O CRUZEIRO OCEANOGRÁFICO

...

A Margem Equatorial brasileira (FIG. 01) abrange as regiões de Rio Grande do Norte (RN), Ceará (CE), Barreirinhas e Pará-Maranhão (MA) e Foz do Amazonas, e possui aproximadamente 5.100 km de extensão, e é caracterizada por uma plataforma estreita, com a presença de relevos fundos relativamente planos, alternada com partes onduladas e feições irregulares de recifes de arenito submersos e bancos de algas, variando de 30 a 50 km de extensão na porção mais ao leste, e de 50 a 300 km na parte mais a oeste, onde Cânions submarinos são frequentemente encontrados ao longo do talude continental, o qual é relativamente íngreme, estendendo-se aproximadamente entre 200 a 2000 m de profundidade, destacando-se o Canyon do Amazonas. Além disso, a Margem Equatorial ainda é classificada como "fronteira exploratória" pela baixa quantidade de dados e do conhecimento geológico ainda insuficiente, porém os recentes investimentos feitos na região resultaram em um aumento da quantidade e qualidade dos mesmos, como um levantamento geoquímico (piston core) na Bacia do Ceará, realizados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). As águas superficiais da plataforma continental brasileira e das regiões oceânicas adjacentes são basicamente tropicais e subtropicais em suas afinidades oceanográficas, faunísticas e florísticas. Além disso, a região de pesquisa aborda uma grande quantidade de estuários e ainda possui uma considerável área de manguezal bem estruturada.

[pic 2]

FIG. 01. Características da Margem Equatorial Brasileira.

A dinâmica superficial dos oceanos tropicais, na escala sazonal, é regida, principalmente, pelo forçamento devido ao cisalhamento dos ventos alísios, os quais apresentam um sistema de fortes correntes, áreas de ressurgência e subsidência. A característica única de tais oceanos é o fato que o parâmetro de Coriolis é nulo no equador, resultando em uma resposta rápida e intensa do oceano ao forçamento pelo vento (Vinogradov, 1981; Brown et al., 1989; Philander, 1990). Os ventos alísios sopram de nordeste (NE) no hemisfério norte e de sudeste (SE) no hemisfério sul, associados ao transporte de Ekman (que é à direita do vento no hemisfério norte e à esquerda no hemisfério sul), o que induz a divergência das águas superficiais ao longo da faixa equatorial e a convergência próximo à latitude de 4° N, como no caso do ponto 5 da Radial 09 e o ponto 5 da Radial 10, presentes no ANEXO IV. Esta zona de convergência em 4°N forma-se pelo encontro das águas transportadas por influência dos alísios de SE com as águas da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que são as principais responsáveis pelo clima regional, no Hemisfério Sul com chuvas intensas e regulares (março e abril) e no Hemisfério Norte com elevadas temperaturas e início de estiagem.

A produtividade de um sistema marinho está intimamente relacionada à disponibilidade de luz e de nutrientes. No caso da Zona Equatorial, não há grandes variações quanto ao primeiro fator, sendo a produção primária determinada principalmente pelos nutrientes disponíveis.

Nos oceanos tropicais, a ressurgência é um dos processos físicos mais importantes, responsável por grande parte do suprimento de nutrientes na camada superficial. A circulação superficial do Atlântico Tropical é formada pelas seguintes correntes: Corrente norte equatorial (CNE), fluindo para oeste, a norte de 10° N, com velocidade média de 10-15 cm/s; Contra-corrente norte equatorial (CCNE), fluindo para leste entre 8° N e 3° N; Corrente sul equatorial (CSE) fluindo para oeste a sul de 3°N.

3. JUSTIFICATIVA

Ao longo do desenvolvimento do Cruzeiro algumas lacunas poderão ser preenchidas, tais como os dados sobre as mudanças climáticas globais para analises das possíveis mudanças significativas na estrutura vertical das massas de água, padrão de circulação de correntes e na influência física e química da massa de água oceânica sobre a plataforma continental e região costeira, geração de recursos energéticos, controle de poluição, além do aumentar o banco de dados de variáveis oceanográficas para a região. Com isso, surge a necessidade da realização do Cruzeiro Oceanográfico ao longo da Margem Equatorial Brasileira, a fim de caracterizar seus aspectos químicos, físicos, geológicos e biológicos.

4. OBJETIVOS

- Geral:

- Caracterização oceanográfica do Atlântico Sul e Margem Equatorial Brasileira e seus aspectos químicos, físicos, geológicos e biológicos.

- Específicos:

- Caracterizar os sedimentos do Talude, Plataforma Continental e Planície Abissal da Margem Equatorial Brasileira;

- Caracterizar os níveis de base dos elementos maiores (Cl, Na Ca, So4, HCO3, Ba, Sr) e menores da água do mar (P, N, Si), assim como os níveis de oxigênio dissolvido, pH e Clorofila a, da Margem Equatorial Brasileira;

- Caracterizar a variabilidade do Plâncton, assim como determinar a localização das zonas de produção primária, utilizando os organismos como indicadores de massas de água;

- Caracterizar as massas de água e as correntes, para um melhor entendimento da dinâmica na região.

5. METODOLOGIA

O cruzeiro será realizado ao longo da Margem Equatorial Brasileira, tendo início no Porto de Macau (5° 7’ 53’’S e 36° 38’ 17.97’’O), no Rio Grande do Norte, saindo às 8:00 do primeiro dia, sendo dividido em duas pernadas, em que a primeira passará por seis radiais até chegar ao Porto do Itaqui I (2° 0’ 44,18’’S 43° 39’ 20.52’’O) no Maranhão, com duração de 20 dias. Após a parada estratégica no Porto de Itaqui I, a embarcação seguirá para as próximas 4 radias, até chegar ao Porto de Macapá (0° 1’ 7.10’’N 51° 2’ 8,94’’ O), no Amapá, às 14:24h completando a segunda pernada do cruzeiro com duração de 14 dias, aproximadamente, totalizando 34 dias de Cruzeiro.

Foram determinadas 5 estações em cada uma das 10 radias, perfazendo um total de 50 estações oceanográficas para as coletas ao longo da Margem Equatorial Brasileira (figura 2).

[pic 3] FIG.02. 10 Radiais e suas respectivas estações oceanográfica.

5.1. Oceanografia Geológica

Na categoria de equipamentos de amostragens pontuais e com capacidade