade moral, de tal maneira que não seja adquirida por forças

externas, mas sim deve ser provida por uma “fé interior”. A educação e consequentemente o reconhecimento da autoridade do professor é essencial para a regulamentação das condutas e preparação das crianças e adolescentes para o mundo do trabalho e da vida moderna. O sentido que Durkheim dá a esta autoridade do professor é comparada com a autoridade sacerdotal. “Da mesma forma que o sacerdote é o intérprete do seu Deus, ele (o professor) é o intérprete das grandes ideias morais do seu tempo e de sua terra” (DURKHEIM, 1965, p. 55). Portanto o exercício da sua tarefa deve ser assimilada como uma missão, um ministério.

Na visão de Durkheim (1965, p. 64), educar era uma “arte” que deveria ser aprendida “[...] pelo mestre, no contato com as crianças e no exercício da profissão”. Para ele era possível ser um exímio professor sem necessariamente se ter o domínio das teorias pedagógicas. “O mestre hábil pode saber executar, sem saber dar as razões que justifiquem os processos que emprega. Ao contrário, pode faltar inteiramente ao pedagogo a habilidade prática; [...]”. Contudo ele pontua:

Se a arte de educar se constitui principalmente de práticas

consentidas,

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