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Ética na História

Por:   •  4/5/2018  •  3.628 Palavras (15 Páginas)  •  342 Visualizações

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Por fim, Sócrates definiu o que é o sujeito moral ou agente ético: é somente aquele que sabe o que faz, conhecendo as causas e os fins de suas ações. Para ele, somente alguém ignorante seria capaz de possuir virtudes, pois quem conhece o “caminho do bem” age seguindo-o.

2.3. PLATÃO E O RACIONALISMO ÉTICO

Platão deu continuidade ao trabalho de Aristóteles, desenvolvendo o racionalismo ético e aprofundando a diferença entre corpo e alma. Argumentava que o corpo, por ter desejos, desviava o homem de sua moral. Por isso, o corpo precisaria de uma purificação para que o indivíduo alcançasse a Ideia do Bem. Segundo Platão, o homem não conseguiria caminhar à perfeição agindo sozinho, mas sim em sociedade.

Platão propõe uma ética transcendente, uma vez que a mesma está ligada ao mundo inteligível. As ideias formam a realidade platônica elas que são responsáveis pela diferenciação dos seres humanos de outros animais. Resumidamente, a ética platônica tem como finalidade conduzir o homem à prática do bem.

Pode-se citar o mito da caverna elaborado pelo filósofo, onde ele narra o quanto que o homem é ignorante ao deixar que o conhecimento das aparências (mundo sensível) o guie. Somente deixando-se levar pelo lado racional (mundo inteligível) o homem passa a desenvolver. Esse desenvolvimento se daria a partir do método dialético, onde o homem eliminaria as aparências e lidaria apenas com essências. No estágio final desse processo o indivíduo alcançaria o conhecimento de Ideia Suprema: o Bem.

Uma pessoa só se tornaria alguém do bem e dotada de ética caso estivesse sendo levada pela razão. Para isso, Platão tomou por base a ideia de usar o senso crítico para chegar ao equilíbrio entre prazer e razão. O homem não nasce ético, ele se torna ético através da intervenção estatal, pela educação.

O sentimento de justiça seria uma virtude maior cujo valor ético guia as ações humanas. Para ele, uma sociedade justa e do bem seria uma ponte para a boa conduta de seus cidadãos, uma vez que o bem-estar de todos da sociedade encontra-se em total simbiose. A finalidade da cidade justa seria conduzir todos os indivíduos à felicidade. Por fim, Platão defendia que a ética seria produto da ação educacional na vida do homem, por meio do academicismo e da tradição da polis.

2.4. ESTOICISMO, EPICURISMO E ÉTICA

Como os Estados gregos foram entrando em decadência, a reflexão moral toma novas visões e conceitos: ela ficou mais universal, deixando de se centrar apenas no comportamento local de cada pensador. Assim, o estoicismo (representado por Sêneca e Epitelo) e o epicurismo (por Epicuro e Tito) tomam a natureza (a física) como referência para a moral.

Os estoicistas defendiam que Deus seria a razão final de tudo. Tudo acontece se for da vontade dele e é para ele que todo indivíduo caminha durante sua vida terrena. Portanto, “o bem supremo é viver de acordo com a natureza, ou seja, de acordo com a razão”.

Os epicuristas, por sua vez, acreditavam que a razão final de tudo seria o átomo. O homem em si seria o próprio fator que define sua vida, visto que não há determinações divinas em suas ações. Por isso, o “bem viver” se resume na procura do prazer espiritual.

Ambas as vertentes defenderam a ideia da paz interior e o autocontrole individual. O princípio da ética estoica é a Apathéia (o ato de aceitar tudo o que acontece) e o da ética epicurista é a Ataraxia (o ato de desviar a dor e busca do prazer espiritual).

2.5. ARISTÓTELES E O FIM ÚLTIMO

A ética aristotélica vai à oposição à ética de seu mestre (Platão) e se baseia na realidade empírica do mundo, no questionamento acerca da conduta humana e na organização social. Para ele, os responsáveis pela moralidade das leis seriam as exigências com relação à vida na pólis e a realidade humana. Suas ideias baseavam-se na realidade humana, enquanto a de Platão iria mais para a parte ideológica das coisas.

Aristóteles inicialmente diferenciou os principais tipos de saberes: o teórico e o prático. O teórico é o conhecimento de seres e fatos que existem independentemente da interferência humana, ou seja, fatos naturais. O saber prático seria o conhecimento daquilo que só existe a partir da interferência do homem. A política e a ética são saberes práticos. Os saberes práticos, por sua vez, são divididos em dois tipos: práxis ou técnica. Na práxis, o agente e a ação são inseparáveis, pois o agente, a finalidade e o que ele faz são o mesmo. Na técnica, a ação e seu agente são coisas distintas e independentes.

O pensador, não diferente dos anteriores, definiu o conceito de felicidade, que seria o total desenvolvimento da capacidade racional do homem. Como conceito aristotélico de ética podemos dizer que é a arte de viver, ou “saber-viver”, agregando valores, boa utilização dos prazeres, ação virtuosa. A cada conhecimento adquirido o homem caminharia para um bem, sendo o ponto mais alto desses bens a própria felicidade. Aristóteles é considerado um dos principais representantes da doutrina Eudemonista, que defende que o fim último de todos os homens seria alcançar a felicidade.

Aristóteles também se dedicou a uma reflexão racionalista da ética, mas não tão abstrata e dualista quanto à de Platão. O indivíduo que se dedicasse a um plano teórico entenderia o sentido da felicidade e a aplicaria de forma consciente. Claro que esse caminho seria seguido apenas pela minoria, uma vez que a maioria passaria a agir corretamente apenas pela força do hábito.

Para ele, o bem deve ser algo atingível pelo homem através de suas ações e não de seus ideais. Por isso, Aristóteles teve bastante cuidado para não dar um sentido ideológico para a felicidade, visto que suas ideias caminhavam para uma coisa tangível.

Conforme seu pensamento, o homem só se torna algo virtuoso quando contempla o bem. Assim, o conhecimento da ideia do Bem seria a condição para o bem agir. Propôs também algo chamado de mediana, que seria praticamente a mesma coisa da justa-medida antes conceituada. A mediana consistia não em só equilibrar as virtudes humanas, mas também em não deixar a parte sentimental do homem silenciar. Ou seja, a mediana seria uma harmonia entre a parte racional e sentimental de cada ser. Resumindo, um ser virtuoso seria um ser que aplicasse a mediana em seus vícios e virtudes.

O pensador defendeu a ideia de que todo homem é um ser social, pois nenhum pode crescer sozinho, mas a partir

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