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TRÊS SÉCULOS DE COLONIZAÇÃO

Por:   •  14/1/2018  •  4.740 Palavras (19 Páginas)  •  392 Visualizações

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Com muitas cidades e escolas fundadas pelos jesuítas, deve ficar claro que os jesuítas em quase dois séculos no Brasil, tiveram uma contribuição para manter a integridade territorial e a religiosidade da nação jovem.

O padre Manuel da Nóbrega fizera questão de comunicar o fato ao Superior, em Portugal, padre Simão Rodrigues de Azevedo.

“O irmão Vicente Rijo ensina a doutrina aos meninos cada dia e também tem escola de ler e escrever. Parece bom modo este por trazer os índios desta terra, os quais têm grandes desejos de aprender, e, perguntados se querem, mostram grandes desejos. Já um dos Principais deles aprende a ler e toma a lição cada dia com grande cuidado e em dois dias soube o A, B, C todo, e o ensinamento a benzer, tomado tudo com grandes desejos”. (p.44).

Os padres, por sua vez, não poupavam esforços para aprender, com maior rapidez possível, a língua do “gentio”.

“Trabalhamos de saber a língua deles e nisto padre Navarro nos leva vantagem a todos. Trabalhei por tirar em sua língua as orações e algumas práticas do Nosso Senhor e não posso achar língua que o saiba dizer, são eles tão brutos que nem vocabulário têm”. (p.44).

A língua falada pelos índios compreendia o que chamamos uma variedade de dialetos, distribuídos de acordo com as regiões que habitavam num território tão extenso como é do Brasil.

Os primeiros colégios e “aulas de ensinar a ler e contar”, criados pelos jesuítas no Brasil, como exemplo na cidade de Salvador, eram mantidos com sacrifício, porque dependiam dos esforços dos religiosos, dos índios e alguns colonos prestativos que mesmo em suas terras eles plantavam e forneciam parte de seus alimentos para a escola.

Muitos autores como: Alfredo Nascimento e José Veríssimo citados (Nisker, p46) dizem “Durante anos, séculos do período colonial o Brasil viveu no rudimentar do ensino primário, com atrasadíssima empolgação, porque os jesuítas tinham a missão de catequizar os nativos.”

“Durante séculos os jesuítas criaram e mantiveram exclusivamente o ensino público no Brasil” (...) “Todos preocupavam mais em enriquecer duque instruir”.

De fato que todo que para os colonos não fosse para seus enriquecimentos, dificultavam as ações dos jesuítas.

Em 1550, o núcleo do ensino foi reforçado com a vinda de alguns missionários e com filhos órfãos. E por isso Manuel da Nóbrega resolveu fundar o Colégio dos Meninos Órfãos, que segundo os padres “tornou-se o centro de catequese e de civilizações das crianças no Brasil, atingindo o ensino e a alma dos pais”.

A ação extraordinária do padre Manuel da Nóbrega foi continuada pelo ilustre padre José de Anchieta que chegara ao Brasil com outro governador. Anchieta habilitou-se a lidar com os índios, os cativou com sua amizade estudou profundamente a sua língua ensinou os filhos a ler, divertiu a todos com suas peças teatrais. Foi o autor da Arte da gramática da língua a mais usada no Brasil. Morreu dois anos após a publicação do seu livro.

As aulas para os meninos começaram de forma muito precária, porém em 1568 deu-se inicio ao colégio tão desejado pelos padres e população local. E dentro de dois anos já se ministrava língua latina para 102 alunos, sendo 32 de humanidades e 70 do curso elementar.

Os jesuítas expandiram-se no século XVI, com suas igrejas e escolas, a Paraíba, o Rio Grande do Norte, Laguna, afora os locais atingidos pelas “estradas”, e até o rio São Francisco e o Paraguai.

À medida que se deu essa expansão, enfrentou-se também grande hostilidade de grande parte dos colonos, autoridades e índios desconfiados até mesmo do primeiro bispo do Brasil. Também enfrentaram grandes dificuldades com Gabriel Soares de Sousa, autor do Tratado da Terra do Brasil em 1587.

Na época o Brasil era visto por Portugal apenas como um grande celeiro, não havia nenhum investimento. E foi através dos jesuítas que, pregando sua fé, contribuíram para que as primeiras instituições educacionais surgissem na época da independência.

Tanto se evidencia o desinteresse de Portugal em investir e sim apenas extrair nas palavras dos jesuítas:

Os jesuítas os descreviam quase todos (“clérigos”) como desprovidos dos preconceitos da moral cristã, corruptos, ambiciosos e apostatas, com péssimo comportamento, semelhante ao dos colonos. Ensinar a ler e escrever não lhes passava pela cabeça. Apenas frei Pedro Palácios, morreu deixando fama de santidade.

Já as Carmelitas chegaram ao Brasil em 1580. Destinadas à capitania da Paraíba e fixaram em Olinda, sendo autorizadas a fundar conventos. Abriram um convento na Bahia e posteriormente no Espírito Santo. Sua ação apostólica estendeu-se por muitos anos à região amazônica e prestaram inestimáveis serviços.

Os beneditinos tiveram sua primeira casa na capitania da Bahia 1584 e posteriormente fundaram uma no Rio de Janeiro 1586.

Os franciscanos edificaram o Convento de Nossa Senhora das Neves, 1585 em Pernambuco. Dedicaram-se a catequese dos índios e espalharam-se por várias localidades do país: Bahia 1587, Pernambuco 1588, Paraíba 1589 e Espírito Santo 1591. Em 1608, fundou o Convento de Santo Antonio, no Rio de Janeiro.

Constata-se dessa forma que religiosos pertencentes às outras ordens também contribuíram para disseminar a instrução no Brasil, porém os jesuítas foram os de maior contribuição, principalmente na integridade territorial e unidade religiosa.

2.3 Anos 600

Em 1602, ocorreu o primeiro ataque aos índios e aos jesuítas, causados pelas entradas e de Bandeirantes no Brasil, fazendo dos índios escravos. As lutas prosseguiam constantemente e muitas, porque os índios já sabiam a utilizar armas de fogo. A defesa dos índios pelos jesuítas provocou vários incidentes em muitas cidades.

Os jesuítas que constituíam a ordem religiosa, muitas vezes tinham que buscar refúgio em outras capitanias, devido às invasões e, com isso, as pessoas perdiam a vida. Foi nessa época que precisamente surgiu à carta Régia, decreto do rei de Portugal, a qual relatava os acontecimentos à província.

Os jesuítas saíram em defesa dos índios e consequentemente fizeram inimigos e em conseqüência desta perseguição aos índios houve vários transtornos aos alunos dos colégios, perdendo de freqüentar aulas ministradas pelos padres, por um longo

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