Ressurreição dos Mortos
Por: SonSolimar • 10/4/2018 • 2.556 Palavras (11 Páginas) • 314 Visualizações
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Nisto constatamos que o apóstolo Paulo pretende demonstrar que a vida humana não termina com a morte, mas antes, que ela é apenas um breve sono, do qual todos, sem distinção, acordarão no dia da volta de Cristo, uns para a vida no céu e outros para a condenação permanente.
O desprezar a ressurreição de Cristo
Podemos agora discorrer um pouco sobre a ressurreição de toda a humanidade e as consequências da negação deste evento. Como podemos observar nos versículos 12 e 13 o verbo (ègeíro) é utilizado na voz passiva nos dois casos (ègégertai), o que deve ser traduzido por “foi ressuscitado”, mostrando que o ato de ressuscitar é uma ação de Deus em Jesus. No versículo 13 observamos a expressão “ressurreição de mortos”, no plural, o que comprova que a ressurreição de todos é tão certa como a do próprio Jesus.
Entre os versículos 12 e 20, observamos que Paulo enfatiza bastante esta questão da ressurreição do corpo. Demonstrando que provavelmente este estava sendo um grande problema em Corinto, o que não podemos estranhar, pois Corinto era uma cidade de pensamento helenístico, de que o corpo era apenas uma prisão para o espírito[4].
Para Paulo esta negação da ressurreição do corpo, seria consequentemente a negação da ressurreição de Cristo, cujas consequências para a fé cristã seriam trágicas.
Em Lutero isto não é diferente, pois adverte que se alguém se diz cristão e nega a ressurreição, logo deve também negar a ressurreição de cristo, deixando automaticamente de ser cristão. Falando contra estas pessoas e a favor do argumento de Paulo, ele, Lutero escreve:
“Ele (Paulo) baseia tudo no fundamento com o qual começou: que Cristo ressuscitou dos mortos, o que vem a ser o tópico principal da doutrina cristã, o que ninguém pode negar, se é que pretende ser cristão ou pregador do Evangelho. Com isso, ele quer desconcerta-los, concluindo que, já que negam a ressurreição dos mortos, poderiam, tanto mais, negar, também, que Cristo tenha ressuscitado, pois se aquela não fosse verdadeira, isso também teria que ser mentira.” [5].
E continua:
“Assim, a partir das premissas mais verdadeiras e consistentes, S. Paulo venceu esta disputa, de modo que, quem quiser negar a ressurreição dos mortos, também precisa negar que Cristo ressuscitou; mas, se negar isso, negou tudo, e considera Deus e Cristo um mentiroso em todas as suas palavras e obras, ou seja, pura nulidade e não deve ser visto senão como pagão, sem Deus e infame, ao qual nem Deus nem o mundo podem ajudar ou dar conselhos e ninguém nada deve ter a ver com ele.” [6].
Portanto devemos e podemos ter certeza da ressurreição assim como temos certeza que existe um Deus. Porque se cremos em Deus e confiamos que dEle não provém mentiras, logo Cristo ressuscitou, assim como afirma a Sagrada Escritura, que é sua a Palavra.
Cristo como garantia da ressurreição
Quando falamos que Cristo ressuscitou em nosso favor, queremos dizer que ele tomou sobre si a nossa culpa e nos deu novamente vida através de sua ressurreição. Podemos crer com toda certeza que Cristo tomou sobre si o pecado e a morte que nós merecíamos. Se nós não acreditarmos nisso, estaremos fazendo injustiça contra a obra vicária de Cristo e assim deixando de nos valer do triunfo e vitória dele.
Podemos observar nos versículos 21 e 22, que para Paulo Cristo é o autor da ressurreição dos cristãos, pois Ele conquistou esta ressurreição (aqui se referindo à ressurreição para a vida) por meio de sua obra.
Paulo ainda nestes versículos faz uma comparação interessante entre Adão e Cristo. Adão sendo o transmissor da morte a toda raça humana e Cristo sendo o progenitor da ressurreição de todos. Adão, fonte de morte e condenação e Cristo, fonte da ressurreição e vida eterna[7]. O pecado de Adão foi punido com a morte, conforme o próprio Deus anuncia em Gênesis. A morte imputada a Adão não seria apenas a morte física, mas do mesmo modo a morte espiritual e eterna. No entanto Deus resolve este problema em Cristo, pois através de sua ressurreição todos herdarão este privilégio da ressurreição. No entanto uns para a vida eterna e outros para a condenação.
Koehler expõe isto desta forma:
“Não apenas aqueles que tiverem crido em Cristo e esperado pela ressurreição; também aqueles que não tiverem crido nem querido ressuscitar sairão de seus túmulos,...” [8].
Portanto ao mesmo tempo em que toda a humanidade participa da culpa e condenação com Adão, todos indistintamente serão ressuscitados, pois participam da ressurreição de Cristo.
É estranho conceber que pela culpa de Adão, toda a humanidade tenha que pagar e morrer. Pois como diz Lutero:
“Afinal, parece demasiadamente insensato e contraditório que Deus encaminhe as coisas de forma tão estranha e arbitrária, adotando uma postura tão ignorante com seu juízo, de, pelo fato de Adão dar uma mordida numa maçã, fazer com que todos os seres humanos depois dele, até o fim do mundo, sejam condenados à morte.” [9].
No entanto considero ainda mais estranho, um amor assim como o Deus. Pois Ele poderia simplesmente ter “lavado as mãos” diante da trágica queda humana, mas não, ainda no Jardim do Éden, Ele promete que resolveria este problema que era unicamente do ser humano. Ele promete que viria um resgatador, Ele envia este resgatador e Ele cumpre sua promessa de salvar todos os que creem nesta obra.
A ressurreição é obra de Deus
Somente Deus tem o poder de ressuscitar os mortos, assim como o próprio Paulo escreve em Romanos 4.17 “... o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem” e em II Coríntios 1.9 “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, mas sim no Deus que ressuscita mortos.”.
Portanto o ato de ressuscitar não é um ato voluntário efetuado pelo poder ou querer da própria pessoa, mas é sim, um ato exclusivo da onipotência de Deus; realizado em Cristo e, por conseguinte transferida a todos os seres humanos.
A destruição da morte
Paulo no versículo 26 diz que “o último inimigo é destruído: a morte”. Aqui Paulo se refere novamente à ressurreição de todos, tanto justos como injustos. Todos hão de ressuscitar para a eternidade, destruindo assim a morte.
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