A Guerrilha Colombiana

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Os recursos naturais exportados pela Colômbia passaram a ser cada vez mais valorizados, e os camponeses começaram a perceber que estavam sendo explorados, pois seus patrões ganhavam muito dinheiro, enquanto suas remunerações eram baixas. Uma saída para esta situação foi a venda do café diretamente pelos pequenos agricultores a um preço menor (LUCERO, 2011, p. 55).

São dois os fatores associados ao surgimento do movimento revolucionário na Colômbia:

- A Guerra Fria, produzindo um enfretamento entre o mundo socialista como subprodutos de enfretamento global;

- A Revolução Cubana, que inspirou movimentos de esquerda, inclusive as FARC-EP.

O povo que morava no campo deu início a guerrilha das FARC, devido viver em extrema pobreza.

As Farc são o maior e mais antigo movimento guerrilheiro do mundo. Estão presentes em 24 dos 32 territórios colombianos, porém sua influência política vai além dessas fronteiras, estando também na Venezuela e no Equador. São consideradas o maior inimigo do Estado colombiano e possuem ligações externas com outros grupos revolucionários de cunho esquerdista, como o MST, no Brasil, e o ETA, na Espanha, e são reconhecidos por 33 países como facção terrorista, sendo que a maioria dos governos americanos não as qualifica desta maneira. O Brasil, com o governo Lula, também deixou de reconhecer esta organização como terrorista (INESC, 2002, p.33) (LUCERO, 2011, p. 56).

As FARC se definem como uma organização marxista-leninista, aplicando os fundamentos ideológico-político à realidade colombiana.

- DÉCADA DE 1970: PROCESSO DE MUDANÇA ESTRUTURAL E POLÍTICA DAS FARC

O movimento estabeleceu um projeto educativo, tendo como objetivo a formação ideológica apoiando o conceito de expansão da Colômbia, pautadas nos planos de desenvolvimento militar. As FARC se estruturam militarmente:

- Uma esquadra é composta por 12 homens;

- Duas esquadras são compostas por 24 homens, formando uma guerrilha;

- Duas guerrilhas são compostas por 48 homens, formando uma companhia;

- Duas companhias são compostas por 96 homens, formando uma coluna;

- Duas colunas são compostas por 192 homens, formando uma frente. Duas ou mais colunas formam uma frente.

Os Blocos de Frente surgiram após o avanço territorial.

- Um bloco de frente é composto por 5 ou mais frentes, totalizando 960 ou mais homens.

Os Blocos de frente são a estrutura militar abaixo do secretariado e do Estado Maior Central.

Essa linha de ação criou forças esclarecendo aos camponeses que a intenção do movimento era obter apoio no campo diminuindo a inferioridade das forças materiais sendo compensadas por uma superioridade crescente dos meios morais de acordo à uma ação que fosse descoberta. Essa operação se desenvolvia em dois planos:

- Plano material das forças militares;

- Plano moral de ação psicológica.

- EXPANSÃO DAS FARC–EP: DOMÍNIO TERRITORIAL E VITÓRIAS MILITARES

A década de 80 foi um período de transformações gradativas em relação ao conflito interno colombiano, que aumentou o poder de fogo da guerrilha. As mudanças estratégicas ocasionaram o domínio de outras regiões na Colômbia. Outro aspecto que contribuiu para a FARC em sua expansão foram seus negócios com o tráfico de entorpecentes que ajudou a fortalecer a economia dos mesmos e a guerrilha, ocasionando assim, a obtenção das armas para os combates. Os narcotraficantes queriam obter poder e domínio para expandir suas plantações e aumentar seu tráfico. Buscavam fontes para esse financiamento e para aumentar o movimento guerrilheiro.

[...] Começa então a ser formados diferentes tipos de grupos armados por toda a Colômbia em oposição à guerrilha. No fim de 1982, houve a primeira reunião entre pecuaristas, agricultores e comerciantes da região. “Cerca de 250 empresários organizaram-se para se defender dos ataques da guerrilha pautando suas ações e tentando legitimar-se por leis que anteriormente foram estabelecidas” (LEÓNGOMEZ, 2007:90). Em decorrência da incapacidade das Forças Armadas colombianas para aniquilar o movimento iniciado no Departamento de Marquetalia, o governo emite o decreto 3.398 oferece a base legal para a formação de grupos civis armados, isto é, das “autodefesas”, para auxiliar o exército contra a guerrilha, legitimando, dessa maneira, o poder paramilitar (CEARÁ, 2009, p. 213).

Podemos observar que devido ao grande crescimento das FARC, outros grupos armados começaram a se organizar para combaterem a guerrilha contra seus ataques, pois o exército colombiano não estava conseguindo impedir e desarticular a guerrilha que estava muito forte e bem estruturada.

- O ASSALTO À CASA VERDE

O estopim da crise ocorreu quando as forças do governo atacaram a “Casa Verde”, que é a sede do secretariado das FARC-EP. Esse ataque aconteceu no mesmo dia das eleições, aconteceu porque as relações entre o governo e a guerrilha já estavam deterioradas. O governo acreditava que teria atingido a guerrilha de forma letal e vislumbrava o golpe final da guerra de contra insurgência. Segundo o conselho de segurança, a decisão do assalto à Casa Verde não foi presidencial, nem política e sim militar. Depois desse assalto os confrontos aumentaram, ocorreu vários ataques terroristas. Os guerrilheiros intensificaram suas ações como resposta ao que consideraram “traição” pelo lado do governo que atacou durante um período de paz. Criaram-se Comandos Conjuntos e Comando Geral, destinados para uma nova fase ofensiva militar contra o Estado. “Para fins de 1998, havia mais de 500 prisioneiros em mãos da guerrilha, além do domínio de grandes áreas dentro do território colombiano”. (CEARÁ, 2009, p.215)

Para essa ofensiva, criaram-se respostas como a criação da Primeira Conferência Nacional de Autodefesas e três anos mais tarde a AUC (unificação de todos os grupos paramilitares), na intenção de não abandonar a luta e o compromisso de definir suas metas e planos em relação as guerrilhas, indicando que começaram a elaborar uma defensiva