A SOCIOPATIA E SUAS VERTENTES
Por: Evandro.2016 • 26/7/2018 • 2.391 Palavras (10 Páginas) • 315 Visualizações
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Os sociopatas que não são assassinos estão em escritórios, ocupando os mais variados cargos, muitas vezes ganhando uma promoção atrás da outra enquanto puxam o tapete de colegas. Também podemos encontrá-los entre políticos que desviam dinheiro de merenda para suas contas bancárias, entre médicos que deixam pacientes morrer por descaso, entre “amigos” que pegam dinheiro emprestado e nunca devolvem, e ainda entre líderes das mais diversas religiões.
Independente do caminho que sigam em suas vidas, os sociopatas apresentam algumas características em comum, dentre elas: a surpreendente capacidade de mentir e convencer; a frieza mesmo diante de situações estressantes; sentem que sempre sairão impunes por seus atos; tratam o próximo como coisas e não seres humanos com sentimentos; são incapazes de enxergar emoções, em vez disso, eles só teriam o que os psiquiatras chamam de proto-emoções – sensações de prazer, euforia e dor menos intensas que o normal; ausência total de empatia; entre outros.
Para ilustrar melhor como funciona um sociopata nas empresas, a revista Superinteressante publicou o artigo “Psicopatas no trabalho”, por Maurício Horta:
“Até 3,9% dos executivos de empresas podem ser psicopatas, segundo uma pesquisa feita em companhias americanas. Uma taxa de psicopatia 4 vezes maior do que na população em geral. Eles não matam os colegas, mas usam o cargo para barbarizar. ”
Como os portadores de TPAS mais violentos, que acabam se tornando assassinos em série, os psicopatas de colarinho branco não pensam no bem-estar dos outros, nem sentem culpa por suas ações. Por isso passam por cima de regras, estejam elas formalizadas em leis ou somente estabelecidas pela ética e pelo senso comum.
Psicopatas podem estar em qualquer nível hierárquico, desde que o cargo lhes traga algum benefício. Mas é mais provável que eles estejam no topo. Em 2010, 203 executivos de 7 companhias americanas foram avaliados pelo psicólogo Paul Babiak. O resultado revelou que 3,9% dos entrevistados tinham pontuação suficiente nos testes de Babiak para ser diagnosticados como psicopatas. Os casos mais graves estavam inseridos nos cargos altos da empresa, 2 vice-presidentes e 2 diretores.
“Eles costumam se dar bem em ambientes pouco estruturados e com pessoas vulneráveis. Agem como cartomantes, pais de santo, líderes messiânicos”, afirma Oliveira-Souza. ”
- Fatores determinantes da conduta sociopata
O cérebro de um sociopata é diferente de um cérebro normal, pois a atividade é maior nas áreas ligadas à razão do que nas áreas ligadas à emoção, o que o faz manter-se impassível diante de tragédias. Mesmo quem defende uma origem 100% genética para a psicopatia não descarta a importância do ambiente. A criação, nessa história, seria fundamental para determinar que tipo de sociopata o indivíduo se tornará em sua fase adulta.
Segundo Leonardo F. Araujo, especialista em psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná:
“A psicopatia tem causa multifatorial. Há estudos que demonstram que psicopatas que tiveram uma infância repleta de violência e com uma família desestruturada, podem chegar a cometer crimes graves contra a vida. Ou seja, podem se tornar verdadeiros predadores sociais, causando sérios prejuízos à sociedade. Há também fatores genéticos, fatores próprios de cada indivíduo e fatores de ordem social que quando somados, podem levar à psicopatia. ”
A partir da teoria Behaviorista, uma pessoa pode cometer crimes por estímulo resposta, ou seja, em muitos casos, quando a criança sofre abuso sexual ou é abandonada, entre outros fatores sofre um estímulo e a sua resposta é cometer crimes. O campo psicológico fica afetado, pois sofreu um trauma. Às vezes, a influência social muda o campo das emoções e ações, porque existe uma interferência que gera transformações. Por exemplo, um menino que convive em um lar, no qual o padrasto agride constantemente a mãe, provavelmente crescerá influenciado pela conduta do padrasto e, possivelmente, criará um trauma. Ao crescer, poderá matar mulheres com o mesmo padrão físico de sua mãe. Outro ponto é que algumas pessoas já podem nascer com esse campo da mente responsável pelos sentimentos afetado.
O aspecto psicológico certamente influenciará na conduta de qualquer ser.
A conduta de uma pessoa pode ser determinada pela herança genética, mas o meio social pode mudar isso. Se a família for estruturada e a pessoa receber carinho e atenção, provavelmente não irá desenvolver certas heranças genéticas. Porém, como considera Rosseau, o meio social pode corromper o ser, ou seja, se uma pessoa, apesar de ter uma herança genética com características condizentes com a conduta social, viver em um ambiente peculiar será corrompido.
- Por que alguns sociopatas matam e outros não?
“Fatores sociais e práticas familiares influenciam no modo como o problema será expresso no comportamento”, afirma Rigonatti. Um bom exemplo é o americano Charles Manson. Filho de uma prostituta alcoólatra, Manson foi responsável pela carnificina na casa do cineasta Roman Polanski.
Já os que vêm de famílias equilibradas e viveram uma infância sem grandes dramas teriam uma probabilidade maior de se transformar naqueles que mentem, trapaceiam, roubam, mas não matam. Mais de 70% dos psicopatas diagnosticados são desse grupo, mas não há motivo para alívio. Psicopatas infiltrados na política, em igrejas ou em grandes empresas podem fazer estragos ainda piores.
“A psicopatia pode ser modulada por meio de processos educacionais. Contudo, é necessário que isso ocorra ainda na infância. Caso contrário, a bagagem genética aliada aos processos educacionais e sociais terá como resultado um indivíduo francamente perverso. ” (SILVA, 2011, p.27).
Desta forma, por mais que uma pessoa tenha tendência ao crime, o meio social é que intensifica ou não a conduta delituosa. Porém, como ressalta Skinner:
“O problema da imprevisibilidade do comportamento não é uma questão da natureza supostamente especial do fenômeno, mas dos limites do conhecimento atual sobre ele. O determinismo assumido não é o absoluto, mas sim, o probabilístico” (Skinner, 1953/1965; Bacharach, 1965/1975).
Conforme estudos, embora a personalidade possa receber influências do campo genético, como o temperamento e o aspecto físico, essas características podem ser modificadas a partir do meio em que se desenvolvem. No caso dos
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