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A megalópole e a praça: o espaço entre a razão de dominação e ação comunicativa

Por:   •  4/11/2018  •  3.081 Palavras (13 Páginas)  •  390 Visualizações

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No projeto, a área de estacionamento, seria dividida em dois níveis, tendo capacidade para duzentos veículos. A parte sob o viaduto destinada ao convívio se integra enquanto linguagem, sociabilidade e acessibilidade a área livre mais ampla. O piso é cimentado, vez por outra é ornamentado por faixa em mosaico português vermelho. Este padrão de desenho identifica toda a área de intervenção do Programa Rio-Cidade em Madureira.

No Programa, o autor nota que foi ao mesmo tempo interessante e lamentável observar como a maioria das soluções mais baratas dos projetos foram as dos bairros mais pobres e mais distantes do centro, e a maioria das soluções mais caras e projetualmente mais elaboradas ficaram para os bairros da rica Zona Sul carioca. É como se os menos favorecidos não merecessem os mesmos materiais das calçadas das pessoas com mais condições, a mesma qualidade de materiais e de desenho do mobiliário urbano realizado para os espaços públicos dos ricos. Assim, de maneira geral, o Programa, de maneira preconceituosa, marca e reforça as desigualdades no direito à cidade, exatamente naquilo em que poderiam buscar uma igualdade social, na questão dos espaços públicos.

Seguindo o tema do cotidiano entre a alienação e a produção de razoes nao hegemônicas, o autor questiona a diferenciação do lugar e a manifestação do espaço cotidiano.Os marcos das grandes revoluções nao valeriam de nada, se estabelecesse, nos lugares, uma mudança na vida cotidiana. Ainda na questão do cotidiano se entrelaçam a alienação e a percepção do mundo, onde no dia a dia das pessoas algumas atitudes são apenas feitas e outras propiciam a reflexão. Entre a questão do lugar e a relação que os caracteriza no território, as ações nesses locais marcam os diferentes processos cotidianos das pessoas e mesmo das empresas e instituições. A diversidade é um marco do reconhecimento e da mudança, onde o cotidiano nas megacidades abrangem um amplo arco de ações, de competição e violência, mas também as ações da solidariedade e de comunicação mas sempre marcados pelo individualismo.

Durante práticas espaciais dos pobres: ação e consciência. Nessa parte do texto o autor retrata em escala intraurbana as praças e sua questão comunicativa, na visão cotidiana com um foco politico, geralmente nas regiões mais pobres e nas áreas centrais da cidade. Na praça se dão simultaneamente, processos de identidade e de alterações , que ganham potência do dia a dia de forma comunicativas. O contato interpessoal estabelece uma racionalidade inter-subjetiva que traz para perto a emoção, ainda que mediada pelos filtros sociais e culturais. Os desenhos podem estimular um maior ou menor campo para a ação comunicativa, porém não são determinantes. A escala e a criação de ambientes satisfatórios é aquele que acompanha a relação entre o projeto e o uso comunicativo, mais importante que a discussão dos movimentos estéticos. O contexto urbano e a cultura dos lugares são, no geral, fatores mais de destaque para o estabelecimento da comunicação que o sistema de objetos que caracteriza e a forma das praças. Neste capítulo, se passa a seguir sobre as praças relacionadas ao cotidiano habitacional dos pobres. Deixa-se, por uma questão de ênfase temática, respectivamente, as praças em bairros ricos e as praças em áreas centrais das cidades.

O jogo de cintura dos grupos sociais marginalizados, garante sua sobrevivência cotidiana e alternativa, fora das ordens. Estas são transformadas, pelos pobres, em processos mais solidários que competitivos. A experiência de viver com quase nada permite um conhecimento existencial mais profundo, dificilmente obtido pelos consumidores.O tempo lento, dos pobres, é o tempo maior aos problemas da existência cotidiana. O tempo rápido, ditado pela única técnica que impõe aos consumidores globais um uso direto as imagens dos produtos, mais que os produtos em si, são compulsivamente consumidas. Mesmo com antenas parabólicas nas favelas da megalópole o tempo de espera e de convívio, em inúmeras situações do dia-a-dia, são propiciadores de ações comunicativas entre os pobres. O tempo rápido acelera os fluxos de informações em dimensões inimagináveis a pouco tempo atrás, mas isto pouco tem sido transformado em aumento da razão comunicativa. Não tem sido a ridícula interatividade diante de uma TV por assinatura e sua centena de canais capaz de ampliar a consciência do telespectador.

Diversas áreas urbanas onde os menos favorecidos ocupam, favelas, barracos, conjuntos habitacionais, loteamentos em periferias, é fácil de notar as formas de apropriação publica dos espaços livres, que criam identidades e qualidades sociais em meio a essa relação. Situações que foram verificadas em cidades do sudeste, como exemplos, Campinas, Osasco, Guarulhos, Rio Claro, Araras, entre outras. Nos bairros pobres, se estabelece uma relação de criação cultural, e se torna um fato cotidiano, nos morros da zona norte do Rio de Janeiro o samba é a principal cultura, nas periferias paulistanas, é o rap, enquanto em outras regiões com uma cultura mais proveniente de regiões mais do nordeste do pais, com uma cultura pernambucana e paraibana, mesmo estando fora de seus estados.

A rua se tornou cada vez mais, nessas áreas, por conta das dificuldades e qualidade de moradias, uma extensão da habitação, um espaço de recreação e lazer das crianças, encontro com os vizinhos, as crianças e seus amigos, as mulheres e mães dos colegas e ate dos idosos. Áreas essas livres, sempre dedicadas ao futebol e recreação com jogos nos finais de semana e diferentes encontros de famílias e amigos.

Boa parte dessas áreas nao foram oficialmente destinadas a esse fim, ja que os equipamentos públicos em regiões mais pobres nao acontecem por conta do descaso com essa população. O Estado nao trabalha no menor beneficio dessas áreas e são raras as praças e lugares ao ar livre que realmente foram implantadas com esse fim e são mantidas pelo dinheiro publico nos bairros pobres, mas esses espaços livres são essenciais, mesmo que feitos pela própria população. Mesmo que de forma informal, esses espaços aumentam a diversidade do uso e das pessoas que vão estar ali, os campinhos para jogos, a praça improvisada com uso da mão de obra de moradores solidários.

O descaso do Estado diante da quantidade popular demandada por conjuntos e espaços habitacionais aumenta desde os anos oitenta, e cada vez mais cresce, de forma que são criticados e nao dão conta de suprir a necessidade da população menos favorecida ao mínimo, que seria uma moradia digna.

Houveram concursos de projetos que buscavam ocupar os grandes vazios urbanos em áreas

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