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Tradições Taquara e Vieira

Por:   •  25/10/2018  •  2.679 Palavras (11 Páginas)  •  290 Visualizações

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Com base em dados do PRONAPA, e por trabalhos mais recentes, foram formuladas algumas sínteses algumas com descrição detalhada das inúmeras fases, com especificação dos sítios, datas e características da cerâmica (Beber2004: Schmitz 1988: Schimitz & Becker 2006). Todas as sínteses em geral convergem a um ponto: o fato de que as Tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra representam um mesmo fenômeno, que se estenderia por uma vasta região, ocupando o planalto, a encosta e o litoral dos Estados Sulinos (P.M.Ribeiro 2000; Schmitz 1988; Beber 2004: Araujo 2007; Noelli 1999, e se reportam a continuidade entre a Tradição Itararé-Taquara e as parcialidades “Jê do Sul”, representadas pelos Kaingang e Xokleng. O que reforça esta continuidade seria a coincidência dos territórios, as menções no século XVI a grupos “Guaianás” ainda vivendo em casas subterrâneas (J.A.Reis 1997), aos “Gualachos” cremando e sepultando seus mortos sob montículos no século XVII (Montoya in Veiga 2007), ao uso de montículos funerários pelos Kaingang ainda no século XIX (Métraux 1946), bem como a existência de datas tardias para a tradição arqueológica.

Outra característica da tradição Taquara diz respeito aos tipos de moradias em que vivam: em casas subterrâneas, galerias nas encostas de morros, taipas em forma de fortificações e terraços de terra e pedra.

As cerâmicas da tradição Taquara são bastante distintas daquelas da tradição Vieira.

1.1. Datações para a Tradição

Schmitz e Becker (2006), para um carvão retirado entre 80 e 100 cm de profundidade, em escavações realizadas na localidade de Água Azul, no município de Caxias do Sul, indicaram idade de mais ou menos 470 ± 70 anos (d.C.) e, considerando ainda a existência de outra camada arqueológica, estimaram uma ocupação de cerca de 100 anos anterior a essa data, indicando uma ocupação e reocupação neste sítio. Neste mesmo sítio, uma camada de ocupação indicou 1.110 ± 60 anos (d.C.) e por baixo desta, outra camada indicando idade de 20 ± 100 anos (d.C.). Estas datas indicam a ocupação e reocupação do sítio de Água azul.

1.2. Localização dos Sítios da Tradição Taquara

Os primeiros sítios da tradição Taquara foram descobertos no litoral por Schmitz em 1958, denominando-os de Osório. Com a intensificação das pesquisas arqueológicas por Schmitz e La Sálvia a partir de 1966, no planalto da região nordeste do estado do Rio Grande do Sul, e por Miller, no município de Taquara, definiu-se a fase Taquara, que deu origem Tradição Taquara.

Mais recente, o trabalho de M.J.Reis (2007) abrange o planalto leste e oeste de Santa Catarina, concentrando-se na variabilidade de sítios com estruturas subterrâneas e com relação a suas densidades e tamanhos buscando correlações funcionais.

1.3. As Fases da Tradição Taquara

No Quadro 1 são apresentadas resumidamente as principais fases da Tradição Taquara/Itararé/Casa de Pedra.

1.4. As cerâmicas da Tradição Taquara

O termo tradição Taquara diz respeito àqueles sítios arqueológicos cuja cerâmica apresentam as seguintes características:

- Composta por potes e tigelas pequenas

- Decoração impressa variada

- Negativos de cestarias são facilmente distinguíveis

- Possuem depressões regulares produzidas por pontas de vários formatos ou por unhas e incisões lineares

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Quadro 1: principais fases da Tradição Taquara/Itararé/Casa de Pedra

FASE

DATAÇÃO

LOCALIZAÇÃO

AMBIENTES DE OCORRÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DA CERÂMICA

ARTEFATOS LÍTICOS

Guatambu

Século II ao XII d.C.

RS: Vacaria, Bom Jesus, Caxias do Sul, São Francisco de Paula

SC: São Joaquim

Campos altos com mata e pinheiros; várzeas dos rios Antas e Pelotas

- Potes e tigelas, com até 40 cm de altura, superfície polida, algumas decoradas com impressões em zig zag, incisões paralelas ou cruzadas, estampado denteado, pinçado, ungulado e ponteado, formando uma faixa na metade do corpo do objeto;

- Superfície interna polida, por vezes recoberta por engobo vermelho;

- Algumas pecas apresentam cabo, alça ou furos.

- Técnicas de produção: Anelar, roletada e modelada

- Lâminas polidas e semipolidas de machado,

- Mãos de pilão

- Afiadores em canaleta

- Talhadores uni e bifaciais

- Raspadores,

- Lascas retocadas, - Percutores e suportes de percussão

- Seixos alisadores para cerâmica

Taquara*

Século V ao XV d.C

RS: Região NE; S. Francisco de Paula, Caxias e arredores

Pinheirais e campos do planalto; Encostas, interflúvios e vales de rios

- Pequenos potes e tigelas, com altura máxima de 40 cm

- Decorações são frequentes, do lábio até a base, disposta de forma cuidadosa ao redor do corpo

- Ponteados simples, arrastados múltiplos

- Ungulados verticais e horizontais, pinçados,

- Impressões de corda, malha e cestaria

- Aplicados mamiliformes e incisos combinado na mesma pecas

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